domingo, 14 de fevereiro de 2016

AS MULHERES E O ENIAC, O PRIMEIRO COMPUTADOR DE USO GERAL

Em fevereiro de 1946, a manchete da primeira página do
Betty Jenings, Marlyn Wescoff e Ruth Lichterman programando 
The New York Times anunciava: "Electronic Computer Flashes Answers, May Speed Engineering" – algo como “As respostas instantâneas do computador eletrônico podem acelerar os projetos de engenharia”.
O referido computador era o ENIAC (Electronic Numerical Integrator And Computer), o primeiro computador de uso geral, com 17.468 válvulas, 7.200 diodos, 1.500 relês, 70.000 resistores, 10.000 capacitores e cerca de 5 milhões de pontos soldados manualmente. Pesava cerca de 27 toneladas, media  2.4 × 0.9 × 30 metros e ocupava uma área de  167m2.
Consumia    150 kW de letricidade e dizia–se  que todas a vezes em que a máquina era ligada, as luzes da cidade de Filadélfia, piscavam.
Os dados entravam via cartões perfurados e os resultados do processamento também eram fornecidos dessa forma; os cartões gerados eram então impressos usando máquinas comerciais como  a  IBM 405.
A construção do ENIAC custou o equivalente a R$ 24 milhões de hoje, e foi encomendada pelo Exército Americano, que pretendia utiliza-lo para cálculos balísticos – foi também utilizado para cálculos relativos a armas atômicas.
Betty Jennings e Fran Bilas operando o ENIAC
Enquanto a quase totalidade do pessoal envolvido com o projeto e construção do hardware era constituída de homens, liderados por John Mauchly e J. Presper Eckert da University of Pennsylvania, o contrario acontecia com o software: predominavam as mulheres, destacando-se entre essas pioneiras da área Kay McNulty, Betty Jennings, Betty Snyder, Marlyn Wescoff, Fran Bilas e Ruth Lichterman.
Além das dificuldades do pioneirismo – não existiam linguagens de programação e sistemas operacionais e os programas eram construídos através da conexão de cabos em 40 painéis, elas não podiam sequer ver a máquina, que era um segredo militar; quando a imprensa apresentou o ENIAC, algumas dessas programadoras apareceram em fotografias, mas seus nomes permaneceram em segredo, só vindo a público muito mais tarde – foram as primeiras profissionais da programação.  
Apesar desse pioneirismo, o que se observa em todo mundo é uma queda no número de mulheres atuando em TI - segundo, esse número caiu de 40 para 25%, segundo Alaina Percival, que dirige a "Women Who Code" (Mulheres Programadoras), entidade que reune mulheres que atuam na área.