segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

MAIS SOBRE MAINFRAMES E COBOL



Cezar Taurion foi um executivo da IBM, veterano na área de Tecnologia da Informação. 

Escreveu um e-book muito interessante, chamado “Bar do Z – um papo informal sobre mainframes”, que está disponível em http://www.smashwords.com/books/download/3245/1/latest/0/0/bar-do-z-um-bate-papo-informal-sobre-mainframes.pdf.

Esse livro traz algumas informações muito interessantes sobre esse tipo de máquina, que já foram dadas como mortas por muitos, mas que seguem firmes e fortes – neste blog já escrevi alguma coisa acerca do tema. Dentre essas informações, selecionei algumas para vocês: 

· Mainframes processam mais de 80% de todas as transações eletrônicas globais

· Mais de 95% de todos os dados do sistema financeiro mundial são processados em mainframes

· Substituir todos os sistemas programados em COBOL (cujo uso normalmente está associado ao uso de mainframes) custaria cerca de US$ 20 trilhões

· Estima-se que existam cerca de 200 bilhões de linhas de código em COBOL rodando pelo mundo afora, e que todo ano pelo menos mais 5 bilhões de novas linhas de código COBOL são colocadas em produção

· Mais de 900.000 profissionais de TI tem como atividade principal o desenvolvimento e a manutenção sistemas em COBOL 

· Os mainframes System Z da IBM tem índice de disponibilidade de 99,999%, downtime (paralisações) de menos de 5,3 minutos por ano, havendo casos de máquinas que operam há mais de 13 anos sem um único downtime

· O consumo de energia dos mainframes vem caindo seguidamente, tendo decrescido 16 vezes desde 1995.

Baixem o livro e divirtam-se!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

E-BOOKS: TRIBUTAÇÃO E MERCADO

Muitas vezes, o que determina o sucesso ou o insucesso de uma tecnologia não são suas qualidades intrínsecas, mas fatores externos à mesma; exemplo típico foi o fato dos videocassetes VHS terem vencido os Betamax: a estratégia da JVC, criadora do VHS, que abriu sua tecnologia foi suficiente para bater a Sony, que pretendia manter Betamax como uma tecnologia fechada.
Agora, com os livros eletrônicos (e-books), parece estar acontecendo a mesma coisa na Europa; desta vez, fatores ligados à tributação parecem estar retardando o crescimento do número de usuários dessa tecnologia.
Em quase toda a Europa, os e-books pagam 25% de impostos, enquanto os livros tradicionais pagam muito menos, sendo em alguns países, como no Reino Unido, totalmente isentos.
Apesar dessa diferença, a venda de e-books deve crescer em 2011 cerca de 20% em relação aos € 350 milhões vendidos em 2010; já os livros tradicionais, que representam 98% de todas as vendas de livros, devem crescer apenas cerca de 2% em relação a 2007!
Nos Estados Unidos, a tributação sobre os e-books é similar à dos livros convencionais, variando de estado para estado, havendo desde isenção total até impostos da ordem de 10%.  Nesse país, as vendas de e-books atingiram US$ 878 milhões em 2010, cerca de 6,4% da venda total de livros; a participação maior dos e-books no mercado americano talvez seja influenciada por essas diferenças tributárias.
Alguns países da Europa vêm estudando a redução das taxas, mas esse processo certamente será dificultado pela crise econômica que a região vem vivendo, que faz com que os governos evitem reduzir impostos. Nesse ponto, outros fatores podem influenciar: o governo britânico já percebeu que muitos de seus cidadãos deixam de comprar e-books de empresas estabelecidas naquele país para comprarem da Amazon Luxemburgo, onde os tributos são menores.
Aqui no Brasil, ainda não há uma posição definitiva sobre o assunto: e-books  ora são considerados isentos, ora tributáveis, dependendo dos tribunais que julgam o assunto;  juristas se perdem em discussões bizantinas, como aqueles que dizem que a Constituição proíbe a tributação sobre livros, mas que e-books não são livros e portanto devem ser  tributados, se opondo aos que tem uma visão mais atualizada.
Tudo isso pode acabar no momento em que uma Amazon da vida se associe a editoras brasileiras e passe a vender e-books em português a partir de sua base fora do país, fazendo-nos perder, não só os impostos, mas também empregos.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Moedas, notas, cartões, celulares...

Quando falamos em tecnologia, usualmente estamos nos referindo a computadores e outros equipamentos eletrônicos, geralmente muito modernos.
Mas tecnologia não é só isso – uma de suas definições poderia ser  “tecnologia é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento” – a partir dessa definição, pode-se dizer que existem tecnologias muito antigas ainda em pleno uso.  Uma dessas tecnologias é a moeda, entendida aqui não apenas como os pequenos discos metálicos, mas também como meio de pagamento.
Antes de seu surgimento, nas economias rudimentares, as trocas diretas eram utilizadas como meio de circulação da produção. Esse tipo de troca, também conhecido como "escambo", reduzia-se à troca de algumas galinhas por uma cabra, de uma vaca por uma espada etc.
Com a intensificação das relações comerciais, esse processo de troca deixou de ser eficiente, pois, na maior parte dos casos, tornou-se operacionalizar os negócios – imagine-se como seria difícil dar troco...  A seguir, alguns produtos, pela sua utilidade, passaram a ser mais procurados  e aceitos por todos como meio de troca de uso comum, assumindo  a função de moeda e circulando como elemento suscetível de troca por outros produtos e serviços e servindo para lhes avaliar o valor; exemplo disso foi a utilização, em Roma, de sal e de cabeças de gado como meios de pagamento, que inclusive geraram as palavras ”salário” e “pecúnia”, do latim salarium e pecus, respectivamente.
Mais tarde, o processo se aperfeiçoou, pois a falta de homogeneidade, a ação do tempo e a dificuldade de manuseio e transporte  comprometiam a função dessas "moedas" como instrumento de troca. Em conseqüência, as transações comerciais passaram a utilizar metais e, em um segundo momento, a moeda metálica, que se caracterizava também pela sua durabilidade.
Os metais começaram a ser utilizados para esse fim ao redor do ano de 2.500 a.C. No   século VII a.C., no reino da Lídia, que ficava em território hoje pertencente à   Turquia, foi inventada a moeda com as características básicas das atuais.  
A dificuldade e o risco do transporte de metais levaram à criação de casas de custódia, que armazenavam o ouro e a prata, fornecendo em contrapartida certificados de depósitos que, por serem mais cômodos e seguros, passaram a circular no lugar dos metais. Esses certificados ficaram conhecidos como moeda representativa ou moeda-papel, e são os antepassados das notas atuais.
Com o desenvolvimento dos bancos (que são os descendentes das antigas casas de custódia) e dos serviços bancários, tornou-se mais fácil para os correntistas o pagamento de suas transações com os recursos depositados nessas instituições, o que deu origem à moeda escritural, contábil ou bancária, movimentada por meio de cheques.
Novas idéias e novas tecnologias levaram aos meios de pagamento eletrônicos (cartões de crédito e débito, débito automático,  netbanking, celulares etc.), a ponto de alguns autores acreditarem que as moedas e células em breve desaparecerão, como já está acontecendo com os cheques.
Toda essa evolução nos impacta de diversas formas: empregos tradicionais, como muitos no sistema bancário desaparecem, novos tipos de fraude surgem, o pagamento de contas e outras operações bancárias tornam-se mais cômodas etc. Surgem também novas dúvidas; ainda não sabemos se os crimes como terrorismo, lavagem de dinheiro, corrupção e outros serão facilitados ou dificultados pelas moedas suportadas por meios eletrônicos, por exemplo.
É um cenário fascinante, vale a pena ser observado. Talvez em breve o celular substitua também as nossas carteiras e cartões, como já está fazendo com os relógios e câmaras fotográficas!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O mais poderoso computador do mundo

Em meados deste mês foi publicada a 38ª versão da lista Top 500, que relaciona os 500 computadores mais poderosos do mundo. A lista é encabeçada pela máquina japonesa batizada K Computer, que atinge a impressionante marca de 10,5  petaflops, algo como 10,5 quatrilhões de operações por segundo.

O K Computer foi construido pela Fujitsu, e está instalada no Instituto Avançado para Ciência Computacional (RIKEN) em Kobe. Ocupa cerca de 850 racks e consome uma quantidade de energia elétrica capaz de abastecer 10 mil residências e será utilizado  em pesquisas sobre previsão do tempo, desastres naturais e medicina; a letra K em seu nome vem de   “kei”, o termo japonês para 10 quatrilhões.
O K Computer
A   máquina japonesa, que havia atingido a liderança em meados do ano quando foi lançada a 37ª edição da lista, é seguida pelo  supercomputador chinês Tianhe-1A,  com um desempenho de 2,57 petaflops e operado pelo Centro Nacional de Supercomputação;  o terceiro lugar pertence ao Jaguar, um supercomputador construído para o Departamento de Energia do governo norte-americano.

Alguns dados sobre os líderes da lista Top 500, em número de máquinas:
- País:  Estados Unidos, 263; China,  74 e  Japão, 30.

- Fabricante: IBM, 223; HP, 141 e Cray, 27.
- Sistema Operacional: Linux, 457 e Unix, 30; há inclusive uma máquina baseada em Windows.

É interessante observar que a lista não apresenta de maneira clara para que fins a maioria das máquinas é utilizada, suspeitando-se que boa parte delas é utilizada para fins militares.
O Brasil tem dois supercomputadores na lista: o Tupi, operado pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que ocupa a 34ª posição e o  Galileu, operado pelo Núcleo de Atendimento em Computação de Alto Desempenho  da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que ocupa a 167ª posição.

sábado, 29 de outubro de 2011

Robôs fazendo o serviço doméstico

Rosie com os Jetsons
Talvez a primeira vez em que a mídia tenha mostrado robôs cuidando dos serviços domésticos, sonho de muitas donas de casa da atualidade, tenha sido na série de TV ‘Os Jetsons’.

Desenho animado lançado pela Hanna –Barbera em 1962, a série teve um enorme sucesso. A família, tinha uma empregada robô, Rosie, que se deslocava pela casa com rapidez   com rodinhas. Com mania de limpeza e organização, ela reclamava quando os outros membros da família faziam bagunça.

O Trilobite da Electrolux
Infelizmente, ainda não há robôs como a Rosie nas lojas.  Mas já existem vários robôs domésticos voltados para tarefas específicas.: dois exemplos são os cortadores de grama Automower, da empresa sueca Husqvarna e os aspiradores de pó   produzidos por várias empresas (a primeira foi a também sueca Electrolux, com seu modelo Trilobite, lançado na Europa em 2001).

O Automower, da Husqvarna
São máquinas capazes de andar por uma área delimitada realizando seu trabalho de forma autônoma. Alguém pode acionar os robôs ao sair de casa de manhã de modo que, quando voltar do trabalho, encontre a grama aparada e o chão livre de poeira. Mas o formato atual pouco lembra o da disciplinada Rosie, que diferentemente dos aspiradores-robôs,   precisava carregar um aspirador de pó na mão, como fazem  os humanos. 

De qualquer forma, parece que a ficção está inspirando o desenvolvimento de tecnologia; enquanto for para o bem, ótimo!

sábado, 1 de outubro de 2011

Uma boa briga: Kindle Fire x iPad



A Amazon lançou nesta semana seu tablet, o Kindle Fire; mas ao contrário dos outros tablets que foram lançados (e fracassaram) recentemente, este não é uma cópia do iPad.

Custando US$ 200 nos Estados Unidos, com uma tela de 7 polegadas, capacidade de armazenagem de 8 GB e sem câmara, tem duas características muito interessantes, que podem torna-lo um componente temível para o iPad: permite facilmente armazenar dados na nuvem, usando os serviços da Amazon que custam US$ 80 ao ano e é extraordinariamente portátil.

Com sua tela maior, 9,7 polegadas, o iPad é uma ferramenta destinada não apenas aos que consomem informação, mas também aqueles que a produzem:  o iMovie for iPad e o  GarageBand for iPad são exemplos disso – ele é também mais caro, com preços a partir de cerca de US$ 500. Já o Kindle Fire é fortemente voltado para os consumidores de informação:  pode ser seguro com uma só mão, deixando a outra livre para se jogar ou virar páginas, por exemplo, ao contrário do iPad, que em função de peso e tamanho é difícil de ser seguro com uma só mão - ele pesa cerca de 600 grams, contra 400 do Kindle.

Para ajudar o leitor, segue um quadro elaborado pelo Techspere apresentando algumas características das duas máquinas:

Considerando essas diferenças e a experiência acumulada pela Amazon na área de vendas e serviços, ao contrário dos outros concorrentes do iPad que são focados em tecnologia, fica a impressão que finalmente a Apple encontrou um concorrente à  altura.
 
Quem viver, verá!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Emoticons aniversariando

Fahlmann
Eram 11:44 da manhã de 19 de setembro de 1982 quando o professor do Departamento de Ciência da Computação da   Carnegie Mellon University postou a mensagem abaixo no bulletin board daquele departamento:


19-Sep-82 11:44 Scott E Fahlman :-)


From: Scott E Fahlman


I propose that the following character sequence for joke markers:
:-)


Read it sideways. Actually, it is probably more economical to mark things that are NOT jokes, given current trends. For this, use:
:-(




Com esse post, Fahlmann pode ser considerado o inventor dos emoticons em meio eletrônico – emoticon é uma combinação das palavras ‘emotion’ e ‘ícon’, e serve para transmitir ao leitor os sentimentos de quem está enviando uma mensagem, evitando mal entendidos.  


Caracteres já haviam sido empregados anteriormente com o mesmo propósito em textos impressos, mas Fahlmann indubitavelmente foi o primeiro a faze-lo em meio digi
tal – seu senso de humor era apurado, como pode se ver no segundo parágrafo de sua mensagem.



É interessante registrar que a postagem original estava perdida,até que recentemente uma velha fita de backup trouxe-a de volta – é mais um sinal de que devemos tomar MUITO cuidado com o que postamos por ai....  ;)

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

UM SITE INTERESSANTE

Quando usamos um processador de textos qualquer, como por exemplo o Word, temos  a nossa disposição uma quantidade bastante grande de fontes, ou de tipos diferentes de caracteres.  No entanto, para dar um toque pessoal ao texto, precisamos de algo diferente uma sugestão e ir    ao site Font Foundry, onde podemos  encontrar centenas de fontes diferentes que podem ser baixadas algumas gratuitamente,  outras pagas.

Em sua primeira pagina, o site informa quais sao as que tem sido mais baixadas ultimamente. O download gera um arquivo zipado que deve ser aberto - o arquivo com a extensao .ttf que se encontra ali deve ser copiado para a pasta Windows/Fonts - na proxima vez que se abre o Word, a fonte ja aparece entre as disponiveis.

Mas alguns cuidados precisam ser tomados algumas fontes nao suportam certas características de nosso idioma, como acentos, por exemplo mas vale um passeio,

Existem algumas coisas bem interessantes; este texto, por exemplo, foi escrito com a fonte Beckett, baixada do Font Foundry (http://www.fontfoundry.com/) por essa razao existem nele algumas falhas - voce so vera o texto em Beckett caso a fonte esteja instalada em seu computador..

Divirtam-se! Em nosso proximo post, voltamos as fontes normais.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Tecnologia inspirada na Natureza

A Natureza é imbatível quando se fala em eficiência e elegância em termos de design. Quase sempre ganha de nossas tecnologias em termos de economia de recursos, durabilidade, resisência, velocidade e peso.

Aqueles que desenvolvem tecnologia frequentemente encontram na Natureza fontes de inspiração para seu trabalho – essa busca de inspiração é modernamente chamada em inglês “Biomimicry”, embora aconteça há muito tempo: no século XV, Leonardo da Vinci observava os pássaros buscando inspiração para construir uma máquina voadora.

Um exemplo mais atual nos é dado observando o trabalho do pessoal que buscava aperfeiçoar o Shinkansen, um trem bala japonês: eles conseguiram elevar sua velocidade a mais de 300 km/h, porém o ruído gerado ficava fora dos padrões estabelecidos para preservação do meio ambiente. A situação chegava a um ponto tal que, quando atravessando túneis mais estreitos, produzia-se um estrondo similar aos dos jatos que quebram a barreira do som, o que ocorre em velocidades ao redor de 1.200 km/h.

Os japoneses descobriram que isso ocorria principalmente pelo fato que que o nariz do trem “empurrava” o ar à sua frente e que o problema seria resolvido se esse nariz pudesse “cortar” o ar.

Para encontrar o melhor design, os técnicos inspiraram-se no martim-pescador, ave que mergulha em busca de peixes praticamente sem gerar respingos de água, graças ao seu bico aerodinâmico que vai crescendo em diâmetro da ponta até a base, permitindo que a água flua sem espirrar.

Esse estudo permitiu à West Japan Railway Company, com auxilio da empresa alemã Neumeister  em termos de design,  criar seus trens da série 500, que entraram em serviço em 1997 e que são mais silenciosos, 10% mais rápidos e consumiam 15% menos eletricidade que os da série anterior.

Mais uma razão para preservarmos a Natureza.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O que você faz com os emails que recebe?

A Microsoft concluiu recentemente uma pesquisa acerca do uso de email – foram estudadas mais de 2.000 pessoas que utilizam diversas ferramentas, e o objetivo da pesquisa era obter informações que permitissem à companhia traçar estratégias para melhoria de seu Hotmail.

A empresa descobriu algumas coisas interessantes, conforme mostra a ilustração abaixo, classificando os usuários em três grandes grupos:

1º - os chamados “Deletadores” (Deleters), aqueles abrem seu email, deletam as mensagens que não desejam ler, leem as demais e vão deletando aquelas que não julgam importante conservar. Esses usuários recebem em média 211 mensagens por semana e deletam cerca de 80% delas.

2º - os “Arquivadores” (Filers), que recebem aproximadamente o mesmo número de mensagens que os Deleters, mas que tem regras elaboradas para encaminhar suas mensagens a  pastas e subpastas – ao chegarem, cerca de 44% delas são tratadas dessa forma.

3º - finalmente, os “Empilhadores” (Pilers), aqueles que simplesmente deixam na Caixa de Entrada boa parte do que recebe (57% aproximadamente).    

E você, como se classificaria?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Os bondes e os políticos


Hallidie testando sua invenção

Ao falarmos  em transporte urbano sobre trilhos, quase sempre lembramo-nos dos charmosos bondinhos, lá chamados "cable cars" que aparecem em quase todos os filmes ambientados em San Francisco.
Andrew Hallidie, que residia naquela cidade,   em um dia de 1869 viu  cavalos que puxavam um carro  escorregaram e cairem em uma rua calçada com paralelepípedos molhados - chicoteados pelo condutor,  acabaram morrendo.
Impressionado, Hallidie lembrou-se que seu pai havia patenteado um sistema baseado em cabos de aço, polias, pesos e contrapesos que facilitava a retirada de material cavado nas minas de ouro da Califórnia (vivia-se a Corrida do Ouro naquele estado), o que o levou a pensar se o mesmo sistema poderia ser adaptado para transporte de passageiros em uma cidade assentada sobre colinas, como é San Francisco.

Para tornar real sua idéia, criou a Clay Street Hill Railroad e construiu a primeira linha de bondinhos naquela cidade, que entrou em operação em agosto de 1873, tornando-se imediatamente um sucesso. O sistema foi tão  importante para a cidade, que em 1906, quando um grande terremoto destruiu San Francisco, havia quase 90 quilometros de linhas.

Nos dias atuais os bondes são um símbolo   daquela cidade, apesar dos esforços de políticos para substituirem o sistema por meios mais "modernos" - ônibus, cujos empresários em troca apoiavam aqueles políticos. A foto ao lado, mostra um dos bondes atuais e ao fundo a ilha de Alcatraz, com seu famoso presídio desativado - talvez fosse uma boa idéia reabri-lo para hospedar políticos com posturas similares aos de San Francisco.
Outra medida interessante envolvendo políticos e transporte público, foi sugerida por internautas chineses, que para evitar desastres como os ocorridos com trens bala naquele país em julho de 2011, propuseram que dois políticos obrigatoriamente viajassem nas primeiras e últimas poltronas de cada composição...


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Máquinas de escrever: duras de matar!

Em sua edição de nº 57, a revista Piauí publicou artigo da jornalista  Dorrit Harazim tratando do fechamento da última fábrica de máquinas de escrever mecânicas  do mundo.
Curiosamente, essa fábrica era localizada na Índia, o que se explica pelo fato de aquele país, apesar do alto índice de crescimento observado nos últimos anos, ainda ter cerca de 400 milhões de pessoas vivendo em regiões onde não há fornecimento regular de  energia elétrica, o que exige que empresas e órgãos públicos dessas áreas utilizem as velhas máquinas.
A invenção da máquina de escrever costuma ser atribuída ao inglês Henry Mills, em 1713. Era destinada a cegos, chegou a ser patenteada, teve o aval da rainha Ana Stuart, mas jamais saiu do papel. A partir daí, a tecnologia  foi dando saltos: surgiram máquinas que só utilizavam caracteres maiúsculos, modelos que lembravam máquinas de costura (com pedal e gabinete), pianolas etc.
Houve até mesmo o projeto de um brasileiro, Francisco João de Azevedo, da Paraíba do Norte (atual João Pessoa), cujo protótipo foi apresentado na Exposição Industrial e Agrícola de Pernambuco em 1861. A invenção lhe teria sido surrupiada pelo tipógrafo americano Christopher Latham Sholes (Azevedo não tinha patente de sua máquina).
O fato é que Sholes aperfeiçoou a engenhoca de forma a que as hastes com os caracteres não se embaralhassem umas às outras, o que era um problema comum às máquinas antigas; fez isso distribuindo os caracteres na forma hoje utilizada, o chamado “teclado qwerty” - nesse layout, os pares de letras utilizados com maior frequência na língua inglesa ficam  separados em metades opostas do teclado, evitando o travamento do mecanismo daquelas máquinas rudimentares. Sholes também desenvolveu o dispositivo que permite o uso de maúsculas e mínusculas.
Em 1873, Sholes vendeu sua patente  à fábrica de armas Remington, à época ociosa devido ao fim da Guerra Civil Americana; a Remington passou a fabricar as máquinas em série, o que fez com que seu custo caisse e elas se popularizassem.
Mas as máquinas de escrever elétricas seguem em produção. Criadas a partir de idéias de Thomas Edison  para uma impressora de mensagens telegráficas, foram lançadas comercialmente em 1902, sem grande sucesso; a idéia foi sendo aperfeiçoada até que em 1925 a Remington lançou o primeiro modelo que fez algum sucesso, apesar de desacordos com parceiros de negócio terem impedido a continuidade do desenvolvimento do produto.
A elétricas só se tornaram realmente populares quando a IBM, em 1935, lançou seu Modelo 01, cujas sucessoras permitiram que esse produto fosse responsável por cerca de 8% das vendas da IBM no final da década de 1950.  As máquinas continuaram a evoluir, incorporando funcionalidades como correção de erros de digitação, troca de fontes e outras, até que o barateamento dos computadores e das impressoras do tipo jato de tinta praticamente condenaram as máquinas de escrever à morte –  em 1990 a IBM  vendeu suas operações na área, embora empresas de menor porte, como a americana Swintec ainda mantenham o produto em linha – esse fabricante produz onze diferente modelos.

A Swintec 2410: US$ 159,00
 Mas, mecânicas ou elétricas, elas são duras de matar: em 2008 a prefeitura de Nova Iorque comprou milhares de máquinas, boa parte das quais destinadas à sua Polícia (que ainda usa papel carbono) – gastou quase um milhão de dólares nessa compra.
Segundo Harazim, nos Estados Unidos a principal clientela das máquinas de escrever é  cativa, literalmente: os 2,3 milhões de americanos presos não podem usar computadores – a Swintec tem uma linha especialemnte voltada para esse público, que somado aos tradicionalistas, certamente fará com que essa tecnologia permaneça em uso ainda durante muito tempo.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Cloud computing - uma nova forma de armazenar nossos dados

Até há não muito tempo, as pessoas utilizavam um ou no máximo dois computadores. Nesse ambiente, era fácil compartilhar arquivos – bastava copia-los para um pen drive ou para um disco portátil (HD externo)   e transferir os arquivos de uma máquina para outra – mesmo assim, às vezes ocorria algum erro ou esquecimento e era necessário “correr atrás do prejuízo”.  Muitos preferiam enviar os arquivos para si próprios por email, e depois salva-los na outra máquina.
Atualmente, o cenário mudou: temos um desktop em casa e/ou no trabalho, um notebook, um ou mais smartphones, tablet etc., fazendo o compartilhamento de arquivos se tornar algo bastante complexo e trabalhoso – consequentemente sujeito a erros, como perda de arquivos, manutenção de arquivos desatualizados etc., além do tempo gasto para deixar  os arquivos organizados.
Para se ter uma idéia mais precisa da situação, basta lembrar que segundo o instituto de pesquisa Forrester  Research, nos Estados Unidos cerca de 60%   dos adultos com acesso à Internet têm pelo menos dois desses equipamentos e quase 3% têm nove ou mais  aparelhos diferentes! Para tornar o cenário ainda mais complicado, às vezes pessoas da  família ou amigos também precisam ter acesso aos mesmos arquivos, utilizando outras máquinas.
Mas uma idéia antiga parece estar voltando à moda para evitar todo esse trabalho: salvar os arquivos “na nuvem” e depois acessa-los a partir de qualquer dispositivo; em 2005 o Google lançou a primeira ferramenta desse tipo a se tornar popular, o Google Docs.
Na atualidade, operando o conceito que agora se chama “cloud computing” (computação na nuvem),  diversas empresas focadas nesse tipo de serviço estão crescendo, ganhando visibilidade:  Dropbox, YouSendIt.com, Box.net, 4Shared e SpiderOak.  A Apple acaba de lançar um serviço similar,   iCloud. 
 "Nossa visão é simplificar a vida   das pessoas", disse Drew Houston, executivo-chefe da Dropbox, empresa que tem  25 milhões de usuários que armazenam   300 milhões de arquivos por dia e que já tem mantem 100 bilhões de arquivos em seus servidores.
A possibilidade de acesso à Internet a partir de quase todos os lugares e a queda nos preços de computadores e periféricos tem ajudado esses serviços a prosperar: espaço para armazenamento em mídia magnética é hoje oito vezes mais barato do que em 2005. Isso permite a muitos fornecedores cederem gratuitamente espaços pequenos para armazenagem, esperando que os usuários percebam a vantagem dessa forma de arquivamento e paguem por espaços maiores; no Dropbox, os preços começam em US$ 20 ao mês, havendo promoções, como espaço adicional dado aos clientes que trazem outros.
Mas há uma grande preocupação com relação à armazenagem na nuvem: segurança. Embora não haja casos registrados de furto de dados desses serviços, muitos usuários ainda relutam em usa-los. Recentemente, um especialista em segurança da informação queixou-se formalmente a órgãos do governo americano acerca da forma como a Dropbox protege os arquivos que armazena; segundo o queixoso, empregados da empresa poderiam ter acesso aos mesmos, o que a empresa nega, dizendo adotar níveis de segurança similares aos adotados pelos bancos e forças armadas.
De qualquer forma, o negócio vem crescendo: recentemente  a Amazon lançou seu Cloud Drive e uma nova empresa, a Cx.com, financiada por uma empresa controlada por Eric Schmidt, chairman e ex-presidente  executivo do Google começou a operar em janeiro deste ano, de forma experimental e ainda não está cobrando por seus serviços.
Como quase sempre acontece, resta saber se essa tendência se consolidará ou se estamos diante de mais um modismo.
Mas...  há sempre um “mas”: a ONG  Internet Archive, que tem por objetivo manter uma biblioteca contendo todo o material já digitalizado,  músicas, animações, livros etc – já tem cerca de 3 milhões de livros arquivados e espera chegar a 10 milhões (estima-se que até hoje 100 milhões de livros foram publicados em papel). E essa organização inaugurará em junho de 2011  armazens para guardar cópias em papel de todos os seus livros!
O armazém da Internet Archive
E por que cópias em papel? Segundo seus dirigentes, para que sirvam para resolver qualquer disputa acerca da fidelidade do material digital em relação ao original. Esses dirigentes não dizem, mas há alguns outros problemas envolvendo cloud computing: a armazenagem digital por períodos muito longos ainda não é totalmente segura, e que mesmo nos ambientes em que há alta redundância e disponibilidade podem ocorrer dois fenômenos, o chamado “bit rot” (apoderecimento dos bits), em que a carga elétrica se perde e com ela os dados e os “flipped bits”, quando ocorre alteração dos dados ao se transferir arquivos de um ponto para outro – as ferramentas que pretendem evitar esses problemas ainda não são totalmente seguras.
Situações como essa mostram que frequentemente uma tecnologia que parece condenada, como os livros em papel, pode sobreviver.
 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

PEQUENOS ERROS PODEM GERAR GRANDES TRAGÉDIAS

A sonda  Mars Climate Orbiter - MCO, foi lançada do Cabo Canaveral pela NASA em 11 de dezembro de 1998, tendo chegado a Marte em 23 de setembro de 1999.
Tinha como objetivo principal  estudar a atmosfera do planeta vermelho e atuaria também como retransmissora de informações captadas por outros engenhos que deveriam pousar em Marte na mesma época, fazendo estudos acerca da geologia e   à presença de água e CO2.  A missão estava programada para durar um ano marciano, equivalente a aproximadamente dois anos terrestres.

A MCO chegou a Marte, mas não pousou: por um erro de navegação, acabou entrando na atmosfera numa altitude errada e acabou sendo destruida pelo calor gerado pela fricção com a atmosfera.   A missão havia custado 125 milhões de dólares da época.

Mas o que causa espanto foi a causa do acidente: um erro no software de controle de aceleração da nave: parte dele foi construido considerando  unidades inglesas e parte adotava o sistema métrico decimal.  Por misturar pounds e newtons, milhões foram para o lixo...

Durante o voo, havia sinais de que alguma coisa não corria bem: vários ajustes foram necessários, e na chegada parecia claro que a nave descia rapidamente, mas os técnicos da NASA  não conseguiram controla-la.

O inquérito realizado concluiu que o erro ocorreu devido à má comunicação entre os envolvidos. O pessoal que trabalhava com propulsão na  Lockheed Martin, construtura da nave, usualmente utilizava  pounds como medida de força – um pound é equivalente a cerca de 4,5 newtons. O pessoal da NASA,  sabendo que era praxe que após o projeto da nave os pounds fossem convertidos en newtons, assumiu que isso havia sido feito, o que não ocorreu – a conversão não havia sido checada.

Curiosamente, a outra nave que fazia parte da missão, a  Mars Polar Lander, que havia sido lançada 23 dias depos da MCO, também acabou destruida, pois seus sistemas interpretaram  que a nave havia popusado quando ainda se encontrava a cerca de 35 metros de altitude – os motores foram desligados e a nave se espatifou no solo marciano.

Naquela época, a NASA tocava seus projetos na base do  “better, faster, cheaper”  (melhor, mais rápido, mais barato), tentando realizar mais com menos dinheiro. Contrário a essa politica, e acreditando no velho ditado que diz que a economia é a base da porcaria,  o  New York Times havia publicado em 21 de setembro (dois dias antes do acidente) um artigo entitulado    “Beginning a Bargain-Basement Invasion of Mars”  (algo como “Iniciando uma Invasão de Marte na Base da Pechincha”) , que previa os desastres que se seguiram.

Mas a lição foi útil: a NASA cancelou os projetos de exploração de Marte e os reiniciou do zero, adotando estratégias conservadoras e conceitos já testados. Essa estratégia acabou levando ao lançamento dos  Mars Exploration Rovers  - dois veículos sobre rodas, o Spirit e o Opportunity,  que chegaram a Marte em 2003 e 2004 com vida útil prevista de 90 dias; em maio de 2011 o Opportunity continuava operacional, mas em fins de 2009 o Spirit perdeu contato com a Terra, provavelmente em função do esgotamento de suas baterias; em maio de 2011 a NASA anunciou que considerava amáquina totalmente perdida. 

A história termina bem, mas e se a bordo do MCO houvesse seres humanos? Fica a lição: tecnologia é importante, mas vulnerável a erros humanos; pequenos erros podem gerar grandes tragédias.

Mas será que para a nova missão a Marte, no final de 2011, a Nasa levará em conta essa lição? Essa missão  tentará descobrir se o ambiente de Marte tem ou já teve a química necessária para suportar a vida como a conhecemos na terra. Se seu lançamento atrasar, o projeto como um todo será adiado por dois anos, até que condições favoráveis de alinhamento Terra-Marte tornem a missão viável.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Lançamento de livro

Temos o prazer de convida-los para o lançamento de nosso livro, que acontecerá às 18 horas do dia 26 de maio, no Mercadão da Cidade, à rua XV de Novembro, em Jundiaí.

Aguardamos sua presença


sábado, 21 de maio de 2011

Ferrovias no Brasil: o início

O Barão de Mauá
Irineu Evangelista de Souza, (1813-1889), o Barão de Mauá, nasceu pobre, mas graças à sua capacidade de empreender tornou-se o maior empresário do Brasil e um dos maiores do mundo, à sua época. Foi banqueiro, comerciante e industrial, e graças à sua visão, em 1854 foi criada a primeira ferrovia brasileira.
Naquela época, o Rio de Janeiro era uma cidade muito insalubre: especialmente no verão,  febre amarela,  malária,  dengue e outras doenças assolavam sua população. Para fugir desse ambiente, as pessoas de maior poder aquisitivo passavam o verão no alto da serra, em Petrópolis, um local muito mais saudável.
Isso gerava uma demanda muito grande em termos de transporte de pessoas e mercadorias serra acima; esse transporte era feito por barcos que saindo da Praça XV, no  centro do Rio de Janeiro  cruzavam a baía da Guanabara até o Porto de Estrela – a partir daí, o trajeto era feito por terra, usando-se diligências e carros de carga. 
A Baroneza
Em 1854, Mauá terminou a construção de um trecho de 14,5 km ligando esse porto até a localidade de Fragoso; em 1856 a ferrovia alcançou  Raiz da Serra, onde se iniciava a súbida – era um trecho curto (16,1 km.), mas proporcionava uma significativa economia de tempo. Havia uma única locomotiva, a “Baroneza”, construída em Manchester, Inglaterra pela empresa Willian Fair Bairns & Sons; a “Baroneza” tinha bitola (distância entre os trilhos) de 1,68 m e operou durante 30 anos, , fazendo, atualmente, parte do acervo do Centro de Preservação da História Ferroviária, situado no bairro de Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro – a locomotiva recebeu esse nome em homenagem a Maria Joaquina, esposa de Mauá.
Cerca de 30 anos mais tarde, a ferrovia finalmente chegou a Petrópolis, tendo sido desativada em meados do século XX. Entretanto, trens de subúrbio integrados ao sistema de transporte urbano do Rio de Janeiro ainda percorrem um pequeno trecho da ferrovia criada por Mauá, entre Piabetá e Vila Inhomirim (antiga Raiz da Serra).