A CNIL (Commission nationale de
l'informatique et des libertés) órgão do governo francês responsável pela proteção de dados, anunciou ter multado a unidade francesa da Amazon em 32 milhões de euros, por usar sistemas “excessivamente intrusivos” para vigiar seus trabalhadores.
Segundo a
CNIL, os sistemas empregados, que
inclusive (e talvez principalmente) tem por objetivo aumentar a
produtividade, são uma violação das novas regras de privacidade adotadas pela
União Europeia, batizadas GDPR, em inglês General Data Protection Regulation.
Em função da
GDPR, grandes empresas de tecnologia americanas têm sido multadas
frequentemente na Europa; a multa ora aplicada nasceu de uma
denúncia feita em 2019 feita por trabalhadores da unidade francesa da Amazon.
A CNIL esclareceu
que os trabalhadores são observados por sistemas de vigilância, um dos quais recebeu
o apelido de “metralhadora” e é destinado a monitorar a velocidade das mãos do
pessoal que manipula os pacotes a serem enviados aos clientes. Além disso,
existem sistemas de inteligência artificial que medem o “tempo ocioso” de cada
trabalhador.
A Amazon
disse discordar das conclusões da CNIL que levaram à multa, da
qual pretende recorrer. Disse também que sistemas de gerenciamento de armazém
são padrão da indústria, necessários para garantir a segurança, qualidade e
eficiência das operações.
Ainda segundo
a Amazon, a “metralhadora” existe para que os pacotes sejam manipulados na
velocidade adequada, nem muito devagar, nem muito depressa, sem erros ou perda
de eficiência. Quanto ao monitoramento do “tempo ocioso”, ele acontece para que
a cadeia de movimentação de pacotes, que funciona como uma linha de montagem,
não sofra interrupções.
Há não muito
tempo, a Amazon foi acusada de tratar de forma inadequada os funcionários de
seus armazéns nos Estados Unidos, tendo a mesma dito ter tomado as medidas
corretivas necessárias – provavelmente apenas as necessárias para que o tema
não volte a atrair a atenção da mídia.