sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

CARROS AUTÔNOMOS: MAIS TRABALHO PARA ADVOGADOS

A Mercedes autônoma
A Bloomberg divulgou um interessante artigo mostrando como a chegada dos carros autônomos, sem motorista, pode trazer um grande volume de casos para os advogados. imaginemos um carro-robô sem ninguém atrás do volante batendo contra outro carro autônomo. De quem é a culpa?
Ninguém sabe a resposta. Mas os advogados estão animados com as perspectivas de receberem grandes honorários com esses acidentes. Se os computadores têm problemas com frequência, dizem eles, o mesmo acontecerá com os carros operados por eles, o que parece ser bastante lógico, especialmente para aqueles que, como nós, trabalhamos com Tecnologia da Informação.
E se não há ninguém atrás do volante, os advogados acreditam que será possível processar (e defender) um grande número de envolvidos, tais como programadores de computadores, empresas de computação, desenvolvedores de algoritmos, a Google, empresas de mapeamento e até mesmo governos – certamente será um terreno bastante fértil para os advogados.
Proclama-se que os carros autônomos da Google   e de outras fabricantes levarão a um futuro livre de acidentes, no qual os reflexos precisos dos robôs impedirão que os passageiros corram perigo. A utopia automotiva poderá um dia eliminar a morte nas rodovias, dizem seus defensores. Mas até lá é inevitável que uma primeira geração de carros-robôs colida com outros veículos autônomos e também com aqueles guiados por humanos.
“Chegará um momento em que haverá um acidente e não se poderá determinar quem ou o que foi o responsável”, disse David Strickland, ex-diretor da Administração Nacional de Segurança do Trânsito Rodoviário dos Estados Unidos (NHTSA, na sigla em inglês) e agora sócio do escritório de advocacia Venable LLP em Washington. “É aí que começa a dificuldade”.
As preocupações dos consumidores em relação à responsabilidade
Um autônomo do Google
certamente representarão um obstáculo à aceitação dos carros autônomos. É por isso que Volvo, Google e  Mercedes-Benz já falam em aceitar a responsabilidade se seus veículos provocarem um acidente.
“Nós queremos que os clientes tenham confiança de que fizemos um trabalho realmente bom”, disse Anders Eugensson, diretor de assuntos governamentais da Volvo. “É por isso que dizemos que se alguma coisa acontecer, nós assumiremos a responsabilidade. Nós sentimos que não podemos lançar veículos para o público se não formos capazes de declarar isso”.
Mas os advogados não dão muita importância a essa promessa, que consideram apenas mais uma estratégia de marketing.
Um Volvo autônomo
O fato é que a legislação atual, quase sempre,  responsabiliza o proprietário/motorista do carro pelos acidentes. Se um proprietário quer culpar o fabricante,  precisa provar que este foi negligente em alguma medida. Mas a legislação atual   não contempla os carros sem motoristas.
“Serão necessárias mudanças nas leis”, disse Strickland. “Não existe nada atualmente que diga que a fabricante do sistema automatizado é financeiramente responsável pelos acidentes”.
E os donos de carros autônomos  não se sentirão  responsáveis em um acidente, especialmente se estivessem dormindo no banco de trás ou, como sugeriu Eugensson, da Volvo, “atualizando o Facebook”.
“Ninguém quer ser processado  por um acidente que não tinha o poder de evitar”, disse Bryant Walker Smith, professor de Direito da Universidade da Carolina do Sul que já escreveu bastante a respeito da responsabilidade nos casos de carros autônomos.