quarta-feira, 25 de maio de 2011

PEQUENOS ERROS PODEM GERAR GRANDES TRAGÉDIAS

A sonda  Mars Climate Orbiter - MCO, foi lançada do Cabo Canaveral pela NASA em 11 de dezembro de 1998, tendo chegado a Marte em 23 de setembro de 1999.
Tinha como objetivo principal  estudar a atmosfera do planeta vermelho e atuaria também como retransmissora de informações captadas por outros engenhos que deveriam pousar em Marte na mesma época, fazendo estudos acerca da geologia e   à presença de água e CO2.  A missão estava programada para durar um ano marciano, equivalente a aproximadamente dois anos terrestres.

A MCO chegou a Marte, mas não pousou: por um erro de navegação, acabou entrando na atmosfera numa altitude errada e acabou sendo destruida pelo calor gerado pela fricção com a atmosfera.   A missão havia custado 125 milhões de dólares da época.

Mas o que causa espanto foi a causa do acidente: um erro no software de controle de aceleração da nave: parte dele foi construido considerando  unidades inglesas e parte adotava o sistema métrico decimal.  Por misturar pounds e newtons, milhões foram para o lixo...

Durante o voo, havia sinais de que alguma coisa não corria bem: vários ajustes foram necessários, e na chegada parecia claro que a nave descia rapidamente, mas os técnicos da NASA  não conseguiram controla-la.

O inquérito realizado concluiu que o erro ocorreu devido à má comunicação entre os envolvidos. O pessoal que trabalhava com propulsão na  Lockheed Martin, construtura da nave, usualmente utilizava  pounds como medida de força – um pound é equivalente a cerca de 4,5 newtons. O pessoal da NASA,  sabendo que era praxe que após o projeto da nave os pounds fossem convertidos en newtons, assumiu que isso havia sido feito, o que não ocorreu – a conversão não havia sido checada.

Curiosamente, a outra nave que fazia parte da missão, a  Mars Polar Lander, que havia sido lançada 23 dias depos da MCO, também acabou destruida, pois seus sistemas interpretaram  que a nave havia popusado quando ainda se encontrava a cerca de 35 metros de altitude – os motores foram desligados e a nave se espatifou no solo marciano.

Naquela época, a NASA tocava seus projetos na base do  “better, faster, cheaper”  (melhor, mais rápido, mais barato), tentando realizar mais com menos dinheiro. Contrário a essa politica, e acreditando no velho ditado que diz que a economia é a base da porcaria,  o  New York Times havia publicado em 21 de setembro (dois dias antes do acidente) um artigo entitulado    “Beginning a Bargain-Basement Invasion of Mars”  (algo como “Iniciando uma Invasão de Marte na Base da Pechincha”) , que previa os desastres que se seguiram.

Mas a lição foi útil: a NASA cancelou os projetos de exploração de Marte e os reiniciou do zero, adotando estratégias conservadoras e conceitos já testados. Essa estratégia acabou levando ao lançamento dos  Mars Exploration Rovers  - dois veículos sobre rodas, o Spirit e o Opportunity,  que chegaram a Marte em 2003 e 2004 com vida útil prevista de 90 dias; em maio de 2011 o Opportunity continuava operacional, mas em fins de 2009 o Spirit perdeu contato com a Terra, provavelmente em função do esgotamento de suas baterias; em maio de 2011 a NASA anunciou que considerava amáquina totalmente perdida. 

A história termina bem, mas e se a bordo do MCO houvesse seres humanos? Fica a lição: tecnologia é importante, mas vulnerável a erros humanos; pequenos erros podem gerar grandes tragédias.

Mas será que para a nova missão a Marte, no final de 2011, a Nasa levará em conta essa lição? Essa missão  tentará descobrir se o ambiente de Marte tem ou já teve a química necessária para suportar a vida como a conhecemos na terra. Se seu lançamento atrasar, o projeto como um todo será adiado por dois anos, até que condições favoráveis de alinhamento Terra-Marte tornem a missão viável.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Lançamento de livro

Temos o prazer de convida-los para o lançamento de nosso livro, que acontecerá às 18 horas do dia 26 de maio, no Mercadão da Cidade, à rua XV de Novembro, em Jundiaí.

Aguardamos sua presença


sábado, 21 de maio de 2011

Ferrovias no Brasil: o início

O Barão de Mauá
Irineu Evangelista de Souza, (1813-1889), o Barão de Mauá, nasceu pobre, mas graças à sua capacidade de empreender tornou-se o maior empresário do Brasil e um dos maiores do mundo, à sua época. Foi banqueiro, comerciante e industrial, e graças à sua visão, em 1854 foi criada a primeira ferrovia brasileira.
Naquela época, o Rio de Janeiro era uma cidade muito insalubre: especialmente no verão,  febre amarela,  malária,  dengue e outras doenças assolavam sua população. Para fugir desse ambiente, as pessoas de maior poder aquisitivo passavam o verão no alto da serra, em Petrópolis, um local muito mais saudável.
Isso gerava uma demanda muito grande em termos de transporte de pessoas e mercadorias serra acima; esse transporte era feito por barcos que saindo da Praça XV, no  centro do Rio de Janeiro  cruzavam a baía da Guanabara até o Porto de Estrela – a partir daí, o trajeto era feito por terra, usando-se diligências e carros de carga. 
A Baroneza
Em 1854, Mauá terminou a construção de um trecho de 14,5 km ligando esse porto até a localidade de Fragoso; em 1856 a ferrovia alcançou  Raiz da Serra, onde se iniciava a súbida – era um trecho curto (16,1 km.), mas proporcionava uma significativa economia de tempo. Havia uma única locomotiva, a “Baroneza”, construída em Manchester, Inglaterra pela empresa Willian Fair Bairns & Sons; a “Baroneza” tinha bitola (distância entre os trilhos) de 1,68 m e operou durante 30 anos, , fazendo, atualmente, parte do acervo do Centro de Preservação da História Ferroviária, situado no bairro de Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro – a locomotiva recebeu esse nome em homenagem a Maria Joaquina, esposa de Mauá.
Cerca de 30 anos mais tarde, a ferrovia finalmente chegou a Petrópolis, tendo sido desativada em meados do século XX. Entretanto, trens de subúrbio integrados ao sistema de transporte urbano do Rio de Janeiro ainda percorrem um pequeno trecho da ferrovia criada por Mauá, entre Piabetá e Vila Inhomirim (antiga Raiz da Serra).

sábado, 14 de maio de 2011

XADREZ: O COMPUTADOR versus O CAMPEÃO DO MUNDO

Kasparov enfrentando o Deep Blue
Durante o século XX, os campeões mundiais de xadrez tiveram o status de pop stars: eram notícia de jornal, suas esquisitices eram comentadas até por não enxadristas etc. Lasker, Capablanca, Bobby Fischer e até mesmoo brasileiro Mequinho, o maior jogador brasileiro, tinham fãs ardorosos;  mas o  soviético Garry Kasparov  é considerado por muitos o maior enxadrista de todos os tempos. Foi o jogador mais novo a se tornar campeão mundial, quando tinha 22 anos em 1985, mantendo o título durante muitos anos. Afastado do xadrez profissional, tem uma vida política muito ativa, tendo sido preso várias vezes pos sua oposição ao atual regime russo. 

Criado pela IBM para fins de propaganda, o Deep Blue era um supercomputador que rodava um software criado especialmente para jogar xadrez; seus   256 co-processadores eram capazes de analisar aproximadamente 200 milhões alternativas de jogo por segundo.

Em fevereiro de 1996,    Kasparov disputou um match contra o Deep Blue:  ganhou três partidas, empatou duas e perdeu uma, a primeira, que foi a primeira partida em que   um computador venceu um campeão do mundo. Mesmo tendo vencido o match, Kasparov  disse que “era o último humano campeão de xadrez”, talvez prevendo o que aconteria no ano seguinte.

Em maio de 1997 uma versão atualizada do Deep Blue venceu Kasparov em um novo confronto: após cinco jogos o match estava empatado,  porém Kasparov foi vencido no último jogo - foi a primeira vez que um computador venceu um campeão mundial em um match; o documentário  “Game Over: Kasparov and the Machine” narra o episódio. Especialistas afirmam que na sexta partida Kasparov adotou uma estratégia que pretendia levar o jogo e o match a um empate, mas não teve êxito.

Kasparov disse  que muitos fatores pesaram contra ele, especialmente o fato de não ter tido acesso a jogos recentes do   Deep Blue, enquanto o time do computador pode estudar centenas dos jogos de Kasparov – enxadristas normalmente estudam previamente as partidas de seus adversários  e na   base de dados acessada pelo computador havia mais de 700 mil partidas dos maiores jogadores do mundo. A polêmica foi mais longe: Kasparov acusou a IBM de ter trapaceado, dizendo que jogadores humanos intervieram durante a segunda partida. A IBM se defendeu dizendo que os ajustes no programa e intervenções ocorriam somente entre uma partida e outra. Kasparov pediu os arquivos (log files) que poderiam comprovar suas acusações, mas a IBM se recusou a fornecê-los, embora os tenha disponibilizado na Internet mais tarde.

Inconformado,   Kasparov desafiou a máquina para um novo match, mas a IBM não teve interesse e aposentou  o Deep Blue, o que Kasparov disse ter sido uma forma de   ocultar  as evidências da alegada fraude.

Do ponto de vista tecnológico, cabe lembrar que além dos enxadristas amadores que jogam contra computadores por puro esporte (há softwares com diferentes graus de dificuldade), computadores são utilizados regularmente por profissionais para treinamento e que há inúmeras competições, a nível mundial, para softwares de xadrez. 

Quanto aos campeões mundiais, alguém sabe quem é o atual?