sexta-feira, 28 de abril de 2023

Inteligência artificial pode detectar câncer de pulmão mais cedo

A detecção precoce do câncer é crucial para aumentar as taxas de sobrevivência dos pacientes e prevenir a metástase, sua disseminação pelo corpo.

Pesquisadores do Mass General Cancer Center e do Massachusetts Institute of Technology desenvolveram uma ferramenta de inteligência artificial chamada Sybil que pode detectar sinais de câncer de pulmão anos antes de um médico conseguir fazê-lo, melhorando drasticamente as chances de os pacientes serem curados.

A partir de uma tomografia computadorizada, Sybil analisa a imagem dos pulmões do paciente, procurando alterações tão pequenas que um ser humano não seria capaz de identificá-las e, em seguida, usa o resultado de suas observações para avaliar se é provável que o paciente desenvolva câncer de pulmão nos próximos seis anos. Analisando tomografias de milhares de voluntários, a taxa de precisão de Sybil variou entre 75% e 94%, dependendo de onde vieram as imagens – pessoas negras são mais suscetíveis a essa doença.

Em função da posição dos pulmões no corpo, eles não podem ser vistos ou sentidos com facilidade, o que faz com que os métodos convencionais de detecção precoce sejam menos eficazes no câncer de pulmão do que em outros tipos. 

A única maneira eficiente de observar os pulmões é por meio da tomografia computadorizada, mas às vezes - como mostra Sybil - os sinais mais importantes são muito pequenos ou sutis para serem captados a olho nu. Isso significa que em muitos casos o câncer de pulmão não é detectado até que o paciente apresente sintomas como chiado, dor no peito ou falta de ar. Neste ponto, o câncer é muito mais difícil de tratar.

Sybil é promissora como uma ferramenta para salvar vidas. Se a Food and Drug Administration (FDA) americana aprovar seu uso clínico, os médicos poderão detectar sinais de câncer de pulmão com antecedência suficiente para iniciar tratamento com menos efeitos colaterais adversos e expectativa de resultados mais positivos.

No meio de tantas notícias ameaçadoras envolvendo o uso de inteligência artificial, pode-se ver que existem situações em que seu desenvolvimento pode ser muito importante. 

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Virgínia Norwood – um nome a ser lembrado

Em tempos em que nossa grande imprensa (jornal O Estado de S. Paulo) noticia a crise de choro de uma influenciadora, motivada pelo sumiço de seu pato de estimação, talvez valha a pena falar ao nosso leitor sobre uma mulher realmente importante, Virgínia Norwood.

Pioneira da indústria aeroespacial, foi a criadora do programa de satélites Landsat, que monitora a superfície da Terra; ela faleceu há algumas semanas, aos 96 anos.

Apesar de sua formação acadêmica primorosa, graduada pelo MIT, teve dificuldade
para conseguir emprego, em tempos em que mulheres não eram aceitas em empresas voltadas à tecnologia – uma dessas empresas, para contrata-la, exigia que Virgínia formalizasse o compromisso de não engravidar enquanto trabalhasse para a mesma.

Só conseguiu emprego cerca de um ano após ter se graduado, passando a trabalhar para o US Army Signal Corps Laboratories, onde projetou um refletor de radar para balões meteorológicos e atuou em um projeto visando o desenvolvimento de antenas de micro-ondas.

Após cinco anos de trabalho para o Signal Corps, foi para a Hughes Aircraft Company, onde atuou durante 36 anos em diversas áreas, tendo ali desenvolvido seu maior projeto, o Landsat, que visava atender a necessidades de órgãos do governo americano, que no final dos anos 1960 queriam fazer fotos da superfície da Terra a partir do espaço, para ajudar a gerenciar recursos naturais.

Trabalhando em parceria com a NASA, Virgínia ouviu especialistas em agricultura, meteorologia e geologia para desenvolver ferramentas que poderiam atender às necessidades especificadas pelo governo.

Depois de muito trabalho do time liderado por ela, o primeiro satélite Landsat foi lançado em 23 de julho de 1972. Dois dias depois, chegavam à Terra as primeiras imagens captadas, com qualidade que superou todas as expectativas.

O Landsat rapidamente provou ser o melhor método para o levantamento da superfície da Terra, superando outros projetos similares que vinham sendo desenvolvidos. Virgínia continuou a melhorar o sistema, liderando o desenvolvimento de novas versões do satélite – atualmente está em operação o Landsat 9, lançado em 2021.

Ela ficou na Hughes até se aposentar, tendo, além do Landsat, trabalhado em diversos outros projetos, que lhe renderam diversos prêmios.

Mulheres como essa devem ser lembradas e honradas, ao contrário de influenciadoras que choram pela perda de um pato...

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Caças chineses podem ser transformados em drones

A China tem cerca de 400 caças J-7 Chengdu,
que devem ser retirados de serviço neste ano. O J-7 é uma cópia do Mig-21 soviético, e durante muito tempo foi a espinha dorsal da aviação de caça do país.

No início dos anos 1960, os soviéticos equiparam a China com o Mig-21, mas suspenderam o fornecimento dos mesmos em meados daquela década, quando as relações entre os países passaram a deteriorar-se.

Como é praxe, os chineses aplicaram a técnica de engenharia reversa – em termos práticos, pirataria – e lançaram os J-7 em 1966, que começaram a ser retirados de serviço em 2018.

Cerca de 2.400 deles foram produzidos até 2013; no entanto eram notórios os problemas do avião, desde defeitos constantes de fabricação até pouca capacidade de combustível, que lhes dava baixa autonomia. Além disso, o J-7 era fracamente armado e seus assentos ejetáveis falhavam constantemente.

Apesar de todos esses problemas, o J-7 foi exportado para países que procuravam caças baratos, como Albânia, Egito, Irã, Iraque Paquistão e Zimbabwe.

Agora, o Global Times, jornal do governo chinês, anuncia que os J-7 remanescentes podem ser transformados em drones suicidas a serem empregados em possíveis ataques a Taiwan. Drones suicidas são aqueles carregados com explosivos, que chocam-se contra alvos inimigos.

A transformação de aviões em drones, ainda mais quando eles não precisarão retornar após cumprirem suas missões, é relativamente fácil e barata, o que permite acreditar que essa transformação pode vir a ser feita.

É oportuno lembrar que já em 2017, os americanos transformaram alguns de seus caças F-16, que entraram em operação em 1978, em drones. O objetivo anunciado à época, era utiliza-los como adversários em programas de treinamento de pilotos, mas face ao grande número de aviões obsoletos de que dispõem, não seria surpresa seu uso também como drones suicidas.

Além disso, a utilização desses aviões como drones pouparia pilotos treinados, usualmente o ativo mais raro nas forças aéreas.