quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

LIGHT FIDELITY (LI-FI) – ACESSO À INTERNET POR MEIO DA LUZ?

Em meados de 2001, publicamos no jornal “O Tempo”, de Belo Horizonte, artigo no qual discutíamos a possibilidade de conexão à Internet através da rede elétrica, eliminando os problemas referentes à chamada “última milha” (last mile), que sempre foi o pesadelo dos profissionais de telecomunicações: trata-se do trecho, usualmente curto, que conecta as residências e escritórios aos canais de comunicação de banda mais larga.
Esse trecho, normalmente constituído por linhas de tecnologia mais antiga e frequentemente instaladas de forma mais precária, acaba comprometendo a performance não só de serviços mais sofisticados, como a Internet, mas às vezes até mesmo do serviço telefônico padrão.
Decorridos 16 anos, pouco se avançou nesse sentido, exceto no que se refere à conexão wireless (wi-fi), quase sempre restrita a ambientes  menores, especialmente nos países menos desenvolvidos.
Agora, o assunto volta à pauta, desta vez transformando lâmpadas em dispositivos capazes de permitir a conexão à web. A nova tecnologia, chamada li-fi – ‘light fidelity’, começou a ganhar forma no final deste ano, quando começaram testes na Europa com  lâmpadas compatíveis com essa tecnologia.
O Professor Haas
Embora a tecnologia tenha sido apresentada (de forma conceitual) há cinco anos pelo professor Harald Haas, da Universidade de Edimburgo, o li-fi ganhou notoriedade recentemente, quando os primeiros resultados dos testes em condições reais foram divulgados, tendo a  empresa estoniana Velmenni comprovado que é possível transmitir dados através da luz, de maneira estável e com maior segurança do que a conexão wi-fi.
Desde  2003 Haas tentava encontrar uma forma de democratizar o acesso à internet. Observou a quantidade de lâmpadas que estão ao nosso redor e sabendo que o wi-fi   e a conexão móvel dependem de antenas e roteadores para serem utilizados pois  utilizam frequências de rádio, tendo por isso custo mais alto e sendo sujeitos a interferências, resolveu pesquisar o uso de outra frequência,   a da luz visível.
A ideia é que uma lâmpada LED transmitia os sinais, através de oscilações na sua luz (em nano segundos, totalmente imperceptíveis ao olho humano); será necessário que os dispositivos a serem conectados tenham receptores específicos para captar essas oscilações – ainda não estão disponíveis computadores e celulares com esses receptores. 
Diferentemente do wi-fi, que utiliza sinais de rádio para transmissão, com um limite atual de 867 megabits por segundo, o li-fi, por funcionar com luz não visível, atinge velocidades muito superiores; a tecnologia vem sendo aperfeiçoada,  tendo se conseguido transmitir dados a 224 gigabits por segundo; para se ter uma ideia dessa velocidade, cerca de 18 filmes poderiam ser baixados em 1 segundo. É difícil prever qual será a velocidade de um produto comercial, pois isso ainda depende dos padrões que serão adotados; com certeza será  maior que a do wi-fi, mas não tão grande quanto a obtida em testes. Vale lembrar que o record de velocidade em terra é do carro inglês Thrust 2, que chegou a 1.228 km/h, enquanto o record da F1 corridas é de Valtteri Bottas, 372 km/h, ou seja, um produto “comercial”, quase nunca tem a performance obtida em testes de laboratório.
Outra vantagem do li-fi está na segurança, pois como a luz não atravessa paredes, ficará mais difícil o acesso de “intrusos”.  Além disso, Li-fi possui a vantagem de ser apta para uso em áreas sensíveis às ondas eletromagnéticas, como cabines de aeronaves, hospitais e usinas nucleares, pois não causam interferência eletromagnética.
Por enquanto, o li-fi só funciona bem em ambientes fechados; especialistas acreditam que a tecnologia tende a ser utilizada complementando o wi-fi, pois em determinadas situações, com um celular dentro de uma gaveta ou em um bolso, ele ficaria desconectado.
Apesar de promissora,  tecnologia ainda exige muita pesquisa até que possa ser disponibilizada para uso comercial, e isso deve consumir ainda bastante tempo.