quarta-feira, 3 de julho de 2019

MORRE LEE IACOCCA, O PAI DO MUSTANG

Morreu em 2 de julho, aos 94 anos,  Lido Anthony "Lee" Iacocca, um dos mais famosos executivos da indústria automobilística. Era filho de imigrantes italianos e foi também foi um conhecido autor de livros de negócios, liderança e governança corporativa. Foi considerado o 18° melhor CEO estadunidense da história.
Lee Iacocca nasceu em Allentown, na Pensilvânia, e frequentou a Universidade de Princeton; teve uma ascensão  meteórica na Ford americana,   ajudando a criar carros como o Mustang e o Escort, que salvaram a empresa que vivia uma crise infindável - ficou conhecido como "O Pai do Mustang". 
Apesar do sucesso acabou sendo demitido, provavelmente devido aos seus desentendimentos frequentes com Henry Ford II, que em termos práticos era o dono da empresa. Trabalhou na Ford de 1946 a 1978, tendo exercido a presidência a partir de 1970.
Da Ford foi para  Chrysler, que também vivia eternamente  em crise, tendo ali conduzido uma reviravolta durante a década de 1980. O Pai do Mustang se tornou celebre junto ao grande público graças às suas participações em campanhas publicitárias, mais notavelmente uma campanha da Chrysler  em que disse ao público: "se você encontrar um carro melhor, compre". Ficou na Chrysler de 1978 até 1992.
Seu legado não se restringiu  apenas ao cenário automotivo americano, mas para a forma como o mundo vê os carros. Sua influência em diversas áreas, desde as práticas de fabricação do produto até o negócio como um todo, afetou diretamente, para o bem ou para o mal, a maneira como a indústria automobilística funciona hoje.

"Lee nos deu uma mentalidade que ainda hojenos motiva — caracterizada pelo trabalho duro, dedicação e coragem", disseram representantes da Fiat Chrysler, em comunicado. "Estamos comprometidos em garantir que a Chrysler, agora FCA, seja uma empresa desse tipo, um exemplo de compromisso e respeito, conhecida pela excelência e por sua contribuição à sociedade. Seu legado é a resiliência e a fé inabalável no futuro que vive nos homens e mulheres da FCA, que lutam todos os dias para viver de acordo com os altos padrões que estabeleceu".

segunda-feira, 1 de julho de 2019

JÁ SE FALA EM TECNOLOGIA 6G

Enquanto a tecnologia 5G começa chegar ao mercado no Brasil de forma extremamente lenta, em alguns lugares do mundo já se começa a falar em 6G.  

Antes de seguirmos falando de 6G, vale a pena assistirmos a este vídeo, produzido pelo portal Olhar Digital que nos esclarece um pouco mais sobre o assunto. 

O lugar onde o assunto está mais avançado é a Coréia do Sul, através da Samsung; o jornal  Korea Herald informou  que a marca criou um novo centro de pesquisa, focando principalmente na pesquisa da sexta geração de internet móvel. Essa unidade, chamada  Advanced Communications Research Center, está situada em Seul, capital sul coreana, e pretende liderar a pesquisa em redes 6G. 

Dado que o uso de 5G ainda está em estágio inicial, a maioria das pessoas provavelmente está se perguntando o que significa o 6G neste momento. E a resposta pode ser: não muita coisa. 6G é ainda pouco mais que é um nome provável para a próxima tecnologia de redes de celulares, mas o seu desenvolvimento ainda está em estágio inicial e, provavelmente, não vai se transformar em nada palpável nos próximos três ou quatro anos.

No portal da Samsung Research não há muitas informações sobre o 6G, informa apenas que "na Europa, China e Estados Unidos, há discussões abertas sobre a necessidade de pesquisas sobre o 6G, a próxima geração após o 5G, e os primeiros projetos de pesquisa já estão em andamento em todo o mundo".

Mas ao que parece, passarão muitos anos até que a rede móvel da sexta geração seja ativada; na verdade, provavelmente serão necessários alguns anos até que o próprio 5G se torne algo comum em todo o planeta.



terça-feira, 18 de junho de 2019

CAMUFLAGEM DAZZLE: COMO A BAIXA TECNOLOGIA PODE SER ÚTIL

Normalmente associamos a palavra "tecnologia" a coisas bastante sofisticadas, como a computação nos dias atuais. 

Mas uma boa definição para o termo seria "conjunto de técnicas de um domínio particular", envolvendo ou não coisas mais sofisticadas. De fato, a palavra tecnologia   vem do grego tekhne que significa “técnica, arte, ofício”, juntado à palavra logos, também grega, que significa “conjunto dos saberes”.

É de uma tecnologia dessa espécie, baixa, muito simples, que falaremos hoje, a camuflagem Dazzle - em inglês, o verbo dazzle significa algo como "ofuscar" - a foto ao lado mostra o navio West Mahomet camuflado dessa forma.

Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, parecia ser impossível conter os submarinos alemães que atacavam os navios ingleses - centenas deles foram afundados. Os submarinos podiam aguardar suas presas ocultos,  submersos ou meio submersos, enquanto os navios, podiam ser vistos ao longe, graças ao seu tamanho, mastros e chaminés fumacentas. 

Pensando no assunto, o artista inglês  Norman Wilkinson, oficial da marinha que servia a bordo de submarinos, teve uma ideia: já que era impossível pintar um navio para que ele não pudesse ser visto por um submarino, por que não pinta-lo de maneira a que os submarinistas inimigos tivessem dificuldade para definir seu tamanho e rumo utilizando seu periscópio? 

Essa definição era fundamental para que os torpedos fossem disparados com precisão e o esquema ao lado mostra como os submarinistas poderiam ser induzidos a erro pelos navios camuflados dessa forma. 

Wilkinson propôs então a camuflagem Dazzle, pintando nos navios listras, formas curvas, ziguezagues etc., utilizando cores como branco, preto, azul, verde etc. - mais de 2 mil navios foram pintados em cerca de um ano. Outros mil foram pintados pela marinha americana; inúmeros padrões Dazzle foram desenvolvidos por artistas ingleses e americanos. 

O publico não foi unânime: a nova camuflagem foi chamada de "bando de ovos de Páscoa marítimos", "cruzamento entre a explosão de uma caldeira e um acidente de trem" etc. - quanto ao inimigo, parece ter se convencido da utilidade da Dazzle, pois começava a pintar seus navios da mesma forma quando a guerra acabou; isso pode ser explicado pela imagem abaixo, que mostra como um navio seria visto através do periscópio de um submarino, com e sem camuflagem.  


sexta-feira, 14 de junho de 2019

HACKERS SEMPRE EXISTIRAM: EM 1834 UMA REDE DE DADOS FOI HACKEADA NA FRANÇA

Nestes tempos em que se fala muito de hackeamento de redes, vale a pena voltar a  falar de ataques a redes ocorridos no passado, quando computadores e celulares  não existiam.

Já  falamos do assunto em post anterior, relatando ataques ocorridos quando o conceito de telegrafia elétrica estava sendo apresentado.

Hoje trataremos de ataque ainda mais antigo.  Em 1794, o governo francês criou um sistema de comunicação chamado telégrafo ótico ou semafórico. Nada tinha a ver com o telégrafo convencional, inventado bem mais tarde - parecia-se com o sistema de comunicações entre navios que era usado na época, em que bandeirolas eram usadas para compor mensagens.  

O sistema era composto por duas grandes hastes instaladas no topo de edificações parecidas com moinhos de vento; cada posição das hastes significava uma letra, sendo cada haste movida por cordas e roldanas, de forma a representar a letra seguinte.

Munido de telescópio, o operador da torre seguinte copiava a mensagem que chegava e a retransmitia para a torre seguinte - era um sistema bastante eficiente e cobria as principais cidades do país.

Em 1834, o sistema foi hackeado pelos gêmeos François e Joseph Blanc. Os irmãos operavam na bolsa de Bordéus e caso soubessem qual era o comportamento da bolsa de Paris, a mais importante da França, poderiam levar vantagem nas compras e vendas de ações.

O telégrafo ótico seria a forma ideal para obter essas informações, porém seu uso era restrito ao governo. Mas os irmãos estudaram o sistema e descobriram que ele tinha uma espécie de tecla "backspace", que servia para "apagar" a informação anteriormente transmitida caso houvesse erro.

De posse dessa informação, os irmãos subornaram um dos operadores do sistema para incluir determinados "erros" conforme a bolsa de Paris subisse ou descesse. 

Um cúmplice dos irmãos, munido de um telescópio, captava essas informações, que eram usadas para otimizar os resultados dos negócios dos Blanc, que durante dois anos ganharam fortunas, sendo tidos como gênios das operações em bolsa. 

Mas um dia o esquema ruiu: o cúmplice adoeceu e pediu a um amigo que o substituísse por alguns dias; esse amigo simplesmente denunciou o esquema às autoridades. 

Os irmãos foram presos em 1836, mas logo depois foram soltos. Por que? Porque não havia nada que proibisse o "hackeamento" da rede semafórica; logo em seguida foi criada uma lei que punia severamente esses ataques.

Mas os gêmeos, sob a liderança de François (foto ao lado) prosseguiram com negócios pouco convencionais, especialmente cassinos, tendo participado ativamente na criação do cassino de Monte Carlo, em Mônaco. 

Com a jogatina também ganharam muito dinheiro, tendo sido os responsáveis pela introdução do modelo atual de roleta em 1843 - dizem que François teria feito um pacto com o diabo para ter sucesso nesse negócio, o que explicaria o fato de as roletas terem números de 0 a 36, que se somados dão 666, "o número da besta". 

Como dissemos no post que citamos acimanihil novi sub soli... 

terça-feira, 11 de junho de 2019

O GURU DA NINTENDO


Hiroshi Yamauchi, falecido em 2013 aos 85 anos, tinha 22 anos quando assumiu a empresa fundada pelo avô e transformou a então fabricante de baralhos em um gigante mundial dos videogames. 

Ele comandou a Nintendo por 53 anos e mudou o mercado de entretenimento com o lançamento em 1983 da Nintendo Famicom (Family Computer), também conhecida como NES (Nintendo Entertainment System) e que foi um dos primeiros sucessos no ramo de games para serem jogados em casa, tendo vendido 60 milhões de unidades.

Yamauchi, que dizia não jogar, afirmava ser “um vendedor de entretenimento” e sob sua liderança, a Nintendo também lançou os consoles Super Nintendo, Nintendo 64, o videogame portátil Game Boy e as séries “Super Mario Bros.”, “Star Fox” e “The Legend of Zelda”.

Mesmo depois de sair da presidência da Nintendo em 2002, Yamauchi continuou como consultor da empresa e em 2012  foi listado como o 12º japonês mais rico na lista da revista Forbes, com um patrimônio estimado em 8 bilhões de dólares. Foi também dono do time de baseball Seattle Mariners.  

A Nintendo, que chegou a ter 90% do mercado de videogames hoje vem enfrentando concorrentes poderosos, como mostra o gráfico abaixo que mostra as vendas de consoles em milhões de unidades, mas de qualquer forma ainda é uma uma força nessa área, não se podendo falar em game over; Yamauchi disse certa vez que “a guerra dos games nunca vai terminar. Ninguém sabe o que surgirá amanhã”.



sexta-feira, 31 de maio de 2019

HACKERS AUMENTAM O NÚMERO DE ATAQUES DDOS

Há um tipo de ataque a servidores de redes de computadores chamado DDoS (Distributed Denial of Service). Nessa modalidade, um hacker (attacker na figura ao lado), aciona um computador (controller) que vai instalar software em inúmeros (às vezes até milhares) de computadores chamados zumbis (zombies), quase sempre sem que seus usuários percebam. 
Esses zumbis, por sua vez, são comandados a acessar um determinado servidor (ou servidores) de uma grande organização ao mesmo tempo - por exemplo tentando consultar um site hospedado no servidor. Como esses servidores não conseguem atender a esses acessos simultaneamente, acabam tendo sua performance muito degradada, às vezes parando completamente. 
Além dos hackers de praxe, certamente governos estão se preparando para realizar ataques desse tipo contra possíveis inimigos, numa situação de guerra - há registros da ocorrência de fatos dessa espécie. Imaginemos os resultados de ataques desse tipo a redes de distribuição de energia elétrica ou de telecomunicações...
Segundo estudos da Kaspersky Lab, empresa que produz softwares de segurança, antivírus e outros, o número desses ataques  aumentou 84% durante o primeiro trimestre deste ano em comparação com o anterior - é  uma reversão da tendência de diminuição desse tipo de ataque que fora notada em 2018. 
A Kaspersky recomenda que as organizações deem mais atenção à segurança, de forma a que possam evitar esses ataques. Essa atenção à segurança deve também ser dada por todos os usuários de computadores pessoais.   

Recentemente publicamos artigo que trata deste tema: 


domingo, 26 de maio de 2019

ARQUIMEDES: A MODERNA TECNOLOGIA DEVE MUITO A ELE


Os romanos pretendiam conquistar cidade de Siracusa, situada na costa leste da Sicília, de forma a que pudessem ter o domínio completo daquela ilha.
Em 214 a. C. cercaram a cidade, cuja defesa era comandada por Arquimedes, inventor, matemático, filósofo – um polímata, enfim (polímata, que em grego significa "aquele que aprendeu muito" - é uma pessoa cujo conhecimento não está restrito a uma única área).
Os romanos eram muito superiores em recursos, mas Arquimedes desenvolveu tecnologia que permitiu à resistência prolongar-se até 212 a.C.  Dentre outras coisas, Arquimedes criou um guindaste  que era usado para erguer os navios inimigos e solta-los, ficando os mesmos destruídos na queda.    
Diz-se que ele criou também um sistema de espelhos, que funcionava como mostra o esquema ao lado, usado para concentrar os raios solares sobre os navios romanos, incendiando-os, embora não haja prova de que tal arma tenha existido.
Mas a superioridade em material e homens dos romanos, que eram comandados pelo general Marco Cláudio Marcelo, prevaleceu: Siracusa caiu. O general havia ordenado que a vida de Arquimedes, que tinha 78 anos (uma idade avançadíssima para a época) fosse poupada. O sábio, que continuou seus estudos em casa após a invasão da cidade, certo dia ao ser interpelado  por um soldado romano, protestou contra a interrupção de seu trabalho e grosseiramente mandou o soldado retirar-se; este,  sem saber de quem se tratava, matou-o. Um quadro pintado em 1815 por Thomas Degeorge mostra esse fato.
A história conta também que Arquimedes descobriu que o volume de qualquer corpo pode ser calculado medindo o volume de água movida quando o corpo é submergido na água – isso é conhecido como o Princípio de Arquimedes. Ele chegou a essa conclusão quando encontrava em uma banheira, tendo saído nu para as ruas de Siracusa gritando Eureka, que em grego  significa descobri.
Para encerrar uma curiosidade: na versão italiana dos quadrinhos de Disney, o Prof. Pardal é conhecido como Archimede Pitagorico, o que pode ser encarado como uma homenagem a dois sábios, Arquimedes e Pítagoras, também filósofo e matemático

sexta-feira, 17 de maio de 2019

JAPÃO ESTÁ TESTANDO NOVA GERAÇÃO DE TRENS BALA

O Shinkansen, o primeiro  trem bala, entrou em serviço em 1964, a tempo de ser utilizado para transportar o público que foi às Olimpíadas de Tóquio - sua velocidade máxima era 210 km/h (55 anos depois não temos nada parecido por aqui...). A foto ao lado mostra o então imperador Hiroito na inauguração do serviço.

Agora, os japoneses estão testando mais uma geração dessa tecnologia: o Alfa-X, que deverá percorrer os 1.150 quilômetros que separam  Tóquio de Sapporo em quatro horas e meia. 

O Alfa-X, que pode ser visto neste vídeo e cuja foto está no final deste post, chama atenção por ter um “nariz” bastante alongado, uma das características aerodinâmicas que ajudará a levar sua velocidade máxima a 400 km/k, embora a velocidade durante as viagens regulares deva ficar em torno de 360 km/h; será composto por dez carros.

Mas o Alfa-X não é o trem mais rápido do mundo: quem detêm esse título hoje é o maglev de Shangai, que pode chegar a 431 km/h e cuja foto está ao lado. Os japoneses pretendem lançar em 2027 uma linha maglev entre Tóquio e Nagoia, cujo trem poderá bater 505 km/h.

Maglev é uma tecnologia que permite que o trem não tenha contato com a linha, "levitando" sobre ela quando em alta velocidade,com a utilização de forças magnéticas. 



 

terça-feira, 14 de maio de 2019

MAIS TECNOLOGIA NO CONTROLE DO TRÁFEGO AÉREO

A NATS (National Air Traffic Services, https://www.nats.aero) é uma empresa privada britânica, da qual o governo detêm
uma pequena participação acionária (4%), alem de uma "golden share" - autoridade para vetar decisões que forem contra os interesses do país. 

A NATS é responsável pelo controle do tráfego aéreo e serviços correlatos naquele país e em outros; no ano de 2018, atendeu, apenas no Reino Unido, 2,52 milhões de voos, com mais de 250 milhões de passageiros. 

Na atualidade vem adotando ferramentas de tecnologia da informação que permitam tornar o tráfego aéreo mais fluido, permitindo que os aviões regulem sua velocidade quando ainda muito longe dos aeroportos, evitando "congestionamentos" em que os aviões ficam circulando sobre o aeroporto esperando sua vez de pousar, o que  gera gastos inúteis de combustível e aumento da poluição.

Essas ferramentas permitem também otimizar a altitude a que os aviões voam, aproveitando as correntes aéreas com os mesmos objetivos - economia de combustível e redução da poluição. Também tornam possível que aviões voem mais perto uns dos outros e utilizem rotas mais diretas, sem perda da segurança e com os ganhos acima mencionados. 

Tudo isso permitiu que nos últimos anos, no espaço aéreo do Reino Unido, fossem geradas economias da ordem de US$ 175 milhões, apenas em combustível; também deixaram de ser geradas cerca de 228 mil toneladas de CO2. 

A NATS conta com mais de 4 mil funcionários, dos quais 1,7 mil controladores de voo. Uma interessante animação dá uma visão geral dos serviços que a empresa presta.   

sexta-feira, 10 de maio de 2019

ESTARIAM AS MULHERES VOLTANDO A LIDERAR A ÁREA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO?

Na atualidade, ao pensarmos nos grandes nomes da área de TI, nos vem à mente nomes como  Mark Zuckerberg (Facebook), Tim Cook (Apple), Jeff Bezos (Amazon) e outros, todos homens - os mais próximos à área podem se lembrar de Marissa Mayer, que dirigiu o Yahoo durante alguns anos.
Mas essa realidade pode mudar em breve, já que um exame oficial feito em 2018 pelo governo dos Estados Unidos com cerca de 15 mil alunos de 600 escolas públicas e particulares de ensino fundamental indicou, mais uma vez, que as meninas estão à frente dos meninos em temas ligados aos universos da tecnologia e da engenharia.
Os resultados do levantamento indicaram que elas são mais aptas a resolver equações e coisas do tipo com maior facilidade do que eles, apesar de se interessarem menos por ciências exatas – 61% dos meninos que participaram do exame intitulado “Technology and Engineering Literacy Assessment” (“Avaliação de Alfabetização em Tecnologia e Engenharia”) frequentam aulas (não obrigatórias) dessas matérias, ao passo que entre as meninas o índice é de 53%.
De forma similar, os estudantes de ambos os sexos  melhoraram suas notas pela primeira vez desde 2014, e quase a metade deles (46%) obteve índices satisfatórios. O teste oficial é aplicado anualmente nos Estados Unidos, e pelo menos desde 2016 as notas femininas são melhores do que as masculinas. 
Vale lembrar que esses jovens ainda deverão cursar o “High School” – o equivalente ao nosso Ensino Médio – e geralmente é nessa fase da vida escolar que eles decidem qual carreira pretendem seguir.  
Pode ser que voltemos aos tempos da Irmã Mary Kenneth Keller, a primeira doutora em Ciência da Computação, de Kay McNulty, Betty Jennings, Betty Snyder, Marlyn Wescoff, Fran Bilas e Ruth Lichterman, que lideraram a produção do software para o ENIAC (Electronic Numerical Integrator And Computer - o primeiro computador de uso geral), da almirante Grace Hopper, que entre outras coisas, esteve envolvida na criação do FORTRAN e do COBOL; foi tão importante nessa área que, a Marinha dos Estados Unidos , da qual era oficial, deu seu nome a um navio. 
E se desejássemos voltar ainda mais no tempo, seria fundamental lembrar a Condessa Ada Lovelaceuma matemática e escritora inglesa que é reconhecida principalmente por ter escrito, nos anos 1840, o primeiro algoritmo a ser processado por uma máquina, a máquina analítica de Charles Babbage.

Os machistas que se cuidem...

sexta-feira, 3 de maio de 2019

ROBÔS COMEÇAR TAMBÉM A CARREGAR E DESCARREGAR CAMINHÕES

O velho processo de carregar e descarregar caminhões, quase todo executado de forma manual, com apoio de equipamentos pouco sofisticados, pode estar chegando ao fim.

A agência Bloomberg publicou matéria dando conta que na guerra pelo domínio da logística do comércio eletrônico, as transportadoras FedEx e  UPS apostam na automação para enfrentar uma ameaça potencial da Amazon, que pode aumentar sua presença também nessa área. A automação, no caso, visa resolver um problema crucial nessa área, o processo de carregar e descarregar caminhões.

Fabricantes de robôs estão trabalhando para resolver esse problema: a Siemens e a Honeywell construíram máquinas que puxam pacotes da traseira de um reboque e os colocam em esteiras transportadoras, avisando quando os pacotes estão prontos para triagem. Fabricar robôs que podem fazer carregamentos em caminhões é mais complicado, embora superar esse obstáculo pareça não estar longe. O maior desafio está no fato de que cada pacote é diferente em tamanho, forma, peso e material.


Os dispositivos de carregamento automatizado levaram anos para serem desenvolvidos e ainda não foram suficientemente aperfeiçoados, refletindo a dificuldade de trabalhar com uma variedade de pacotes empilhados de forma diferente de caminhão para caminhão. As máquinas também precisam de espaço dentro dos centros logísticos e depósitos que já estão repletos de equipamentos. A máquina  da Siemens requer modificações nos reboques; o equipamento da Honeywell não exige alterações, mas não é tão rápida no descarregamento.

O aparelho da Honeywell é um gigante sobre rodas que tem uma série de ventosas para pegar pacotes empilhados. Funciona com a maioria dos reboques e descarrega tão rápidamente quanto um trabalhador fazendo isso manualmente - um vídeo mostrando-o em operação pode ser visto aqui.
  
Resolver o quebra-cabeça tridimensional de carregar um reboque é mais difícil do que descarregar um, como dissemos. No entanto, a startup Dorabot, que tem financiamento do gigante chinês do comércio eletrônico Jack Ma, está testando a tecnologia de carregamento automatizado com dois clientes.

Os robôs da startup, que usam inteligência artificial e podem carregar 400 pacotes por hora em um reboque, estão sendo aperfeiçoados; sua entrada no mercado está prevista para dentro de  um ano e meio.

Outros concorrentes de menor porte estão na briga por esse mercado, que promete ser acirrada - um exemplo é o da máquina da Wynright, que pode ser vista aqui.

terça-feira, 30 de abril de 2019

CHINA BUSCA A SUPREMACIA NO CAMPO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A China produz 75% dos smartphones e 90% dos computadores fabricados no mundo. Isso é um negócio de proporções monumentais: apenas no Brasil foram vendidos em 2018 R$ 58,1 bilhões em smartphones (44,4 milhões de unidades) e R$ 13,9 bilhões em computadores (5,5 milhões de unidades).

Esses números são importantes para qualquer economia, mas a China não pretende continuar sendo apenas “a fábrica do mundo”, uma nação de operários fabris e agricultores – ela busca a supremacia tecnológica, quer a liderança em uma área realmente sensível, a Inteligência Artificial (IA).

Em outubro de 2017, Xi Jinping pronunciou, durante o Congresso do Partido Comunista Chinês, um discurso de mais de três horas em que instou o país a tornar-se o líder na área de IA “porque essa tecnologia dominará o mundo”.

Para atingir esse objetivo até o ano de 2030, o chefe supremo do país determinou que fossem investidos recursos da ordem de 150 bilhões de dólares, além de determinar outras providências, como a inclusão de IA nos currículos de todas as escolas do país.

Segundo um relatório da Universidade Tsinghua, de Pequim, no período de 2013 a 2018, 60% dos investimentos mundiais em IA foram feitos na China. O país segue investindo em centros de pesquisa e em parcerias com empresas privadas chineses, tendo delegado a cinco delas a responsabilidade de conduzir o processo de desenvolvimento de IA: Baidu, Alibaba, Tencent, iFlytek e Sensetime.

Ainda é cedo para termos certeza se a liderança será realmente alcançada pelos chineses, mas seus movimentos vêm causando grande preocupação entre os únicos que podem se contrapor a eles na área: os americanos. Essa preocupação se acentua na medida em que o desenvolvimento da IA pode deixar os chineses capazes de competir de maneira mais eficiente com os americanos não apenas no campo econômico, mas talvez (e principalmente) no campo militar.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

SENHAS FRACAS, PERIGO CONSTANTE

O National Cyber Security Centre (NCSC), órgão do governo britânico, acaba de publicar os resultados de uma pesquisa acerca de segurança no uso de equipamentos pessoais, computadores e smartphones. 

São muito interessantes os resultados da pesquisa no que se refere a senhas, listando as cem mil senhas mais usadas que já foram violadas por hackers.

A campeã, como não poderia deixar de ser, é 123456; as nove seguintes são: 123456789, qwerty, password, 111111, 12345678, abc123, 1234567, password1 e 12345.

Na lista de senhas ruins, aparecem termos comuns, como "superman" e "pokemon", por exemplo, além de nomes próprios como "charles " e "mary". Há casos também de empregados que usam o nome da companhia como senha.

O NCSC faz algumas recomendações para aumentar nosso nível de segurança, quase todas de conhecimento geral: 

- Usar conjunto de ao menos três palavras aleatórias, sem relacionamento entre si, mas que podem ser relembradas facilmente, tais como "cafétrempeixe" ou "murocamisanuvem";

- Não usar a mesma senha para acesso a locais diferentes; 

- Não usar dados pessoais ou incluir o nome do usuário na senha, e

- Combinar letras, símbolos, números e maiúsculas ao definir a senha.   

Mas o pior de tudo é que, mesmo aqueles que atuam na área, quase nunca seguem essas recomendações com muito rigor...

quarta-feira, 24 de abril de 2019

HACKERS INVIABILIZARÃO OS CARROS AUTÔNOMOS?


Neste momento em que se discute, e muitos acreditam ser iminente, a chegada ao mercado dos carros sem motorista, há uma dúvida que assola os responsáveis pelos projetos desses carros: a possibilidade de que hackers assumam o controle e roubem o carro, objetos em seu interior ou, ainda pior, causem acidentes ou pratiquem ações terroristas.
Essa dúvida é pertinente; afinal, computadores isolados e até mesmo grandes redes gerenciadas por empresas poderosas, que investem pesadamente em segurança, são frequentemente atacadas com sucesso. Um exemplo é o da Equifax, grande empresa americana da área de tecnologia que foi invadida em fins de 2017, tendo os hackers roubado dados pessoais de 143 milhões de cidadãos americanos. Twitter, LinkedIn e Facebook já foram invadidos com sucesso.
Por que haveria de ser diferente com carros? Até mesmo os convencionais podem sofrer ataques. A revista Wired relata um caso de ataque a um veículo ocorrido em 2015 nos Estados Unidos: sua central eletrônica foi invadida, o ar condicionado foi ligado em seu nível máximo, o rádio foi ligado também em volume máximo, fluido para limpeza passou a ser jogado para o para-brisas e o limpador ligado; finalmente, a rotação do motor subiu e o carro perdeu velocidade. O motorista perdeu todo o controle sobre essas funcionalidades. Felizmente era um teste, e os hackers apesar de poderem faze-lo, não atacaram os freios e outros sistemas que poderiam comprometer a dirigibilidade do veículo. 
Muitos argumentam que ataques de hackers não diminuíram a velocidade de expansão da internet, quer em número de usuários, quer em volume de negócios e informações que trafegam por ela. Outros, acreditam que leis mais abrangentes e severas possam combater esses problemas.
Como quase sempre ocorre, resta ao cidadão comum esperar e torcer para que tudo acabe bem...

quarta-feira, 17 de abril de 2019

SISFRON: MUITO IMPORTANTE PARA O BRASIL, MAS FALTA $$$...

O SISFRON (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) é um sistema de sensoriamento, apoio à decisão e apoio à atuação integrada dos órgãos governamentais, para fortalecer a presença e a capacidade de ação do Estado na faixa de nossa fronteira terrestre, especialmente combatendo a criminalidade transfronteiriça e reforçando a defesa de nossas fronteiras. Radares, sensores, equipamentos de comunicações, veículos, embarcações, drones, aviões de pequeno porte, computadores e software comporão o SISFRON.

Temos 16.886 km de fronteira terrestre, abrangendo 588 municípios em 11 estados; como a lei define que a faixa de fronteira abrange 150 km, teríamos uma parcela de 27% de nosso território a ser controlada pelo sistema.

Os estudos iniciais iniciaram-se em 2010, com implantação total prevista inicialmente para 2021 e agora adiada para 2035! Hoje apenas uma parte muito pequena do sistema está em operação piloto, no estado de Mato Grosso do Sul (desde 2013).

Até o final de 2019, apenas 9,1% dos investimentos necessários serão feitos, em função da situação econômico-financeira do país; em valores atuais, o projeto está orçado em 12 bilhões de reais.

Em 2015 estagiamos no 2º Batalhão de Fronteira, sediado em Cáceres, no estado de Mato Grosso e pudemos sentir a gravidade da situação. Essa unidade é responsável pela guarda da faixa de fronteira nesse estado: são cerca de 900 km de fronteira com a Bolívia, dos quais metade fronteira seca e metade constituída por rios e pelo Pantanal.

O 2º BFron conta com cerca de 600 homens, divididos entre sua sede e 4 Pelotões Especiais de Fronteira (PEF), localizados em Corixa, Casalvasco, Fortuna e Guaporé – nesses pelotões revezam-se a cada 30 dias  grupos de cerca de 30 homens. Esses pelotões localizam-se em áreas estrategicamente escolhidas, muito próximas à fronteira e ao redor dos quais desenvolvem-se pequenos povoados, cujos habitantes procuram a segurança que lhes dá a presença do Exército, que dá também assistência médica e apoio às pequenas escolas próximas aos PEF.

Também atua na área o Grupo Especial de Fronteira (Gefron), da Políca Militar de Mato Grosso, com cerca de 100 homens; a Polícia Federal tem ainda menos gente na área.  

É um efetivo muito pequeno para uma região problemática: desde roubo de caminhões e máquinas agrícolas, contrabando, desmatamento e garimpo ilegais até roubo de gado são frequentes na área. Mas o principal problema é o tráfico de drogas “no atacado”: grandes quantidades de maconha, cocaína e outras substâncias chegam da Bolívia passando pela fronteira com destino às grandes cidades e a outros países.

O tráfico acontece por via terrestre, utilizando as estradas “oficiais” (poucas), mas principalmente as “cabriteiras”, caminhos de terra que cruzam a fronteira e também por via aérea, com pequenos aviões lançando suas cargas para que cúmplices as recolham. Face à extensão da área e dos recursos humanos disponíveis, é impossível controla-la de forma eficaz – o SISFRON seria uma ferramenta importante para sanar parte desses problemas. Vale lembrar que especialistas consideram que as drogas são responsáveis por cerca de 80% da criminalidade urbana.

Para encerrar, mais algumas “peculiaridades” da área: bolivianos recebem Bolsa Família e aposentam-se pelo INSS, mesmo residindo no país vizinho...