Chamamos deepfakes vídeos nos quais o rosto de uma pessoa é "
transplantado" para o corpo de outra.
Não é difícil produzir deepfakes; talvez a mais comum seja utilizando o aplicativo FakeApp. O usuário precisa encontrar uma
série de fotos do rosto que deseja transplantar para o vídeo e um algoritmo de
inteligência artificial embutido no aplicativo analisa os movimentos na face do filme que
receberá o transplante. A partir dai, e com base nas fotos, o rosto mostrado pelas fotos, com movimentos muito realísticos, será "juntado" ao corpo.
Alguns dos resultados são impressionantes.
Tudo começou com uma simples brincadeira de geeks,
mas as coisas estão tomando uma dimensão muito grande; a primeira utilização da tecnologia é voltada à pornografia e os vídeos assim produzidos podem ser enviados via redes sociais, por exemplo, com efeitos devastadores sobre a reputação das pessoas.
Agora, com a aproximação das eleições, pode-se pensar no tamanho dos estragos que essa tecnologia pode trazer ao divulgar vídeos fake. Em maio do ano passado, existiam no Brasil 120 milhões de usuários do WhatsApp - somos cerca de 147 milhões de
eleitores. É razoável imaginar que a maior parte dos brasileiros aptos a
votar troquem mensagens pelo sistema, que é o meio de comunicação digital
mais difícil de monitorar. Temos como analisar a disseminação de dados
pelo Facebook, pelo Twitter, pela web, mas o WhatsApp, dedicado a conversas
privadas, não raro em grupos, é mais fechado.
Empresas como Google, Facebook e Twitter, e até mesmo sites pornográficos, estão trabalhando para conter essa praga, mas por enquanto, só nos resta torcer para que consigam, ainda mais porque ainda não há legislação específica para esses casos em que o rosto
de uma pessoa, celebridade ou não, é colocado no corpo de outra,
dificultando investigações e punições.
O jornal Washington Post publicou um pequeno vídeo falando sobre o assunto.