quinta-feira, 29 de novembro de 2018

VOCÊ TERIA CORAGEM DE VOAR EM UM AVIÃO FABRICADO EM 1943?


Quando se fala em tecnologia aeronáutica, quase sempre se pensa em modernos caças supersônicos ou em grandes aviões que transportam centenas de passageiros. 

Mas, às vezes, deparamo-nos com verdadeiras peças de museu voadoras: é o caso dos C-47TP da Força Aérea Sul-Africana, que compõem o Esquadrão 35, sediado na Base Aérea de Ysterplaat, nos arredores de Cape Town.

É a única unidade da Força Aérea Sul-Africana dedicada ao Patrulhamento e Reconhecimento Marítimo e que executa também missões de transporte.

Os  bimotores C-47TP  no início da década de 1990 tiveram   tiveram seus motores a pistão trocados por turbinas e seguem voando, apesar de algumas dessas aeronaves já terem quase 80 anos de uso! Como não há dinheiro para novos aviões, o jeito é confiar em Deus e na coragem e habilidade de seus pilotos e mecânicos.  

Mais de dez mil desses aviões foram fabricados entre 1943 e 1945. Vale lembrar que os C-47 tem uma versão civil, os DC-3 que foram muito importantes aqui no Brasil.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

ROMI-ISETTA - O PRIMEIRO CARRO DE PASSEIO FABRICADO NO BRASIL

O Isetta foi um microcarro  produzido nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial. Projetado na Itália, foi construído em diversos países, como  Espanha, Bélgica, França,   Alemanha, Reino Unido e também no Brasil.

Em 9 de abril de 1953 a empresa italiana Iso Automotoveicoli, fabricante de motocicletas e triciclos comerciais, apresentou no salão de Turim um projeto denominado Isetta, que consistia em um automóvel de baixo custo, voltado para a realidade da economia do pós-guerra italiano. Projetado pelo engenheiro aeronáutico Ermenegildo Preti e seu colaborador Pierluigi Raggi, possuía características peculiares, como porta frontal para facilitar o acesso ao interior do veículo, pequenas dimensões, boa dirigibilidade e performance suficiente para a época (máxima de 85 km/h) com um consumo de até 25 km com apenas um litro de gasolina.

Apesar dos evidentes dotes de racionalidade e economia, sua vida na Itália teve curta duração e sua fabricação encerrou-se em 1956.

A Romi, fabricante de máquinas instalada em Santa Bárbara d'Oeste, resolveu produzir o carro aqui. Um dos primeiros passos  foi agendar uma visita à Itália, a fim de negociar um contrato. Em junho de 1955, Américo
Emílio Romi e Carlo Chiti embarcaram num Lockheed Super Constellation rumo à Milão, onde se encontrariam com Renzo Rivolta, o proprietário da Iso. Emílio passou mal durante o voo e, assim que desembarcou em Roma constatou-se um infarto; Carlo Chiti, um projetista italiano muito experiente na área automobilística (ilustração ao lado), incumbiu-se da negociação. 

Chegou-se a um consenso quanto ao direito de licença e aos royalties: 3% sobre o preço de venda de cada unidade. Carlo Chiti revelou, anos depois: "Na verdade, nossa intenção era maior, era convencer a Iso a se associar a nós, investir conosco, montar aqui uma empresa capaz de produzir 50 mil carros por ano. Só que a Iso não tinha recursos: no pós-guerra, as companhias italianas estavam mal de caixa e não podiam investir fora do país, preocupadas em colocar ordem na casa, desarranjada com a guerra. Mas acreditávamos no mercado, no potencial, na marca, e em fabricarmos o primeiro carro brasileiro."

Produzir o Isetta no Brasil era viável, pois sua concepção se encaixava em dois requisitos básicos estabelecidos pela Romi: produção rápida e baixos custos. 

A Iso enviou ao Brasil um piloto de testes, Domenico Stragliotto, que submeteu dois Isettas importados pela Romi a todo tipo de testes de rodagem, para que se estudasse o comportamento e a durabilidade dos componentes do carro nas ruas e estradas brasileiras.

Na Romi, um enorme pavilhão de estrutura metálica e concreto foi construído para se instalarem as linhas de montagem do Romi-Isetta. Ao mesmo tempo, iniciou-se a busca por fornecedores. Em São Paulo, Aldo Magnelli era o proprietário da Tecnogeral, metalúrgica dotada de ferramentaria e estamparia pesada. Contatada pela Romi, a empresa produziria todo o ferramental (estampos) e também se encarregaria de fabricar as carrocerias e chassis. Para isso,  investiu num pavilhão na rua Brigadeiro Tobias, em pleno centro de São Paulo! 

O inovador processo produtivo
acertado entre Romi e Tecnogeral previa a entrega, em Santa Bárbara d'Oeste, das carrocerias já montadas e pintadas. A Romi procederia à montagem dos componentes no chassis, assentando posteriormente a carroceria acabada, reduzindo o tempo de fabricação de cada unidade - a foto ao final do post mostra a linha de montagem. Processos similares foram negociados junto aos demais fornecedores, de modo que o índice de nacionalização do Romi-Isetta atingiria 72% do peso do carro.

O carrinho foi lançado no Brasil em   5 de setembro de 1956;  equipado com um motor de dois tempos, foi o primeiro automóvel de passeio de fato fabricado em território brasileiro. A partir de 1959 o Romi-Isetta passou a ser equipado com um motor de quatro tempos de fabricação BMW.

A estratégia de publicidade adotada pelo fabricante visava a expor o modelo a diferentes públicos: de segundo carro para a família ao estudante universitário. Algumas peças publicitárias foram criadas visando o público feminino, como por exemplo o anúncio que exibia uma mulher saindo de uma gaiola para entrar em um Romi-Isetta, com os dizeres "agora sou livre".

A Romi realmente investiu muito em publicidade: o jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição de 9 de setembro de 1958 publicou o anúncio ao lado, cujo texto dizia: “Venha hoje mesmo buscar o seu Romi-Isetta e pague-o suavemente em prestações mensais. Consome apenas 3,75 litros de gasolina a cada cem quilômetros, o que exige apenas 24 centavos de combustível por quilômetro rodado! Sai mais barato que a passagem de ônibus! Por que, então, não resolver o seu problema de condução diária com um moderno Romi-Isetta 1958? Você se livra das longas esperas na fila, das aglomerações, dos desagradáveis atrasos no horário…sem aumentar a despesa diária! E ainda terá o seu carro para levar a família a passear nos fins de semana…”.

Ao todo, no período de 1956 até 1961, foram fabricadas cerca de três mil unidades no Brasil, muitas das quais ainda hoje permanecem nas mãos de colecionadores - Em 2016 existiam 84 no estado de S. Paulo.







segunda-feira, 26 de novembro de 2018

LADA – TECNOLOGIA QUE NÃO DEIXOU SAUDADE

Tudo começou em 1966, quando foi assinado um acordo entre a Fiat e o governo da União Soviética para a constituição de uma empresa votada à produção de automóveis populares, que foi batizada com o nome de VAZ (Volzhsky Automobilny Zavod ou Fábrica de Automóveis do Volga).
Essa fábrica é agora o terceiro maior complexo automotivo-industrial do mundo e iniciou em 1970 a produção  do Zhiguli ou VAZ 2101, um sedã de quatro portas, que nada mais era que o Fiat 124 feito sob licença da marca italiana.
A VAZ se notabilizou por ser uma fábrica altamente verticalizada, onde praticamente tudo era produzido por ela, de carburadores a vidros. Era uma organização industrial em que eficiência não era a maior preocupação.
Em 1976 foi lançado o Lada 2121, mais conhecido como
O Niva
Niva (que significa “campo” em russo), um jipinho utilitário compacto 4x4 com linhas simples e retas e motor de 1.6 litros a gasolina, e primeiro projeto da montadora russa a não utilizar um modelo da Fiat como base. Rústico e competente, o modelo foi um dos carros mais marcantes já criados pela indústria soviética, tanto que até hoje esse projeto original é produzido, tendo sido exportado para o Brasil.
Outros modelos foram sendo lançados e também exportados para o bloco soviético, onde exigências quanto à qualidade não eram muito grandes; dentre esses, o Lada Samara, primeiro automóvel de tração dianteira produzido pela montadora e que também foi exportado para o Brasil, onde a marca chegou em 1990, logo após a abertura do mercado aos importados.
O Laika
O primeiro carro a chegar foi o já defasado sedã Lada Laika, nome alusivo à raça da cadela Kudriavka, que os soviéticos enviaram ao espaço no Sputnik II, em 3 de novembro de 1957. Porém, o design ultrapassado e a péssima tropicalização dos carros, que não eram adaptados à gasolina com álcool vendida aqui e geravam mau funcionamento e problemas constantes de carburador, decretaram o fim da marca no Brasil, após seis anos, apesar de seu preço baixo – ao começarem a chegar aqui, os Laika custavam o equivalente a US$ 7 mil – era o carro mais barato vendido no país.
Para encerrar, uma curiosidade: a marca Lada foi adotada pela AvtoVAZ apenas para exportação. No mercado interno russo os automóveis são comercializados com a marca Zhiguli, cuja pronúncia semelhante a  “gigolô” poderia prejudicar as exportações...




terça-feira, 20 de novembro de 2018

MAIS UM ESPAÇO OCUPADO: ROBÔS APRESENTARÃO TELEJORNAIS

Em breve os chineses poderão ver apresentadores virtuais  nos noticiários da TV, inclusive imitando expressões faciais e trejeitos humanos durante a leitura das notícias.
Desenvolvido pela agência de notícias estatal Xinhua e pela empresa de tecnologia Sogou, o robô que apresenta  telejornais foi apresentado na Conferência Mundial da Internet recentemente acontecida em Wuzhen, no leste da China.
Inspirado no jornalista chinês Qiu Hao, o robô "veste" um terno preto e gravata vermelha - a imagem ao lado mostra o robô e o jornalista. Ele faz parte de um grande esforço da China para avançar em tecnologia de inteligência artificial.
Em outro vídeo da Xinhua, o robô disse que era seu “primeiro dia” na agência de notícias e prometeu “trabalhar incansavelmente para manter o público informado" - o "apresentador" pode ficar no ar ininterruptamente.
Os apresentadores virtuais têm uma aparência bastante realista. Eles piscam e erguem as sobrancelhas quando falam. Sua boca se move em sincronia com as palavras. Mas são facilmente distinguíveis de uma pessoa real, pois suas expressões faciais ainda são limitadas. A voz soa metálica, sem nuances de entonação, mas eles certamente serão aperfeiçoados
Restam poucas dúvidas de que a tecnologia evoluirá e a fronteira entre realidade e artificialidade será cada vez mais sutil. Com o uso de outro tipo de tecnologia, seres virtuais como a cantora japonesa Hatsune Miku já se tornaram estrelas no mundo artístico.
A equipe de marketing da Sogou disse no evento que não está claro quando a tecnologia realmente entrará em uso, mas multidões se reuniram para tirar fotos com o apresentador digital e com o próprio Qiu, que estava no evento..

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

GRAFENO PODE AJUDAR A DEVOLVER A VISÃO A MILHÕES DE PESSOAS


Na mitologia grega, Theia era a deusa da luz e da visão. 

Agora dá nome a um projeto que vem sendo desenvolvido pelo   Barcelona Institute of Science and Technology (BIST); trata-se de um implante de grafeno que pretende minorar os problemas vividos por deficientes visuais parciais ou totais (cegos). 

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 253 milhões de pessoas com incapacidade visual, 36 das quais são completamente cegas. Apesar de a OMS assegurar que 80% dos casos poderiam ser evitados ou curados, o número de pessoas cegas poderá continuar a aumentar até alcançar 115 milhões em 2050.


Assim, torna-se urgente tomar medidas; neste contexto, a proposta do projeto THEIA é uma das mais interessantes e revolucionárias. Seria desenvolvido um implante de grafeno a ser colocado em contacto com a retina para estimular os neurônios ganglionares (responsáveis por levar os impulsos ao cérebro), através de uma série de elétrodos. 

Em breve serão iniciados testes com  porcos, pois os seus olhos são muito semelhantes fisiologicamente ao olho humano.

Apesar de as pesquisas apresentarem resultados encorajadores, acredita-se que nos próximos 10 ou 15 anos este dispositivo ainda não possa ainda ser distribuído comercialmente, mas o seu potencial é grande, pois o envelhecimento da população nos países ocidentais provoca o aumento da degeneração ocular. 

Projetos como o THEIA são necessários para atenuar o sofrimento que a perda de um sentido pode provocar. Sem dúvida, esta é uma das grandes missões da ciência na busca de um mundo melhor, como mostra o vídeo acerca do projeto disponível aqui.

A Universidade Presbiteriana Mackenzie também tem um centro voltado às pesquisas sobre o grafeno, o Mackgraphe (foto ao lado). 

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

DEEP FAKES - OUTRA PRAGA CHEGANDO À VIDA DIÁRIA

O portal Olhar Digital traz uma matéria assustadora: vídeos falsificados com auxílio de inteligência Artificial. Se as fake news já são um problema sério, aumentado pelas redes sociais, imaginem quando vídeos falsos começarem a ser divulgados. 
Assistam ao vídeo que está aqui. Pois é, pode parecer difícil de acreditar, mas quem está falando  não é Barack Obama. Trata-se de um  ator, cuja imagem  foi capturada por uma câmera comum. O vídeo passou por um sistema de inteligência artificial que transformou as expressões do ator no rosto de Barack Obama. A voz foi tratada por um software que é capaz de transformar a voz de praticamente qualquer um em outra voz. O resultado é incrível... e assustador.
A verdade é que a partir do momento em que realmente não pudermos mais acreditar nos nossos olhos, estaremos em maus lençóis. Já imaginaram a quantidade de mentiras e trapaças que podem se espalhar pelas redes sociais? Se as pessoas já acreditam hoje em mensagens em texto, a chance delas serem enganadas por um vídeo é muito maior – afinal, todo nós crescemos acreditando que se há um registro em vídeo, é por que o fato é real, Pois é, já não dá para pensar assim...