quarta-feira, 21 de julho de 2021

FALHAS DE SISTEMAS PODEM GERAR TRAGÉDIAS



O primeiro erro em sistemas de computador que teve grande repercussão aconteceu em 1962, quando o foguete que conduzia a sonda Mariner I, que se destinava à exploração de Vênus, foi destruído logo após o lançamento. Ao que consta, a falta de um hífen em um programa que fazia parte do software que controlava o foguete, fez com que esse se descontrolasse e precisasse ser destruído.

Há registro de tragédias geradas por erros de software, com perdas de vidas. Diz-se que as recentes quedas de dois Boeing 737 MAX, que mataram 648 pessoas, tiveram erros de software como uma de suas causas.

Agora, um erro banal quase causa outra tragédia: um voo do Reino Unido para a Espanha decolou com mais de uma tonelada de peso além do que fora informado aos tripulantes, depois que uma falha de software classificou como crianças as passageiras   referidas como “Miss”. Havia 38 mulheres nessa situação, e o sistema que gerou as informações passadas aos pilotos atribuiu a elas um peso médio de 35 quilos, contra os 69 que deveria ter considerado.

A informação sobre o peso dos passageiros é importante para que seja definida a potência a ser aplicada às turbinas; se informado a menor, pode ser que o avião chegue ao final da pista sem conseguir sair do chão e sem mais espaço para frear; isso, no caso, não aconteceu porque os pilotos, por cautela, resolveram aplicar mais potência do que a calculada com base nas informações que receberam.

O erro, classificado como um "incidente sério" pelo Departamento de Investigação de Acidentes Aéreos do Reino Unido, aconteceu em um voo da TUI Airways, empresa britânica tida como a maior operadora de voos charter do mundo.

Segundo a companhia informou, seus sistemas foram atualizados por uma empresa terceirizada de um país (não identificado), onde a expressão “Miss” é utilizada para crianças do sexo feminino, e “Ms” para mulheres adultas, tendo os desenvolvedores usado essa informação para que o aplicativo, ao detectar a presença de passageiras com o qualificativo ‘Miss”, atribuísse a elas o peso definido como padrão para crianças.   O erro afetou mais dois voos da mesma operadora naquele mesmo dia, felizmente sem causar maiores problemas, antes de ser corrigido.

A globalização traz benefícios, mas também muitos riscos, quando não se atenta para diferenças culturais, especialmente peculiaridades do idioma; aliás, esse é um grande problema encontrado quando se trata de reconhecimento de voz em inteligência artificial.

domingo, 18 de julho de 2021

HONG KONG E O DOXXING: MAIS PROBLEMAS PARA AS BIG TECHS



A expressão “doxxing” designa a ação de tornar públicas na Internet, sem autorização, informações pessoais de alguém.

O governo de Hong Kong pretende alterar a legislação acerca do doxxing, que passaria a prever sanções extremamente pesadas àqueles que o praticarem, incluindo empresas cujos serviços contribuírem para a disseminação dessas informações.

Há alguns dias, a Asia Internet Coalition, organização baseada em Cingapura, que reúne empresas como Apple, Facebook, Google e Twitter e que tem como objetivo fazer lobby junto a governos para atendimento aos interesses de seus membros, tornou pública uma carta enviada ao governo de Hong Kong na qual afirmava que seus associados, apesar de compreenderem as preocupações daquele governo, poderiam vir a deixar de operar em Hong Kong por temerem tornarem-se criminalmente responsáveis ​​por publicações feitas por seus usuários.

Em resposta à carta, o governo contestou as preocupações da coalizão, dizendo que a legislação proposta visa apenas combater abusos, sendo fortemente apoiada pela população. Disse também que pretende se reunir em breve com os membros da coalizão para entender melhor seus pontos de vista.

É mais uma dificuldade que as big techs vem enfrentando no terreno da manutenção da privacidade dos usuários de seus serviços.