quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

1962 - PREFEITURA DE SÃO PAULO RECEBIA SEU PRIMEIRO "CÉREBRO ELETRÔNICO"


O Estado de S. Paulo de 14 de setembro de 1962 dizia que estavam sendo concluídas as obras para a instalação do "cérebro eletrônico" adquirido pela Prefeitura de São Paulo,  e que seria utilizado para execução de serviços fazendários, principalmente controle de impostos. 

O computador, que era um IBM 1401 (foto abaixo), foi instalado em um pavilhão do Parque do Ibirapuera; mais tarde, em 1971, a estrutura da Prefeitura foi absorvida pela PRODAM - Cia de Processamento de Dados do Município de São Paulo, hoje denominada Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo, com sede no bairro da Água Branca.

Em post anterior, já falamos sobre essa máquina, que marcou época na história da computação.


domingo, 11 de fevereiro de 2018

HARLEY-DAVIDSON LANÇA MOTO ELÉTRICA

Os veículos elétricos parecem estar chegando para ficar: agora, a Harley-Davidson, uma das marcas de motos mais tradicionalistas do mundo, acaba de confirmar que pretende apresentar sua primeira moto elétrica feita em série no segundo semestre deste ano. A máquina, por ora, é chamada LiveWire.

O objetivo da Harley é atrair consumidores que não se identificam com seus produtos tradicionais, que os motociclistas não consideram adequados para o uso urbano, o contrário da LiveWire. É também uma tentativa de recuperar mercado, pois em 2017 suas vendas caíram 6,7% na comparação com 2016, o que fez a receita líquida da empresa ir de US$ 6 bilhões para US$ 5,6 bilhões.


A empresa  também informou que a nova moto será a primeira de uma linha de elétricas, que terá modelos de diferentes estilos. A LiveWire, cujo protótipo foi apresentado em 2014, tem um visual "naked" (sem carenagem) e pode chegar a 148 km/h.

A máquina oferece dois modos de condução: no primeiro, com potência disponível reduzida, pode rodar 100 km. No segundo, toda a potência fica disponível, mas a autonomia cai para 50 km. A recarga completa leva 3,5 horas em tomadas convencionais. 

A LiveWire pesa 208 kg, mas só o conjunto de baterias de íons de lítio pesa 113,5 kg. Por isso, a Harley teve de fazer um quadro todo de alumínio para aliviar a massa da moto. Como as baterias ficam na parte de baixo da máquina, o centro de gravidade ficou baixo e centralizado, o que proporciona à LiveWire bastante agilidade e estabilidade.


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

SERÁ QUE A KODAK ESTÁ RESSUSCITANDO?


A Kodak é um caso clássico de empresa gigante que não conseguiu acompanhar as mudanças tecnológicas; no caso a evolução da fotografia convencional para a digital. Isso fez com que ela deixasse de ser relevante: a empresa, que chegou a valer US$ 30 bilhões na década de 1970, declarou-se quebrada em 2012 – tudo isso apesar de praticamente ter inventado a fotografia digital, que por um erro estratégico não adotou, acabando por ser suplantada pelos concorrentes.


Isso quase acabou com uma empresa que tem suas origens na Eastman Dry Plate Company, fundada em 1881. Para sobreviver, a Kodak diminuiu de tamanho e arrecadou US$ 525 milhões vendendo patentes. Em 2013 a empresa passou a licenciar sua marca para terceiros.

Mas o jogo pode estar virando. A Kodak anunciou em janeiro o lançamento de um novo serviço baseado na tecnologia blockchain, o KODAKOne, com o qual fotógrafos poderiam registrar suas fotos e oferece-las ao mercado. As transações efetuadas seriam liquidadas através de uma criptomoeda própria, a KODAKCoin. Além disso, utilizando inteligência artificial, um robô seria capaz de varrer continuamente a internet e identificar uso indevido das imagens, coibindo-o rapidamente.

A responsável pelo KODAKOne e pelo lançamento da KODAKCoin é uma empresa chamada WENN Digital que apenas licenciou o uso do nome da Kodak. A empresa Kodak propriamente dita provavelmente não está envolvida diretamente com tudo isso, o que não impede seus acionistas de faturar alto com o anúncio.

Por anos as ações da Kodak perderam preço nas bolsas valores. No dia anterior ao anúncio das novidades, as ações da Kodak eram negociadas por US$ 3,10; no dia seguinte ao anúncio valiam mais de US$ 13. A partir daí o preço tem se mantido ao redor de US$ 10 - uma valorização muito significativa!

A existência de empresas especializadas em registro, comercialização e fiscalização de direitos sobre imagens é muito interessante, mas a criação da moeda para liquidação das transações parece ser uma medida desnecessária. Se tudo isso vai dar certo, o tempo dirá, mas a iniciativa mostra que a empresa segue no jogo e está atenta aos novos rumos tecnológicos.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

NA CHINA, MAIS UM PASSO RUMO AO BIG BROTHER: POLÍCIA USA ÓCULOS PARA RECONHECIMENTO FACIAL

Os policiais chineses usualmente não portam armas de fogo, mas estão se armando com o que há de mais recente em termos tecnológicos.

O jornal inglês Daily Mail noticiou que policiais começaram a testar novos óculos escuros com tecnologia de reconhecimento facial, que, em locais com grande circulação de pessoas, como estações de trem, pode identificar suspeitos. Os testes, que lembram os episódios da série de TV Black Mirror, estão acontecendo na cidade de Zhengzhou em meio à correria para a preparação das celebrações do Ano-Novo chinês, que se iniciará em 16 de fevereiro - essa é a época de maior movimentação e aglomeração de pessoas naquele país.


Até o momento, de acordo com o jornal local People's Day, sete suspeitos foram detidos por policiais que estão usando a tecnologia de reconhecimento facial em tempo real utilizada nos óculos. Além disso, a polícia identificou 26 pessoas que estavam portando identidades falsas - tudo isso seria muito difícil de fazer com o uso de tecnologia convencional, especialmente em grandes aglomerações, como a que ocorreu nessa época do ano passado em uma estação de Shangai (foto ao lado).

O sistema é parte dos esforços da China para criar uma grande plataforma de monitoramento de seus cidadãos, por meio de fotos e escaneamento de íris e de digitais, o que vai permitir que o governo possa manter o controle sobre a população - um verdadeiro Big Brother, só possível em países não democráticos como a China. 

Os óculos possuem uma câmera conectada a um smartphone, que permite que os policiais tirem fotos de suspeitos e possam compará-las com um banco de dados da polícia. O aplicativo mostra nas lentes do acessório informações sobre os suspeitos, incluindo nome, etnia, gênero e endereço. Os policiais também tem acesso a informações sobre o histórico de acesso a internet.

Além do governo, as tecnologias de reconhecimento facial estão sendo usadas na China por uma variedade de empresas, de academias de ginástica a bancos. Até mesmo a China Southern Airlines começará este ano a usar a tecnologia no lugar do cartão de embarque.

Tudo isso é visto com preocupação por entidades de defesa da privacidade, já que há um grande potencial de abuso por parte do poder público e de empresas.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

BLOCKCHAIN: MUITO ALÉM DO BITCOIN


O jornalista Celso Ming escreve regularmente para O Estado de S. Paulo. Em 5 de fevereiro falou sobre dois temas muito comentados na atualidade: bitcoin e blockchain - foi um dos melhores textos sobre esses temas que temos visto na imprensa: muito claro, leva ao público leigo o que é blockchain e quais os impactos que essa tecnologia pode trazer à nossa vida diária. 

Ming começa dizendo que muitas vezes, as descobertas são mais importantes do que à primeira vista podem parecer. Quando, por exemplo, o homem primitivo tirou pela primeira vez o som de uma cabaça que
Muitos seguem encantados com o Bitcoin e sua rentabilidade impressionante, mas a grande revolução está por vir
depois virou tambor, deve ter-se fascinado com o efeito sonoro e ficou nisso. Mas aos poucos foi entendendo que aquilo servia para muita coisa mais: para mandar mensagens a distância, para marcar passos de dança, para afastar maus espíritos, para coordenar a ação dos guerreiros.

Assim também o Bitcoin. Por enquanto as pessoas parecem mais impressionadas com a enorme rentabilidade (38.975% em 5 anos) dessa que é a mais conhecida moeda eletrônica e se perguntam até onde vai isso - talvez (muitos acreditam nisso) o Bitcoin seja uma bolha. Mas talvez (acreditamos que com certeza) tenham prestado menos atenção à revolução que já começou com a estrutura de informática que a possibilita.

Trata-se do blockchain, que é uma enorme cadeia de registros em computador que cataloga, autentica e possibilita transferências de valores sem intermediários, de uma maneira quase inteiramente imune a fraudes (ao menos por enquanto...). Essa estrutura começou a lidar com criptomoedas. O bitcoin foi apenas a primeira. Mas já há 1,5 mil, conforme se pode conferir pelo site Coin Market Cap, que acompanha esse segmento.

Ocorre que o blockchain comporta o manejo de uma variável infinita de novos ativos. Além de criptomoedas, pode trabalhar com operações bancárias, ouro, lingotes de metal, petróleo, ações, cotas de capital, sacas de soja, arrobas de boi em pé, tênis colecionáveis (como já acontece nos Estados Unidos) e até com coisas “imateriais”, como milhagens aéreas e horas de um grande escritório de advocacia. Cada diamante, cada obra de arte ou cada cabeça de gado pode ser identificado, classificado e rastreado. Há quem já pense em usá-lo na leitura de análises clínicas e na elaboração de diagnósticos médicos. Vários bancos em todo o mundo já o empregam para integrar seus sistemas. No Brasil, o primeiro teste formal foi feito em abril de 2017 por um grupo de trabalho da federação dos bancos, a Febraban. Recentemente, falamos à alguns órgãos da imprensa a respeito da utilização dessa tecnologia no processo de renascimento da Kodak.

Abrem-se com ele grandes oportunidades de negócios. Você quer comprar um imóvel? Consulte o blockchain e feche aí o negócio, sem precisar de corretores que garfam de 5% a 8% do valor do imóvel. Mas também grande número de atividades centenárias pode desaparecer. Os cartórios, por exemplo.

Por enquanto, as autoridades parecem mais preocupadas com o que se pode fazer de mal com essa novidade, como esconder operações de lavagem de dinheiro, sonegação e coisas desse tipo. Não chega a ser novidade. Quando o homem primitivo lascou algumas pedras e inventou a faca, logo viu que era instrumento que podia servir para o bem e para o mal, como esse blockchain.

Outra preocupação de bancos centrais, tesouros nacionais e agências reguladoras do mercado financeiro é a de que, pelo seu uso descentralizado, esse sistema tem potencial para quebrar monopólios de Estado e produzir evasão de arrecadação.

Poderia impossibilitar, por exemplo, a cobrança de impostos em transações operadas pelo blockchain. E, se as criptomoedas emplacarem, os Estados ou mais particularmente os bancos centrais, que hoje emitem as moedas convencionais, perderão a renda que os economistas chamam senhoriagem. Explicando melhor: quando emitem moedas, os bancos centrais não despejam papel moeda, como um saco de penas de galinha da torre de uma igreja. Com essas emissões, eles pagam despesas do governo: funcionários públicos, fornecedores e prestadores de serviços. Se perderem o monopólio da emissão de moeda, essa vantagem se desvanecerá.

Parece difícil impor controles nacionais sobre o blockchain. São operações que, por sua natureza, são transfronteiriças. Se eventualmente as autoridades conseguissem rastrear operações do blockchain, outros sistemas, até mais aperfeiçoados do que este, poderão aparecer.

Atenta a isso, a Comissão Europeia repetiu o movimento que já havia tomado em relação ao bitcoin e deu início, na última quinta-feira, a um observatório e um fórum para acompanhar todas as novidades que envolvem o blockchain; o governo chinês também acompanha o assunto com atenção. No texto de anúncio, a Comissão defende que a Europa aproveite as novas oportunidades e assuma posição de liderança no uso da tecnologia. Alguns (doidos, vigaristas, incompetentes?) como o governo venezuelanos veem a criação de sua própria criptomoeda, o Petro, como forma de reerguer seu país arruinado.

Enfim, estamos diante de uma novidade cuja amplitude ainda está para ser conhecida. E não será como foi a pólvora, usada durante séculos apenas para fogos de artifício e, só no século XV passou a ser usada em  armas de fogo e servir como instrumento de poder. Hoje, as grandes invenções se espalham rapidamente. E também podem ter pouca duração ou utilização apenas residual, como a máquina de escrever, os mimeógrafos e os discos de vinil.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

LIXO ELETRÔNICO (E-WASTE): UM PROBLEMA DE TODOS

O meio ambiente vem sendo agredido cada vez mais violentamente pelo e-waste; estima-se que  em 2017, cerca de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico (computadores, baterias, celulares etc.) foram descartados, quase sempre de maneira impropria.
O mais espantoso é o ritmo do aumento: de 2015 para 2017 houve um aumento de 20% no lixo eletrônico. O destino de todo esse material tóxico e danoso são países do terceiro mundo, em especial cidades da China, Índia e de alguns países da Africa. 
Na Índia, 25 mil trabalhadores, boa parte crianças, são empregados em áreas de tratamento de sucata em Nova Delhi, por exemplo. Em  Guiyu, cidade chinesa, estima-se que 80% das crianças sofrem de algum tipo de doença respiratória por causa do ar contaminado vindo de áreas de reciclagem ou lixões a céu aberto. Em Accra, Ghana, a contaminação ambiental é predominantemente causada pela queima do revestimento plástico de fios de cobre. 
A fumaça liberada destes plásticos e metais utilizados nos componentes eletrônicos é altamente tóxica e cancerígena - a Organização Mundial de Saúde afirma que metais pesados, como chumbo e cádmio, presentes em componentes eletrônicos, mesmo em níveis baixos, podem ameaçar o desenvolvimento infantil e causar danos neurológicos.
Governos e ONGs têm se mobilizado para regularizar processos de reciclagem, mas isto não é suficiente. Nas últimas décadas, para seduzir consumidores a trocar (e consequentemente descartar) seus equipamentos, práticas de marketing agressivas e uso de técnicas  de obsolescência planejada são usadas de forma descarada. 
Dado esse cenário, não há outra solução para os produtos descartados senão a adoção  "Logística Reversa", a qual lida com o caminho inverso, isto é, do produto que está nas mãos dos consumidores até sua volta ao fabricante para reaproveitamento de partes ou descarte adequado
Reciclar eletrônicos é coisa de especialistas, pelo que os fabricantes devem assumir suas responsabilidades (e uma posição de liderança) na solução desse problema, como já faz, por exemplo, a indústria de pneus. 
Isso deve ser feito tomando-se providências como  investir  na construção de estruturas próprias de reciclagem; implantar pontos de coleta de produtos usados em cada um de seus pontos de venda e reciclar seus produtos reutilizando materiais de forma sustentável.
Isso ocorre de maneira muito tímida: recentemente demorei cerca de um mês para conseguir descartar adequadamente um e-reader; algumas empresas já fazem isso também de forma muito tímida como pode ser visto aqui
É um problema que não pode esperar para ser resolvido.



quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

1983: COMPUTAÇÃO ERA UM DOS CURSOS MAIS PROCURADOS NA FUVEST


No final de 1983 a Fuvest divulgou informações acerca dos cursos mais procurados em seu vestibular daquele ano. Computação ficou em sexto lugar, com 7.729 candidatos concorrendo aos cursos oferecidos pela Unicamp, USP   e S. Carlos.


O curso mais procurado era o da USP em S. Paulo, com 3.954 candidatos inscritos que apresentaram como primeira opção uma das 36 vagas oferecidas - na época, os candidatos podiam concorrer a diversos cursos.  

O Prof. Moyses Szajnbok, coordenador da Fuvest à época,  acreditava que "com a presença cada vez maior da informática na imprensa e nas vitrines das lojas", era natural que os estudantes considerassem essa como uma boa opção de carreira; era a época em que os microcomputadores estavam chegando às empresas e as pessoas comuns passavam a ter seus primeiros contatos com eles - a imprensa inclusive já propunha que crianças recebessem computadores como presente de Natal, como se vê na manchete abaixo.


O detalhe é que as máquinas oferecidas em nosso mercado eram "compatíveis" (ou seja, simples cópia) com os Sinclair - por essa razão a palavra "Sinclair" está entre aspas... 

Essas cópias, quase todas montadas no Brasil com peças contrabandeadas, eram oferecidas em anúncios como os que estão abaixo. Para se ter ideia dos preços, a máquina mais cara constante do anúncio custava cerca de 10 salários mínimos da época.  Vejam que já tivemos até mesmo um micro chamado Ringo que era "fabricado" aqui!!!















domingo, 28 de janeiro de 2018

ZUNDAPP JANUS - TECNOLOGIA QUE FELIZMENTE DUROU POUCO


A Zundapp foi fundada em Nuremberg, Alemanha, no ano de 1917. A empresa produzia detonadores, utilizadas pelas forças armadas alemã durante a 1ª Guerra Mundial. Era produto da associação do empreendedor Fritz Neumeyer com o grupo Krupp - a palavra Zundapp vem da junção de  "Zünder und Apparatebau" que significa algo como "aparelho detonador". 

Terminada a guerra, a empresa voltou a pertencer apenas a Neumeyer, que resolveu dedicar-se à produção de motocicletas, até 1984, quando faliu e viu sua marca ser cedida a um grupo chinês. Foram celebres suas motos com sidecar usadas pelos alemães na 2ª Guerra Mundial.

Antes de quebrar a Zundapp tentou se reerguer fabricando diversos produtos, como máquinas de costura e scooters - mas é de um de seus piores produtos que trataremos neste post: o automóvel Janus.

Produzido sob licença da Dornier, que projetara o carro, O Janus tinha duas portas, uma que dava acesso ao banco dianteiro e outra ao traseiro, com as duas abrindo de forma nada convencional, para a frente; os passageiros do banco traseiro, viajavam olhando para trás... O nome vinha do deus  Janus, que era representado pelos romanos com duas faces, uma olhando o passado e outra o futuro. 

A máquina começou a ser produzida em junho de 1957 e tinha um motor com um cilindro de 245 cc. (mais ou menos um quarto dos que equipam nossos carros "mil"); esse motor gerava 14 hp, que em tese (e apenas em tese) poderiam levar o carro a 80 kmh. O motor era central e muito leve, o que fazia que o centro de gravidade do Janus variasse de acordo com o número de passageiros transportado, o que mesmo a baixas velocidades tornava-o um veículo perigoso. 

Em meados de 1958, após vender apenas 6.902  unidades, a Zundapp abandonou o projeto e vendeu as instalações à Bosch. 

 

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O DRONE ENLOUQUECIDO: TECNOLOGIA PODE FALHAR

Um drone Hellcat
Nesses tempos em que o uso de drones cresce exponencialmente, vale a pena relembrar um fato ocorrido em 1956 e que por pouco não se transforma em tragédia.  

Já naquela época, os americanos vinham usando aviões antigos, controlados remotamente, para servirem de alvo em treinamentos.

Em 16 de agosto daquele ano, um avião Grumman F6F-5K Hellcat, tecnologia da época da 2ª Guerra Mundial, transformado em drone, decolou de uma pista próxima a Los Angeles; a ideia era que o avião voasse sobre o Pacífico onde serviria de alvo para canhões e foguetes de navios da marinha.

Mas o Hellcat, pintado de vermelho brilhante para evitar erros dos artilheiros, tinha outras ideias: escapou do controle de seus operadores e passou a voar em direção a Los Angeles. 

Em linguagem militar, "tocou terror": o drone poderia cair em área povoada e causar uma tragédia. Para abater o Hellcat, foi despachado o que havia de mais recente em termos de tecnologia de caça: dois F-89D Scorpion, cada um armado com 104 mísseis guiados por computador. 

O drone seguia uma  rota aleatória: voou sobre Los Angeles e sobre outra grande cidade próxima, Santa Clara; os pilotos dos Scorpions precisavam esperar que ele voasse sobre uma zona deserta ou sobre o mar para abate-lo sem causar danos às pessoas no solo.

Finalmente tiveram uma chance: tentaram disparar os mísseis usando os computadores e... nada - o sistema não funcionou! Passaram então a dispara-los usando um sistema manual,  mas algum gênio havia decidido que computadores eram o futuro e não seria preciso equipar o F-89D com um sistema de mira convencional. O jeito era apontar o avião para o alvo, puxar o gatilho manual e rezar para acertar. Não adiantou; os pilotos  dispararam todos os 208 mísseis, não acertaram nenhum e o Hellcat seguia voando. 

Próximo do aeroporto de Palmdale, o combustível do drone acabou e ele caiu em uma área deserta.  O Hellcat não causou nenhum dano, mas com os 208 mísseis a história foi outra: provocaram um incêndio florestal que precisou de dois dias e 500 bombeiros para ser extinto. Destruiriam também  depósitos de combustível, danificarem casas e automóveis e destruíram um caminhão. Felizmente ninguém morreu ou ficou ferido seriamente.

Para a Força Aérea, foi um mega vexame: dois caças de última geração não conseguiram destruir um avião antigo, ainda movido a hélice. 

Mas os americanos vinham pesquisando drones há muito tempo, tendo começado com um grande fracasso, como pode ser visto aqui; na atualidade, jatos são utilizados dessa forma, como podemos ver neste post.



segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

TECNOLOGIA NÃO É SÓ COISA DE ADULTOS

Segundo o canal  CNN Money, o americano Taylor Rosenthal, de 14 anos, rejeitou uma proposta de US$ 30 milhões (cerca de R$ 108 milhões) para vender sua ideia de startup: uma máquina de venda automática de produtos para primeiros socorros.

Conhecido como o CEO mais novo dos Estados Unidos, ele afirma que só poderia considerar uma oferta acima de US$ 50 milhões. A visão do jovem empreendedor  parece não ser nenhuma ilusão, visto que sua ideia já recebeu investimentos totais de US$ 100 mil.
Sua empresa RecMed surgiu em 2015 durante um projeto para o colégio. Ao perceber a dificuldade que tinha em encontrar curativos quando se machucava jogando beisebol, o garoto imaginou que seria uma boa ideia oferecer produtos farmacêuticos simples em máquinas parecidas com as de refrigerante, como a da foto acima.
O conceito da RecMed fica ainda mais claro em um vídeo estrelado pelo próprio Rosenthal. Utilizando como exemplo um parque de diversões, ele explica que muitas crianças acabam se machucando ou passando mal durante o passeio. Desse jeito, em vez de os pais perderem o precioso tempo atravessando o parque para chegar à enfermaria, bastaria visitar uma máquina da RecMed para conseguir um curativo ou remédio para enjoos - alguns dos produtos contidos na máquina estão na foto ao lado.
Cada máquina da RecMed é vendida por US$ 5,5 mil. Há informações de que a maior rede de parques temáticos do mundo, a Six Flags, recentemente fechou um pedido de 100 máquinas, totalizando o valor de US$ 550 mil (quase R$ 2 milhões).

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

EM 1983 MOUSE E TOUCHSCREEN ERAM NOVIDADES




Hoje em dia, é difícil conseguir pensar em computadores sem mouses e tablets e smartphones sem touchscreen. Mas nem sempre foi assim. 

Em outubro de 1983, a imprensa noticiava o lançamento do HP-150, que era baseado no microprocessador Intel 8088. Não era compatível com IBM PC, embora fosse possível utiliza-lo com o MS-DOS. A CPU 8088, de 8 MHz, era mais rápida que a de 4,77 MHz da época utilizada nos IBM PC.

O HP-150 tinha como opcionais dois drives de disquetes de 3 1/2 polegadas - os primeiros comercializados nos Estados Unidos. Não era propriamente touchscreen como entendemos hoje, mas tinha uma tela CRT de 9" da Sony, que era envolta em emissores de raios infravermelhos que detetavam na tela a posição de qualquer objeto não transparente. As telas CRT (Cathode Ray Tube) eram utilizadas nos antigos aparelhos de TV e computadores, e que foram substituídas pelas telas de cristal líquido.

A matéria fazia menção a "um dispositivo extra-teclado inventado pela Xerox e batizado de mouse", que era utilizado pelo computador Lisa, da Apple, que fora lançado em janeiro daquele ano.

Parece que foi a mais de um século...  

domingo, 14 de janeiro de 2018

VALE A PENA PAGAR US$ 16 MIL POR UMA MÁQUINA CAPAZ DE DOBRAR E ORGANIZAR SUAS ROUPAS?

Tirando algumas raras exceções, ninguém gosta muito de ter que dobrar e organizar as roupas depois de lava-as. Mas o Laundroid, um robô  mostrado na CES 2018, mostra que é possível executar esse trabalho usando inteligência artificial. Vale lembrar que a CES- Consumer Electronics Show é a maior feita do gênero em todo o mundo e foi aberta em 9 passado em Las Vegas; em edições anteriores foram lançados no evento, entre outros,   o videocassete (1970),  o Pong (1975),  o Nintendinho (1985),  o Xbox (2001) e o Blu-ray (2004). 

A descrição do Laundroid dada pelo site The Verge chega a ser cômica pelo nível de complicação envolvido em uma tarefa que os humanos conseguem cumprir sem grandes problemas: “a máquina usa múltiplos braços robóticos para pegar roupas, que são escaneadas por câmeras. O equipamento é conectado à rede Wi-Fi, com a qual ele pode se conectar a um servidor para usar inteligência artificial para analisar o objeto, utilizando uma rede neural composta de 256 mil imagens de diferentes roupas. Os braços robóticos então determinam a melhor forma de manusear a peça, como ela deve ser segurada e como deve ser dobrada. Em cerca de duas horas será possível  terminar de dobrar uma carga de roupas, já que uma única camiseta leva entre 5 e 10 minutos para ser dobrada”. 

Evidentemente, a máquina exibida  ainda está em fase de protótipo,  ela ainda não é capaz de funcionar com qualquer peça de roupa. Segundo a publicação, a Laundroid foi capaz de dobrar adequadamente uma série de peças com cores fortes, mas não foi capaz de reconhecer uma camiseta de cor mais neutra, como um cinza escuro, que acabou não sendo dobrada.

A ideia da Laundroid é ir um pouco além de apenas dobrar. Com as técnicas de inteligência artificial, a máquina é capaz de reconhecer e catalogar cada uma das peças de roupas que está dobrando coletando informações como tipo de roupa, tamanho, cores, que permite organizar as peças de diversas formas e categorizá-las, por exemplo, por membros de uma família. É como um organizador de guarda-roupas automático.

Exagero ou não, o fato é que a Laundroid ainda é para poucos. A máquina que dobra e organiza roupas de forma automática custa US$ 16 mil, de forma que provavelmente ainda vale mais a pena fazer esse trabalho manualmente, ou contratar alguém para faze-lo

Esta é a segunda geração da máquina - aqui temos um vídeo que mostra-a em operação.

De qualquer forma, é um exemplo de até onde a robótica e a inteligência artificial podem vir a nos ajudar. 

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

DATA CENTERS DO GOOGLE: APENAS ENERGIA SOLAR E EÓLICA


A Google anunciou recentemente que todos os seus data centers estão funcionando apenas  com energia solar ou eólica. 

Esse tema, o consumo de energia por computadores, é pouco conhecido do público em geral, apesar de sua importância: na atualidade, apenas as atividades de mineração de bitcoins consomem mais energia do que toda a Sérvia, por exemplo - o impacto do consumo de energia para processamento de dados sobre o meio ambiente é imenso, quer pelos efeitos gerados pelo uso de combustíveis fósseis para geração de eletricidade, quer pelo calor gerado pelos computadores, que precisam ser constantemente refrigerados, também consumindo eletricidade. 

Vale lembrar que boa parte da energia elétrica utilizada no mundo vem da queima de petróleo e carvão, atividade altamente poluidora, que consome recursos finitos.

Mas a empresa não foi para as energias renováveis apenas por preocupações com o ambiente: um dos principais motivos para que a Google optasse pelo uso das mesmas é a redução dos custos de energia, que fica entre  60% e 80%, dependendo da localização dos data centers.



segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

FALTA DE MÃO DE OBRA BEM FORMADA EM COMPUTAÇÃO: PROBLEMA ANTIGO


A Folha de S. Paulo de 6 de abril de 1983 já tratava de um problema que persiste: a falta de profissionais de TI; segundo o jornal, em 1988 faltariam 20 mil em nosso país. 

De lá para cá, o problema só se agravou: segundo a Softex, esse déficit será de 400 mil em 2022.   

Mas ao mesmo tempo em que acenava com um futuro garantido para as pessoas que pretendiam entrar na área, o jornal alertava para a qualidade dos cursos, falando que alguns deles eram "picaretagem", chegando a prometer ensinar BASIC (a linguagem mais popular na época para máquinas de pequeno porte) em 20 horas.

Esse problema também persiste: vamos inúmeras instituições de ensino apresentando cursos de nível baixíssimo; empresas com que trabalhamos preocupam-se seriamente com o assunto. 

É um tema acerca do qual devemos alertar os jovens que pretendem vir para nossa área. 

O jornal também falava da necessidade de vocação para a área, afirmando que "computador é profissão do tipo ame-a ou deixe-a" - isso é muito verdadeiro!!!

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

SPUTNIK - UMA REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA


Há exatamente 60 anos, em 4 de janeiro de 1958, reentrando na atmosfera, destruiu-se, conforme programado, o  Sputnik 1, que foi o primeiro satélite artificial da Terra. Ele foi lançado pela União Soviética em 4 de outubro de 1957, tendo partido do hoje chamado  Cosmódromo de Baikonur, instalação de onde a Russia lança suas missões espaciais.

Seu lançamento causou imensa repercussão em todo o mundo, especialmente nos Estados Unidos, que temiam ficar atras dos soviéticos em áreas de interesse militar. A palavra Sputnik, em russo, era grafada "Спутник" e significava simplesmente "satélite".   

O Sputnik 1, era uma esfera de metal polido, com quatro antenas e  diâmetro de aproximadamente 58,5 cm; pesava 83,6 kg. Foi lançado para gerar conhecimentos que tornaram possíveis as missões espaciais tripuladas. A função básica do satélite era transmitir um sinal de rádio, um "bip", que podia ser sintonizado por qualquer radioamador nas frequências entre 20,005 e 40,002 MHz; esses sinais foram emitidos continuamente durante 22 dias até 26 de outubro de 1957, quando as baterias do transmissor se esgotaram esgotaram.

Aqui se pode encontrar uma interessante animação sobre a missão Sputnik. 



quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

TECNOLOGIA DISRUPTIVA: ELEVADORES MAGNÉTICOS


Uma das maiores fabricantes de elevadores do mundo está acelerando os testes do primeiro sistema a funcionar sem cabos. O elevador futurista da Thyssenkrupp desafia um design básico que praticamente não mudou durante séculos: ao invés de usar cabos e roldanas, ele se move pelo poço com a ajuda de ímãs - a ilustração ao lado dá uma ideia de como a máquina funcionará.

Chamado Multi, o elevador com levitação magnética, cujo primeiro uso comercial está programado para 2020 em um edifício de Berlim, colocará a empresa alemã de engenharia um passo à frente das rivais Otis, Kone e Schindler Holdings. A Thyssenkrupp, quarta maior do mundo em vendas de elevadores, aposta que o Multi lhe trará vantagens nos próximos anos, quando o mercado – estimado em 60 bilhões de euros (US$ 71 bilhões) – deverá crescer  devido à demanda por edifícios altos em centros urbanos densamente povoados.

“Hoje, a principal vantagem da Thyssenkrupp é ser a primeira nesse campo”, disse David Varga, analista do Bankhaus Metzler que recomenda comprar ações da empresa. O desenvolvimento de uma tecnologia nova no mínimo ajudará a empresa a manter participação de mercado em um setor onde obter uma vantagem grande em relação aos rivais é “muito difícil”.

A divisão de elevadores da Thyssenkrupp começou como uma atividade paralela para a companhia controladora, a maior usina de aço da Alemanha. Nos últimos seis anos, em meio ao excesso global de aço, que derrubou os preços, e a uma fusão planejada com a rival indiana Tata Steel, a unidade se transformou em uma mina de ouro que dá mais lucro do que as outras divisões da empresa.


Ao contrário dos sistemas de design tradicional, o Multi tornará o transporte de pessoas dentro de edifícios mais eficiente, segundo a Thyssenkrupp, que produziu o vídeo acima. Por exemplo, o mesmo poço pode ser usado por mais de uma cabine que se move para cima e para baixo ou para os lados para deixar outra cabine passar, como mostra a ilustração no início deste post. Essa flexibilidade daria mais liberdade aos arquitetos e poderia mudar o horizonte das cidades.

“A liberdade é recuperada – não é preciso usar o poço do elevador como um elemento fundamental do design para conceber os prédios em volta dele", disse Andreas Schierenbeck, CEO da divisão, em entrevista na sede da empresa, em Essen. Os novos elevadores poderiam ser instalados do lado de fora dos edifícios ou mover-se horizontalmente entre o estacionamento e a portaria, disse ele.

Embora o mercado chinês, fundamental para a empresa, esteja desacelerando devido ao enfraquecimento da incorporação imobiliária e à concorrência mais acirrada, Schierenbeck projeta que a demanda crescerá nas próximas décadas, quando centenas de milhões de chineses se mudarem para as cidades.