O portal da FAPESP publicou interessante
artigo dando
conta que avanços recentes em áreas de TI, associados ao
desenvolvimento de sistemas globais de navegação e geoprocessamento (GPS),
estão ampliando as perspectivas de uso dos veículos aéreos não tripulados, os drones, na
agricultura.
O drone utilizado no projeto |
Relativamente baratas e fáceis de usar, essas aeronaves,
equipadas com sensores e recursos de imagem cada vez mais eficientes e
precisos, podem auxiliar agricultores a aumentar a produtividade e reduzir
danos em lavouras por meio de levantamentos de dados que permitem detectar
pragas e estimar o índice de crescimento das plantas, para citar alguns
exemplos.
Diante das possibilidades de uso dessas aeronaves, os cientistas
da computação Bruno Squizato Faiçal, Heitor Freitas e o professor Jó Uedyama, do
Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo
(ICMC-USP) de São Carlos, interior paulista, desenvolveram, com apoio da
FAPESP, um sistema inteligente e autônomo de pulverização de agroquímicos baseado
em drones.
O uso de agroquímicos é essencial na agricultura de larga
escala. Esses defensivos químicos, em geral, são pulverizados manualmente sobre
as lavouras ou com o auxílio de tratores. Mesmo quando usam algum tipo de
proteção, como máscaras, os trabalhadores rurais ficam expostos ao produto, que
pode provocar sérios problemas de saúde como câncer e efeitos adversos ao
sistema nervoso central e periférico.
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Os sensores instalados no campo |
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos. A venda no país
cresceu substancialmente nos últimos anos, saltando de US$ 2 bilhões em 2001
para mais de US$ 8,5 bilhões em 2011, segundo um relatório do Instituto
Nacional do Câncer (INCA) sobre os riscos para a saúde humana do uso de
agrotóxicos. Controlar a quantidade de agroquímicos aplicados nas lavouras, por
sua vez, é muito difícil. A pulverização quase sempre está sujeita a fatores
meteorológicos, como a velocidade e direção do vento, que podem comprometer sua
aplicação na área de cultivo, espalhando-o por áreas vizinhas.
O sistema desenvolvido pelos pesquisadores do ICMC-USP prevê o
uso coordenado de um drone de asas rotativas (hélices), e uma
rede de sensores sem fio instalada ao redor da área de cultivo. Baseia-se em um
sistema de inteligência artificial capaz de ajustar a rota da aeronave de
acordo com condições meteorológicas específicas.
Segundo eles, isso se dá por meio do
cruzamento de dados gerados pelo drone com os obtidos em tempo real pelos
sensores instalados às margens da área a ser pulverizada. “Primeiro, o drone faz alguns voos de treinamento em
diferentes alturas e condições meteorológicas para conhecer o padrão de
deposição de seu sistema de pulverização e a influência causada pelas condições
meteorológicas”, explica Faiçal. “Essas informações são armazenadas para que
mais tarde sejam usadas para construir um modelo de conhecimento que permita ao drone
tomar decisões durante a pulverização em condições meteorológicas
semelhantes às anteriores ou inéditas.”