quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

ESFEROGRÁFICAS: MUITA TECNOLOGIA NA VIDA DIÁRIA

BIC: talvez as mais populares
As esferográficas são consideradas algo absolutamente banal em nossa vida cotidiana: sua onipresença e preços baixíssimos fazem com que não associemos a elas nenhuma tecnologia mais sofisticada. Sua história, no entanto,  é muito interessante; podemos conhecer um puco mais dela aqui.

Mas há uma parte das canetas que é extremamente sofisticada em termos tecnológicos: sua ponta, cuja fabricação requer conhecimentos que até o momento só eram detidos por potências industriais como Alemanha e Japão, uma limitação que a China conseguiu agora  superar após anos de pesquisa.

Uma fabricante do país e uma das maiores siderúrgicas do mundo, a Taiyuan Iron & Steel (Tisco), anunciou que, após cinco anos de trabalho, tinha conseguido desenvolver uma bolinha (ball), o dispositivo que aplica a tinta no papel quando a pessoa escreve, de tão boa qualidade como as importadas, o que foi comemorado no país como se fosse um avanço na tecnologia espacial.

Dentre as mais sofisticadas
Não é para menos. A China é a maior fabricante de canetas do mundo, com três mil empresas dedicadas à atividade, e que, durante anos, teve que importar as pontas, que são patenteadas e, por isso, as companhias chinesas tinham que desembolsar  bilhões de dólares para importá-las, o que contribuía para reduzir a margem de lucro dos empresários.

A China produz 38 bilhões de esferográficas por ano, mas as empresas lucravam apenas 10 centavos de iuan por cada uma delas, cerca de 5 centavos de real; no varejo,  as canetas mais simples são vendidas por um preço 20 vezes maior.  

Li Keqiang
As dificuldades da China de produzir uma caneta 100% nacional foram por anos motivos de inconformidade e até de vergonha para os líderes do país. Há cerca de um ano, o primeiro-ministro Li Keqiang se queixou publicamente do fato: “as (canetas) fabricadas aqui escrevem de forma mais áspera”, reclamou Li em um seminário econômico em Pequim, o que reflete a obsessão do governo por um assunto aparentemente banal.

Em 2011, foi lançado um programa nacional de investimento em pesquisa que envolveu a Tisco e outras companhias. O governo fez um aporte de US$ 8,6 bilhões em quatro anos para desenvolver a tecnologia.

Fabricar uma ponta de caneta perfeita, destacava nesta semana a agência de notícias chinesa “Xinhua”, requer aço de uma qualidade especial que deve ser submetido a mais de 20 processos para ficar pronto.

Nesses processos são acrescentados “microelementos especiais”, destacou a “Xinhua”, sem dar mais detalhes de um segredo quase tão guardado como o da receita da Coca-Cola, e que a Tisco demorou muito tempo para dominar.  

Agora, a empresa, ao lado da fabricante Beifa, descobriu como obter o efeito tão desejado: “as pontas são à prova de desgastes, com excelente escrita e podem substituir completamente as importadas”, garantiu o diretor do laboratório de testes daa Beifa, Hu Shengyang.

A China, que até agora dependia principalmente da importação do produto do Japão, deve substituir as compras pela produção nacional.

O país fixou oficialmente a meta de ser um “líder nacional em inovação” antes de 2030, e isso passa por todos os tipos de produtos - novidades podem chegar a qualquer momento.