quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Fontes feias ajudam o aprendizado?!?

A revista Cognition publicou recentemente um artigo (http://web.princeton.edu/sites/opplab/papers/Diemand-Yauman_Oppenheimer_2010.pdf) relatando pesquisa acerca da utilização de fontes para impressão de materiais escolares conduzida pelos  professores Connor Diemand-Yauman e Daniel M. Oppenheimer da  Princeton University  e Erikka B. Vaughan da Indiana University.

É disseminada a crença de que material como apresentações em PowerPoint, apostilas etc., se elaborados de forma a terem sua leitura facilitada, com visual atraente e fontes  como Arial e Helvética,  levam a um aprendizado e retenção mais eficazes. 

Os pesquisadores resolveram buscar evidências científicas que validassem essa crença, no entanto, concluiram exatamente o contrário: se o material se tornasse um tanto quanto “disfluente”, ou seja, mais difícil de ler e entender, acabaria levando os estudantes a  dedicarem mais atenção ao mesmo, aumentando os níveis de aprendizagem e retenção. No que se refere às fontes, o  uso de Monotype Corsiva, Comic Sans em itálico e Haettenschweiler contribuem para essa “disfluência”.
Após apresentarem os resultados de suas pesquisas, os autores concluem seu trabalho afirmando que se uma alteração tão pequena como essa pode melhorar o processo de aprendizagem, pode-se acreditar que outras alterações podem levar a uma grande melhoria da performance dos estudantes e do sistema educacional como um todo.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

WikiLeaks - a tecnologia assustando governos

A tecnologia  Wiki permite que as pessoas trabalhem em conjunto construindo textos, desenvolvendo projetos etc. Semelhante a um blog em estrutura e lógica, permite que seus qualquer pessoa poste, modifique ou delete conteudo colocado em um web site,  ao contrário do que ocorre com um blog onde apenas o autor pode fazer isso, cabendo aos visitantes comentar o material postado.

O termo Wiki, que significa “rápido” no idioma havaiano, pode se referir ao site que funciona dessa maneira ou a software utilizado para cria-lo; o primeiro desses sites foi criado por   Ward Cunnigham em  1995.

A maioria de nós conhece e utiliza um wiki: a Wikipédia, enciclopédia livre lançada por  Jimmy Wales e Larry Sanger em 2001. Ela já tem 3,5 milhões de artigos em inglês e cerca de 600 mil em português, todos postados e revisados basicamente por voluntários. A presença dos voluntários é ao mesmo tempo o ponto forte e o ponto fraco da Wikipedia, pois permite seu crescimento constante mas também traz muitas imprecisões – de qualquer forma, é um instrumento bastante útil, desde que utilizado com cautela.

Muitas empresas estão utilizando a tecnologia Wiki para desenvolver sistemas que permitam a seus funcionários e parceiros criarem e acessarem informações de forma rápida – evidentemente, nesses casos o acesso é restrito a pessoas autorizadas.

Mas o que antes parecia apenas mais uma curiosidade sem muito futuro no mundo da tecnologia e depois mais uma ferramenta de trabalho para empresas, está mostrando poder ser um grande problema para governos que tem algo a esconder (e todos tem): em 25 de julho passado, o site   WikiLeaks (http://wikileaks.org, fundado em 2006) publicou mais de   90.000 documentos classificados (secretos, sigilosos etc) das forças armadas dos Estados Unidos, documentos esses referentes a operações desastradas que resultaram em mortes de civis (às vezes, assassinato pura e simplesmente),    problemas logísticos e outros que vem sendo enfrentados pelos americanos no  Afeganistão principalmente; logo em seguido, outros documentos, referentes à comunicação entre diplomatas americanos, foram também liberados.

O tema vem sendo debatido pela mídia em todo mundo, tendo despertado a ira do governo e dos militares americanos, que vêem na divulgação riscos às suas operações e aos afegãos que os apoiam. Apesar desses riscos, há os que apoiam a divulgação , alegando o direito da população americana de saber realmente o que seus militares vem fazendo.

A divulgação gerou um acalorado debate nos Estados Unidos sobre o nível  de acesso que deve ter a população daquele país a documentos secretos das forças armadas e outros órgãos governamentais.

Talvez este seja um exemplo de como a tecnologia pode auxiliar a trazer a público informações que usualmente são ocultadas pelos governos: WikiLeaks diz que sua missão é procurar e divulgar esse tipo de informação, o que de forma geral é bom para a democracia e para a sociedade como um todo.


Afeganistão: roupa de baixo blindada!

 

Nas duas primeiras guerras mundiais, a maior parte das baixas  devia-se a fogo de artilharia e metralhadoras. No Vietnã, minas e outras armadilhas explosivas  foram responsáveis por cerca de 11% das baixas americanas. No Iraque e no Afeganistão, essas são as armas mais letais, e com uma novidade: a maioria delas é detonada por controle remoto, sendo utilizados como acionadores equipamentos como telefones celulares e aparelhos de controle remoto de uso doméstico, aqueles que acionam TVs, portões eletrônicos, etc. Para neutralizar esses acionadores, os americanos estão instalando em seus veículos equipamentos que interferem nos sinais emitidos por esses aparelhos, impedindo assim as explosões.

 

Apesar de, ao que parece, os americanos e seus aliados ainda não terem percebido  que é impossível ganhar essa guerra, a busca por mais segurança aos soldados, prossegue: a BBC noticiou recentemente que a peça mais recente do kit de tecnologia que será oferecido às tropas britânicas que servem na província de Helmand, no Afeganistão, são as cuecas blindadas. O nome pode parecer irreverente ou desapropriado, ainda mais porque as soldados também as usarão, mas o objetivo de seu uso é muito sério: evitar lesões na região pélvica, causadas pelas explosões de bombas que são colocadas nas estradas pelos talibãs.

 

A preocupação dos soldados com ferimentos nessa parte do corpo não é nova: na 2ª Guerra Mundial pilotos costumavam  colocar placas de metal sob a almofada de seus assentos - o Exército Brasileiro, que está iniciando um processo de revitalização de seus helicópteros AS350 Esquilo, substituirá os assentos convencionais da tripulação por assentos blindados. Os militares ingleses que estão partindo  para Helmand receberam quatro cuecas/calcinhas anti-explosivos. Parecem shorts de ciclista, mas são feitas de um material balístico especial composto de seda e fibras sintéticas que – apesar de ultra-leve – pode deter ou reduzir os efeitos das pequenas partículas que viajam a grande velocidade depois de uma explosão. 

 

Como as bombas são plantadas nas estradas e normalmente acionadas quando veículos ou soldados estão sobre elas,   muitos dos feridos por bombas no Afeganistão sofreram lesões graves na região pélvica, pois boa parte   da força da onda destrutiva se dirige para cima, até a virilha e a parte superior da perna. Cerca de 45 mil peças já foram entregues no Afeganistão, junto a outras 15 mil que estão prontas e serão divididas entre as tropas. Espera-se que no começo de 2011, o fabricante entregue um pedido no valor de 9,3 milhões de dólares. 

 

Uma segunda "capa" de proteção adicional às cuecas de combate, também distribuída aos soldados, vem em cores de camuflagem. É amarrada nas pernas e usada sobre as calças. Podem ser enroladas e presas a uma correia na parte de trás da calça, com velcro, ou – quando os soldados saem em patrulha – podem ser estendidas nas pernas e presas dos lados para formar uma bolsa de proteção. Em seu interior, há uma camada de proteção adicional. 

 

Quando as forças britânicas se encontram em patrulha ou estão fora das principais bases no Afeganistão, levam coletes à prova de bala para proteger áreas vitais como o pulmão, coração, fígado e rins, assim como um capacete e lentes que protegem a cabeça e os olhos. No entanto, artérias importantes estão localizadas na área da virilha, propensa ao suor, e por isso a roupa íntima a prova de explosões teve de ser feita com materiais que permitissem a circulação e não causassem desconforto.

 

Fontes da área de defesa britância dizem que  muitos fatores devem ser levados em conta na criação de materiais como esse, mencionando que a seda pode parecer um material extravagante, mas em termos de proteção é muito eficiente, especialmente quando atua em conjunto com determinadas fibras sintéticas; lembram também que chineses e japoneses   usam   seda para blindagem corporal há pelo menos mil anos.

 

A guerra é algo realmente triste. Inocentes pagam a maior parte da conta. Nossa esperança é que a tecnologia   possa ao menos contribuir para minorar os sofrimentos das vítimas e tornar melhor a vida dos sobreviventes.