segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

AUSTRÁLIA: BIOMETRIA ELIMINA NECESSIDADE DE EXIBIÇÃO DE PASSAPORTE

O jornal australiano Sydney Morning Herald relata que em breve estrangeiros poderão entrar no país sem  exibir seus passaportes - a identificação será feita por um sistema de reconhecimento facial, que também analisa a sua íris e impressão digital. 
Em 2020, o governo australiano almeja que 90% dos viajantes tenham essa experiência, que deve agilizar o fluxo nos aeroportos, bem como eliminar a necessidade de atendimento humano - a ideia é que os passageiros possam chegar ao país e sair do aeroporto como se estivessem em um voo doméstico. 

Além de agilizar o atendimento, a ideia é liberar pessoal da Border Force (polícia de fronteiras), para acompanhar passageiros "de mais interesse"... Se tudo ocorrer como planejado, o país será o primeiro a implementar esse sistema de autenticação biométrica.
O projeto deve ser implementado primeiramente no aeroporto de Canberra, seguido pelo de Sidney ou pelo de Melbourne. Os testes estão previstos para julho deste ano e o sistema começará a funcionar em março de 2019.
Tudo isso é muito bom, mas remete ao velho problema: mais automação, menos empregos...


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

TECNOLOGIA, BANCOS, EMPREGOS...

A Tecnologia da Informação traz à sociedade inúmeros benefícios, mas pelo menos um grande malefício: o desemprego tecnológico, que vem sendo cada vez mais sentido no ambiente das instituições financeiras, como comentou recentemente Celso Ming, em sua coluna no "Estadão". 
O Banco do Brasil é um exemplo: anunciou o fechamento de 402 agências e espera que os clientes migrem para os canais de atendimento remoto, como internet banking, acesso telefônico e mobile banking – plataforma acionada por dispositivos móveis, como smartphones.
Mas esse não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. Nos Estados Unidos, de outubro de 2015 até o final de 2016, foram fechadas cerca de 400 agências apenas em três instituições: Bank of America, Citigroup e J.P.Morgan. No Reino Unido, o Lloyds Bank pretende fechar 200 agências neste ano.
A última pesquisa divulgada pela Febraban, a Federação Brasileira dos Bancos, mostra que o mobile bankin​g registrou 11,2 bilhões de transações bancárias em 2015, um crescimento de 138% em relação a 2014, quando 4,7 bilhões de operações foram feitas dessa forma (veja o gráfico). De todos os canais de atendimento, o mobile banking só perdeu em número de operações para a internet. Caixas eletrônicos e agências físicas ficaram em terceiro e quinto lugares, respectivamente.
O sócio da área digital e de inovação da consultoria McKinsey, Yran Dias avisa que o sistema financeiro passará por profunda transformação em apenas dez anos: “Deixará de apoiar-se prioritariamente nas agências físicas e focará mais atentamente o cliente e suas demandas”. Por meio de inteligência artificial e análise de big data – informações coletadas pelos dispositivos eletrônicos a cada uso do consumidor–, os bancos migrarão das operações em massa para os serviços de "alfaiataria financeira", que atenderão às necessidades específicas de cada cliente.
O consumidor brasileiro já está hiperconectado. A pesquisa da Febraban mostra que, em 2015, 73% das contas correntes bancárias utilizaram os canais remotos. Esses números deixaram os bancos em condições de endurecer a negociação com os sindicatos dos bancários. A mesma pesquisa mostra que, também em 2015, os bancos brasileiros investiram R$ 19 bilhões somente em tecnologia, cerca de 10% do total investido na área em nosso país.
Especialista na indústria de serviços financeiros, o sócio da consultoria Deloitte, Paschoal Baptista evita dar ênfase à destruição de empregos produzida por essas mudanças. Prefere dizer que o trabalho dos bancários está em transformação: “Até agora, os bancos valorizavam funcionários especialistas em finanças; hoje, querem cada vez mais gente familiarizada com e-commerce e tecnologia”. Aos poucos, gerentes têm sido transferidos para escritórios centrais em que atendem os clientes por dispositivos a distância e em horários que não se restringem ao expediente convencional das agências. Ainda assim, Baptista observa que, em comparação com os avanços da nova experiência com os clientes, os sistemas internos dos bancos ainda são ineficientes, antigos e lentos. E é isso que deve mudar rapidamente.
Por isso, os bancos observam mais atentamente o movimento das fintechs, as startups dedicadas às finanças. São empresas que nasceram já no ambiente digital e perceberam a demanda por praticidade. Entre elas estão bancos exclusivamente digitais, como Nubank, facilitadores de crédito, robôs de investimento e guias financeiros.
A última versão do radar do FintechLab, grupo que monitora essas startups, contabilizou mais de 250 iniciativas no Brasil. No entendimento de um dos autores do radar, Marcelo Bradaschia, as fintechs ganham espaço porque “os serviços dos bancos continuam ruins e caros demais”.
Como desafio, a parceria entre bancos e fintechs brasileiras esbarra nas enormes diferenças do País. Nas áreas urbanas, 63,9% das moradias têm acesso à internet; mas nas rurais esse porcentual cai para 21,2%, segundo o IBGE. Mas o caminho rumo à digitalização indica que a frase de 1994 de Bill Gates segue válida: “Serviços bancários são necessários. Bancos não”.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

TR - 55: O AVÔ DOS PORTÁTEIS

Até não muito tempo, quase todos os produtos fabricados no Japão, inclusive os eletrônicos, gozavam de má fama: eram vistos como cópias sem qualidade de produtos feitos em outros países. 

Em 1954 as coisas começaram a mudar: a Sony, que naquela época chamava-se Tokyo Tsushin Kogyo negociou com a Western Electric e com os Bell Laboratories e obteve licença para produzir rádios transistorizados no Japão. No final desse mesmo ano, a parceria formada pea Texas Instruments e pela Industrial Development Engineering Associates (I.D.E.A.) lançara nos Estados Unidos o TR-1, o primeiro rádio transistorizado a ser comercializado, que no entanto não obteve sucesso. 

Em um processo baseado em tentativa e erro, que durou um ano, a Sony lançou o seu primeiro produto desse tipo, o TR-55, com cinco transistores, que tinha como principal apelo de vendas, a portabilidade. Media 89 x 140 x 38.5 mm e peças publicitárias diziam a respeito dele: “Os dias de rádios a válvula terminaram. Por que não fazer uma mudança em seu lar? O seu rádio transistorizado pode te acompanhar aonde você for”. Além de pequeno, seu design era bastante avançado para a época: diziam que sua parte frontal era baseada no painel dos automóveis Lincoln, fabricados pela Ford e que desde naquela época eram os concorrentes dos Cadillacs em termos de luxo.

Mas além da portabilidade, era barato, útil e, acima de tudo, confiável, tendo contribuido muito para mudar a imagem dos produtos japoneses; rápidamente novos modelos, aperfeiçoados a partir do TR-55, começaram a ser vendidos em todo o mundo. 

O TR-55 serviu de base para quase todos os dispositivos portáteis que usamos hoje - seu sucesso contribuiu decisivamente para que os transistores passassem a ser utilizados em equipamento eletronico de uso pessoal e doméstico, abrindo caminho para as TVs LCD, smartphones, tablets e todos os gadgets que já utilizamos e em que em breve passaremos a utilizar.

Para encerrar, um vídeo mostrando alguns detalhes do TR-55:

Esferográfica - revolucionando a tecnologia da escrita

Dos instrumentos de escrita ainda em uso, o lápis é o mais antigo: teria sido criado, aproximadamente na sua forma atual, em fins do século XVI. No início do século XIX, surgiram as penas de aço, que presas a um corpo de madeira, eram utilizadas para escrever com tinta, método que alguns calígrafos ainda utilizam, mergulhando a pena em um tinteiro. 


Waterman

Esses métodos de escrita tinham alguns inconvenientes: o que era escrito com lápis podia ser apagado facilmente e o uso das penas era pouco prático, pois era necessário transportar a pena, o tinteiro e o mata-borrão, o que além de incômodo às vezes gerava uma sujeira enorme, quando a tinta vazava... Lewis Edson Waterman patenteou em 1884 a caneta tinteiro, resolvendo parte do problema, a portabilidade; mas a secagem da tinta continuou sendo um problema, que em parte ainda persiste, apesar do aperfeiçoamento das tintas. 

Tentando uma solução melhor, o americano John L. Loud registrou em 1888 a patente de um antepassado das atuais esferográficas – o invento foi um fracasso, pois era difícil controlar o fluxo de tinta, o que gerava borrões e sujeira... De qualquer forma, o aparelho acabou sendo utilizado para escrever-se em couro e tecido, mas sem maior sucesso empresarial. 

Biró
O húngaro László Biró (1899-1985) era uma figura e tanto: estudou medicina, mas não terminou o curso. Trabalhou como hipnotizador, piloto de corridas e acabou se dedicando ao jornalismo. No jornal onde trabalhava, ficou intrigado com a diferença de tempos de secagem entre a tinta com que eram impressos os jornais (o papel ficava seco e livre de borrões rapidamente) e a tinta da sua caneta tinteiro (secagem lenta, que borrava muito); Biró juntamente com seu irmão György (um químico), resolveram estudar o assunto. 

A princípio, imaginaram fazer uma caneta tinteiro convencional que usaria o mesmo tipo de tinta utilizada na impressão dos jornais; mas a tinta era muito espessa e não fluía regularmente. Equiparam então, a ponta de um cilindro oco que conteria a tinta com uma pequena esfera que rolava quando a caneta deslizava sobre o papel, distribuindo a tinta. Essa esfera, o bico da caneta e a espessura e viscosidade da tinta deveriam ter características muito específicas, pois era necessário que fosse liberada apenas a quantidade de tinta necessária à escrita, sem que o restante descesse do reservatório para o papel ou tinta secasse no reservatório – era a antepassada próxima das atuais esferográficas.

Em 1938, os irmãos Biró patentearam sua caneta na Hungria, na França e na Suíça, mas com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, para escaparem das perseguições nazistas, fugiram para Paris, depois Madrid e finalmente chegara, à Argentina onde requereram a patente de sua caneta em 10 de junho de 1943. 

Mas para transformar uma boa idéia em um produto é necessário dinheiro. Buscando financiamento conheceram um inglês chamado Harry Martin, que tinha informações que a força aérea inglesa precisava de um instrumento de escrita que funcionasse bem em grandes altitudes – as canetas tinteiro vazavam em grandes altitudes em função da alteração da pressão atmosférica e só escreviam bem na horizontal. Martin conseguiu vender a idéia às forças aéreas inglesa e americana, e no final da guerra, a esferográfica já era utilizada no meio militar. 

Em 1945, quando a esferográfica começou a ser vendida ao público civil, foi uma sensação: no dia de seu lançamento, a Reynolds Pen vendeu oito mil unidades em uma loja de departamentos de Nova Iorque, a um preço de US$ 12,50 (cerca de US$ 150 a preços de hoje) – isso talvez ajude a explicar as filas formadas para as vendas de iPads em seu lançamento – talvez as pessoas tenham uma compulsão que as leva a tentar ser as primeiras a utilizarem uma nova tecnologia. 

A Birome original
Assim nasceu a esferográfica – em muitos países é chamada simplesmente “caneta”, mas na Argentina e Inglaterra, lembrando seus inventores, é chamada “birome” e “biro”, respectivamente. 

Mas o sucesso continuou: em 1944 Biró, licenciou a patente do seu invento para o francês Marcel Bich, que criou na França uma empresa para fabricar canetas esferográficas com o nome BIC. Modificou o design inicial de Biró e implantou um processo de produção em massa que reduziu significativamente o custo das canetas - isso permitiu que elas fossem vendidas a um preço incrivelmente baixo o que ajudou a empresa a crescer e passar a fabricar outros produtos. 

As campeãs de vendas
Até hoje, a BIC continua sendo a líder mundial no ramo das esferográficas. Em 2005 atingiu a marca de 100 bilhões de canetas vendidas. A BIC Cristal, líder de vendas, vende 14 milhões de unidades por dia. 

Mas foi preciso vencer resistências: em nossos tempos de escola primária (anos 50/60), não podíamos utilizar esferográficas, apenas canetas tinteiro. O motivo? Não sabemos! Um detalhe: no Brasil, eram vendidas esferográficas Johann Faber, com corpo de madeira verde escuro. Elas pareciam-se com lápis, e tinham a parte próxima à esfera e o topo vermelhos ou azuis, conforme a tinta que usavam. 


Na virada dos anos 40 para os 50, pessoa de nossa família, militar do Exército, foi ameaçado de prisão case insistisse em usar esferográficas na contabilidade da unidade em que servia; recebeu ordens de continuar usando canetas, daquelas de mergulhar no tinteiro, lançando os créditos em azul e os débitos em vermelho. Por que? Ele morreu sem saber...


Todos os que tentam implementar novidades nas organizações usualmente encontram grandes dificuldades.

TAMBÉM NA TECNOLOGIA O BRASIL TEM HERÓIS

Nestes tempos em que são cultuados os  heróis da bola, vale a pena lembrar um verdadeiro herói brasileiro: o padre jesuíta  Roberto Landell de Moura (1861-1928).  Em 3 de junho de 1900, em São Paulo, segundo relatou o Jornal do Commercio,  o padre  fez as  primeiras transmissões radiofônicas e radiotelegráficas, tendo repetido o feito algum tempo depois em Campinas. Abaixo, uma réplica de seu transmissor.

   Esse fato garante ao Pe. Landell o pioneirismo nessa área, superando o italiano Guglielmo Marconi (1874-1937), que também desenvolveu importantes trabalhos nessa área.  Marconi, no entanto, tinha uma visão muito mais empresarial, tendo conseguido transformar idéias (radiotelegrafia e radiofonia) em  negócios, o que evidentemente não tira seus méritos; já o Pe. Landell se preocupava apenas com o avanço da ciência,  tendo por essa razão demorado a se preocupar com a formalização dos resultados de suas pesquisas. 
Além disso, Marconi encontrou na Europa uma cultura favorável à inovação científico/tecnológica, o que o Pe. Landell não encontrou por aqui, tendo por essa razão mudado-se por alguns anos para os Estados Unidos, onde patenteou e aperfeiçoou seus inventos, que na  sua volta nossa Marinha   passou a utilizar a bordo de seus navios.
O Pe. Landell também realizou pesquisas objetivando a transmissão de imagens, sendo por essa razão considerado um dos precursores da televisão.
Antes de morrer foi elevado pelo Vaticano a Monsenhor e  nomeado Arcediago, justas homenagens por seu trabalho como sacerdote e cientista. Também o Exército homenageou-o, dando seu nome ao Centro de Telemática localizado em Porto Alegre. 

domingo, 22 de janeiro de 2017

MAIS UMA VEZ, FALA-SE EM CIDADES FLUTUANTES

A Polinésia Francesa é um território ligado à França, situado a 6.000 quilômetros a leste da Austrália. Tem área de cerca de 4.200 quilômetros quadrados e é constituída por cinco arquipélagos, onde vivem quase 300 mil habitantes. 

Um problema aflige o território: a provável elevação do nível do oceano,    deve cobrir dois terços do território. 

Buscando enfrentar o problema, o governo local   começou a desenvolver projetos para uma possível cidade flutuante no oceano cuja construção deve começar em 2019! 

A empresa responsável por esse empreendimento futurístico, a Seasteading Institute, vem desenvolvendo conceitos de cidades flutuantes há cinco anos, e agora tem a oportunidade de tirar a ideia do papel. “Além de lidar com o aumento do nível do mar, o projeto visa promover o crescimento tecnológico e econômico”, afirmou a empresa, em nota à imprensa.

De acordo com o diretor-executivo da Seasteading, Randolph Hencken, o projeto não só daria uma nova morada para habitantes das ilhas como também se tornaria uma experiência única para turistas do mundo inteiro, conforme disse   em entrevista à ABC News.

As águas relativamente calmas e pouco profundas da Polinésia Francesa apresentam condições favoráveis às cidades flutuantes. A ideia é começar construindo pequenos abrigos para uma dezena de moradores e, depois, expandir a cidade para abrigar centenas de pessoas.

Apesar de boa parte da população estar reticente com a possibilidade de morar em alto-mar, não dá para negar que as maquetes exibidas são sensacionais. 

A Seasteading acredita que se a experiência tiver sucesso, outras áreas ameaçadas pela elevação do nível do mar, como Miami, podem receber projetos semelhantes, que ao que parece já são tecnicamente viáveis, mas ainda extremamente caros. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A BESTA – O CARRÃO DO TRUMP

O atual carro oficial do Presidente dos Estados Unidos, e que Hillary Clinton adoraria voltar a usar,  é um Cadillac, chamado de The Beast (A Besta) pelo pessoal ligado à segurança do Presidente.
A Besta
O carro utilizado a partir de hoje por Trump, também é chamado Limo One (por analogia com o Air Force One, o avião presidencial), assemelha-se ao Cadillac DTS, embora muitas de suas partes  sejam utilizadas também em outros veículos fabricados pela General Motors – o  chassis, por exemplo, é o do Chevrolet Kodiak, um pequeno caminhão. Acredita-se que cada um desses carros custe cerca de 1,5 milhões de dólares.
Boa parte das características do carro é mantida em segredo, por questões de segurança, mas sabe-se que seus pneus à prova de balas são fabricados pela Goodyear, e que além da blindagem convencional há também proteção contra ataques bioquímicos e sistema para extinção de incêndio. Há inclusive um estoque de sangue do mesmo tipo que o do Presidente, a ser usado em transfusões de emergência.
O carro pode transportar sete pessoas, com o motorista e mais uma pessoa no banco da frente, que é separado do
Obama e o Vice Joe Biden na limo
compartimento dos passageiros por uma divisão de vidro; nesse compartimento, há um assento para três pessoas voltado para a traseira e um assento reclinável para o Presidente e mais uma pessoa – entre esses dois assentos, pode ser desdobrada uma mesa de trabalho.
O carro tem equipamento que permite comunicação com um veículo que sempre o segue e que por sua vez pode fazer conexões de dados e voz com as redes do governo. O motorista é um agente do Serviço Secreto, treinado inclusive em primeiros socorros; normalmente é acompanhado no assento dianteiro pelo chefe da segurança presidencial.
Quando o Presidente deixa Washington, seu carro é
A Besta sendo embarcada
transportado por via aérea, normalmente por um  
C-17 Globemaster III da Força Aérea.  
Seu motor diesel de 6.5 litros consome cerca de 3 litros de combustível a cada 10 km para mover as oito toneladas que pesa A Besta; dizem que seu principal defeito é a baixa manobrabilidade, o que não é de surpreender em carro desse peso e tamanho: quase seis metros!
A Besta agrega bem mais tecnologia que o primeiro carro oficial de um presidente americano, um Stanley Steamer a vapor. usado por Theodore Roosevelt, que governou de 1901 a 1909, com a imagem do qual encerramos este post

O PATO DONALD FOI À GUERRA

Nestes tempos de atentados, guerras, manifestações, etc., somos submetidos pela mídia a um verdadeiro bombardeio, ficando muito difícil distinguir o que é informação, contra-informação ou simplesmente propaganda.  Alguém disse que em situações como essas, a primeira vítima é a verdade...

Há algum tempo revi com grande prazer uma peça de propaganda produzida para o cinema – uma aplicação pioneira da tecnologia à propaganda em tempos de guerra. Propaganda assumida, mas de grande qualidade; não é porque se trata de propaganda que deve automaticamente ser qualificada como lixo, ainda mais quando se trata de propaganda de uma causa com a qual nos identificamos: a guerra às ditaduras, e no caso, à ditadura nazi-fascista.

Trata-se de um desenho animado produzido pelos estúdios Disney e lançado em 1943, ano em que ganhou o Oscar na sua categoria.   Originalmente chamado "Donald Duck in Nutziland" (um trocadilho intraduzível, fazendo menção à loucura nazista), foi rebatizado "Der Fuehrer's Face" ou “A cara do Fuehrer”, título da música tema.  

Donald foi o personagem de outros desenhos animados de propaganda durante a 2a. Guerra Mundial, mas este é meu predileto: tem cenas geniais, como as que mostram as dificuldades da vida diária na Alemanha em guerra, com Donald tentando fazer café amarrando um grão do produto num barbante e mergulhando-o em água quente, tentando comer um pão extremamente duro e borrifando aroma de bacon e ovos na garganta. Outras cenas mostram o clima de irrealidade e de loucura do nazismo, com tudo (árvores, casas, nuvens, etc) tomando a forma de suásticas.
  
Porém, a seqüência mais interessante é a que mostra o dia de trabalho do pato numa fábrica de munições: Donald tem que montar as bombas que passam numa esteira rolante, ao mesmo tempo em que ergue o braço numa saudação nazista dirigida à figura de Hitler pintada em cada uma delas, chegando a um ponto em que não consegue mais coordenar seus movimentos ou sequer parar de se mexer, numa feliz alusão ao processo de robotização a que eram submetidos os que trabalhavam para os nazistas.


Vinicius de Morais, que durante muito tempo foi crítico de cinema, escreveu um artigo elogiando o desenho, publicado no jornal carioca “A Manhã” de 5 de maio de 1943. Curiosamente, os estúdios Disney atualmente evitam mencionar ou de alguma forma exibir essa produção, talvez tentando ser “politicamente corretos”.

Finalmente, tudo termina bem: Donald estava tendo um pesadelo, e quando acorda está coberto pela sombra da Estátua da Liberdade...  Liberdade que esperamos prevaleça para todos nós.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

ESFEROGRÁFICAS: MUITA TECNOLOGIA NA VIDA DIÁRIA

BIC: talvez as mais populares
As esferográficas são consideradas algo absolutamente banal em nossa vida cotidiana: sua onipresença e preços baixíssimos fazem com que não associemos a elas nenhuma tecnologia mais sofisticada. Sua história, no entanto,  é muito interessante; podemos conhecer um puco mais dela aqui.

Mas há uma parte das canetas que é extremamente sofisticada em termos tecnológicos: sua ponta, cuja fabricação requer conhecimentos que até o momento só eram detidos por potências industriais como Alemanha e Japão, uma limitação que a China conseguiu agora  superar após anos de pesquisa.

Uma fabricante do país e uma das maiores siderúrgicas do mundo, a Taiyuan Iron & Steel (Tisco), anunciou que, após cinco anos de trabalho, tinha conseguido desenvolver uma bolinha (ball), o dispositivo que aplica a tinta no papel quando a pessoa escreve, de tão boa qualidade como as importadas, o que foi comemorado no país como se fosse um avanço na tecnologia espacial.

Dentre as mais sofisticadas
Não é para menos. A China é a maior fabricante de canetas do mundo, com três mil empresas dedicadas à atividade, e que, durante anos, teve que importar as pontas, que são patenteadas e, por isso, as companhias chinesas tinham que desembolsar  bilhões de dólares para importá-las, o que contribuía para reduzir a margem de lucro dos empresários.

A China produz 38 bilhões de esferográficas por ano, mas as empresas lucravam apenas 10 centavos de iuan por cada uma delas, cerca de 5 centavos de real; no varejo,  as canetas mais simples são vendidas por um preço 20 vezes maior.  

Li Keqiang
As dificuldades da China de produzir uma caneta 100% nacional foram por anos motivos de inconformidade e até de vergonha para os líderes do país. Há cerca de um ano, o primeiro-ministro Li Keqiang se queixou publicamente do fato: “as (canetas) fabricadas aqui escrevem de forma mais áspera”, reclamou Li em um seminário econômico em Pequim, o que reflete a obsessão do governo por um assunto aparentemente banal.

Em 2011, foi lançado um programa nacional de investimento em pesquisa que envolveu a Tisco e outras companhias. O governo fez um aporte de US$ 8,6 bilhões em quatro anos para desenvolver a tecnologia.

Fabricar uma ponta de caneta perfeita, destacava nesta semana a agência de notícias chinesa “Xinhua”, requer aço de uma qualidade especial que deve ser submetido a mais de 20 processos para ficar pronto.

Nesses processos são acrescentados “microelementos especiais”, destacou a “Xinhua”, sem dar mais detalhes de um segredo quase tão guardado como o da receita da Coca-Cola, e que a Tisco demorou muito tempo para dominar.  

Agora, a empresa, ao lado da fabricante Beifa, descobriu como obter o efeito tão desejado: “as pontas são à prova de desgastes, com excelente escrita e podem substituir completamente as importadas”, garantiu o diretor do laboratório de testes daa Beifa, Hu Shengyang.

A China, que até agora dependia principalmente da importação do produto do Japão, deve substituir as compras pela produção nacional.

O país fixou oficialmente a meta de ser um “líder nacional em inovação” antes de 2030, e isso passa por todos os tipos de produtos - novidades podem chegar a qualquer momento.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

VOCÊ USA UMA DESSAS SENHAS? CUIDADO!

O Portal Supertinteressante publicou matéria de Giselle Hirata, tratando de segurança em relação às senhas que utilizamos em nossos dispositivos eletrônicos.

A matéria dá conta que em 2016 as senhas mais comuns eram as que se seguem, e que podem ser MUITO facilmente hackeadas, com as consequências de praxe:
  • 123456
  • 123456789
  • qwerty
  • 12345678
  • 111111
  • 1234567890
  • 1234567
  • password
  • 123123
  • 987654321
  • qwertyuiop
  • mynoob
  • 123321
  • 666666
  • 18atcskd2w
  • 7777777
  • 1q2w3e4r
  • 654321
  • 555555
  • 3rjs1la7qe
  • google
  • 1q2w3e4r5t
  • 123qwe
  • zxcvbnm
  • 1q2w3e
Uma pesquisa, realizada  por uma empresa de segurança digital, analisando mais de 10 milhões de senhas descobriu serem essas as mais comuns, e consequentemente as mais vulneráveis.

Para se proteger, ao criar senhas, recomenda-se:

NÃO USAR: 

  • senhas baseadas em sequências;
  • datas especiais, número da placa do carro, nomes e afins;
  • senhas relacionadas aos seus gostos, trabalho ou hobbies;
  • palavras que estão ao seu redor;
  • senhas parecidas com as anteriores; e


USAR: 

  • misturas de letras, símbolos especiais e algarismos;
  • letras maiúsculas e minúsculas
  • uma quantidade de caracteres superior ao recomendado
  • regras para criar suas senhas e não esquecê-las
  • sentenças que podem virar siglas. Ex.: “Paguei 20 reais no CD do Bon Jovi”, que se transforma em “P20R$nCDdBJ”


PARA PROTEGER SUAS SENHAS

  • não as anote
  • não use a opção de "lembrar senha" em computadores públicos
  • em computadores públicos ou do escritório, não utilize a opção de "inserir senhas automaticamente", "lembrar senha" ou equivalente que muitos sites e navegadores oferecerem.  
  • sempre clique em Sair, Logoff ou equivalente
  • se possível, não utilize suas senhas mais importantes em computadores públicos ou redes desconhecidas
  • sempre que possível, evite acessar serviços muito importantes para você em computadores públicos . Ao digitar a senha, verifique se você o faz no campo correto
  • mude sua senha periodicamente
  • não use a mesma senha para vários serviços
  • para cada serviço que você usa, utilize uma senha diferente
  • jamais compartilhe as suas senhas, mesmo com gente íntima
  • cuidado com e-mails ou sites falsos que pedem a sua senha.
No mais,  


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Invenção de R$ 0,70 pode mudar medicina em países pobres

O Portal Wired (https://www.wired.com/2017/01/paperfuge-20-cent-device-transform-health-care/) relata que uma invenção que custa cerca de R$ 0,70 pode mudar a medicina e salvar vidas em países pobres e locais sem infraestrutura. A criação foi batizada de "Paperfuge", uma junção de paper (papel) e centrifuge (centrífuga).


Ele foi desenhado por pesquisadores da Stanford University. Um deles, Manu Prakash, um professor assistente de bioengenharia , tem como linha de pesquisa a criação de soluções baratas com foco no cuidado da saúde em países pobres.

O Paperfuge se encaixa bem nesse trabalho: seus materiais saem por cerca de 20 centavos de dólares (perto dos 60 centavos brasileiros) e pode ter grande impacto no mundo.

As centrífugas são equipamentos cruciais para a detecção de portadores do vírus HIV, confirmação de casos de malária, entre outros procedimentos médicos.

Para funcionar, as centrífugas precisam de espaço (são geralmente grandes), eletricidade e dinheiro. “Um bilhão de pessoas em nosso planeta vivem sem eletricidade, infraestrutura, estradas e qualquer tipo de assistência média”, diz Prakash em um vídeo produzido por Stanford.

Inspirado em um antigo brinquedo, o novo apetrecho substitui as centrífugas no trabalho de separar o plasma do sangue. Ao colocar um fino tubo de vidro preenchido com sangue e  acionar o Paperfuge, o conteúdo gira a uma grande velocidade.

Alguns testes mostraram que a amostra de sangue pode girar a até 125.000 rpm (rotações por minuto). Para comparação, uma centrífuga profissional fira a 15.800 rpm.

Veja abaixo um vídeo (em inglês) em que o Prof. Manu Prakash fala sobre o Paperfuge:


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

HONDA CRIA MOTO QUE PARA EM PÉ E ANDA SÓZINHA

Honda lançou na CES 2017, a maior feira de eletrônicos de consumo que aconteceu em Las Vegas de 5 a 8 de janeiro deste ano, uma moto  que para em pé e anda sozinha; a máquina (ainda um conceito), ganhou vários prêmios  na feira.

A tecnologia que da essas características à moto, é chamda Honda Riding Assist e é  uma versão   do sistema de equilíbrio do Asimo, o robô humanoide da Honda. Ela aumenta a segurança na hora de estacionar a moto ou manobrá-la entre os carros em baixa velocidade. Quando o Riding Assist (que ainda não tem previsão de lançamento comercial) está ativado, o veículo também é capaz de andar, lentamente, sozinho. É o primeiro passo para o desenvolvimento de motos autônomas, capazes de rodar sozinhas pelas ruas.

O sistema é ativado automaticamente quando a moto está em baixa velocidade, abaixo de 5 km/h. Primeiro, a suspensão frontal se desloca alguns centímetros para a frente, reduzindo o centro de gravidade do veículo e aumentando sua estabilidade. Em seguida, o sistema monitora a inclinação da moto – e mexe a roda da frente milhares de vezes por segundo para contrabalançar as inclinações e fazer com que o veículo pare em pé sozinho. 

O vídeo abaixo, mostra a tecnologia em operação:


 

domingo, 8 de janeiro de 2017

JAMES BOND NO BRASIL?

Não se trata exatamente de tecnologia, mas a históra é boa: no início dos anos 40, a guerra se espalhava pelo mundo. O Brasil, sob a ditadura Vargas, adotava uma posição dúbia: ora parecia apoiar os alemães e italianos, ora os ingleses, ora dava sinais de que permaneceria neutro.

O SM.82
Enquanto o Brasil não decidia a quem apoiar, empresas ligadas aos países em guerra operavam no país. Uma dessas era a LATI (Linee Aeree Transcontinentali Italiane), companhia aérea italiana que ligava Roma a Buenos Aires, com oito escalas, duas delas no Brasil: Rio de Janeiro e Recife ou Natal; os aviões utilizados eram os Savoia Marchetti, sendo que o último modelo utilizado, o SM.82 tinha capacidade para 12 passageiros, carga útil de 775 kg. e autonomia de 4.800 km a 4.000 metros de altura, com uma velocidade de cruzeiro de 250 km/h.

As atividades da LATI preocupavam o serviço secreto inglês: ela transportava agentes, produtos de uso militar, material de propaganda, etc. Os pilotos italianos também  informavam  os submarinos alemães e italianos acerca da posição de navios ingleses.

Apesar das pressões inglesas no sentido de que o governo brasileiro proibisse as operações da LATI, nada era feito nesse sentido. Além da posição dúbia de Vargas,  o fato de um de seus genros ser diretor da LATI no Brasil talvez possa explicar essa inércia. Era digno de nota o fato de ser a americana Standard Oil quem fornecia  combustível aos aviões italianos – os americanos, apesar de ainda fora da guerra, eram francamente pró-Inglaterra, mas afinal, negócios são negócios...

Percebendo que as pressões não surtiriam  efeito, os ingleses conceberam um plano: lançar Vargas contra a LATI. O plano foi executado por agentes ingleses e canadenses, com a ajuda involuntária de americanos e poderia perfeitamente servir como enredo para um filme de aventura – afinal, Ian Fleming, o criador de James Bond, trabalhava para o serviço secreto de Sua Majestade, em contato com os canadenses.

A ideia era forjar uma carta do presidente da LATI, Aurelio Liotta, dirigida ao diretor geral da empresa no Rio, o comandante Vincenzo Coppola. A carta deveria conter termos ofensivos a Vargas e aos brasileiros, de forma a tornar insustentável a posição da empresa no Brasil. Mas para que não surtisse efeito contrário ao desejado, deveria parecer autêntica.

O plano começou a ser executado com o roubo dos arquivos da LATI de uma carta assinada pelo presidente da companhia, que foi levada para o Canadá, onde se produziu um papel timbrado idêntico ao utilizado pela empresa. 

A carta original fora escrita em uma máquina Olivetti; uma máquina dessa marca teve seus tipos ajustados para produzir escrita idêntica à original. Ela mencionava um (falso) golpe contra Vargas que estaria sendo preparado pelos integralistas com o apoio dos alemães, chamava o ditador de "grassoccio" (gorducho) e os brasileiros em geral de "scimmie" (macacos).


O próximo passo  foi  fazer a carta chegar a Vargas. Os agentes ingleses no Rio contrataram um ladrão para que  furtasse alguns objetos da casa de Coppola; o comandante deu parte à polícia e o assunto foi aos jornais, que era exatamente o que os ingleses queriam.

Um brasileiro que trabalhava para os ingleses, simulando ser o ladrão, procurou um jornalista americano, propondo-lhe vender a carta, que teria “encontrado” na casa. O jornalista  aceitou e repassou-a ao embaixador americano,  que a levou pessoalmente a Vargas; este não teve alternativa: o último voo da LATI ocorreu em 19/12/41 – foram 211 viagens.


Os bens da empresa foram confiscados e seus empregados italianos internados, menos um: o comandante Coppola, que na véspera do fechamento da empresa, sacou todo o dinheiro da companhia de um banco do Rio (cerca de um milhão de dólares, hoje cerca de dezessete milhões) e desapareceu. Mais tarde, foi preso tentando cruzar a fronteira argentina, tendo sido condenado a sete anos de prisão (que não se sabe se foram cumpridos) e  multado em 85 mil dólares por infração das leis brasileiras, multa que não se sabe se foi paga. Parece que o crime compensou!

sábado, 7 de janeiro de 2017

WATSON: SOFTWARE SUBSTITUINDO PESSOAS

O Watson,  produto da IBM que a empresa define como uma plataforma de computação cognitiva, substituirá 34 funcionários de um escritório de seguros no Japão, de acordo com o jornal The Mainichi.
Essa plataforma é um software de análise de dados com inteligência artificial, que ajuda gestores a tomarem decisões, entre outras centenas de funções - neste blog já apresentamos o Watson atuando na cozinha. Essencialmente, ele “pensa” como um ser humano e consegue interpretar textos, áudios, imagens e vídeos.
O Watson vai começar a atuar neste mês na Fukoku Mutual Life Insurance Company lendo documentos médicos e determinando pagamentos com base em informações sobre acidentes, ferimentos, históricos e procedimentos médicos.
O investimento inicial do projeto é de 1,7 milhão de dólares, com custo de manutenção anual de 128 mil dólares. A empresa espera poupar 1,1 milhão de dólares por ano com o uso do IBM Watson. 
Um exemplo do uso do Watson no Brasil é no  Bradesco. O Watson aprendeu o nosso idioma e a companhia ensinou o sistema a responder mais de 50 mil perguntas dos funcionários sobre suas rotinas de trabalho - é possível acreditar que em breve passe a substituir funcionários de call center.
O Fórum Econômico Mundial prevê que a inteligência artificial pode eliminar mais de 7 milhões de empregos nas 15 maiores economias nos próximos anos. Enquanto essas plataformas realizam trabalhos repetitivos, humanos podem ter mais tempo livre para executar tarefas que exigem mais “humanidade” - tomara que seja verdade...