terça-feira, 13 de novembro de 2012

Cloud Computing amplia horizonte de negócios


Com o título acima, o “Estadão” publicou recentemente  texto dando conta de que o mercado de tecnologia da informação (TI)  continua em plena expansão e atraindo recursos: em 2012, o investimento no setor deve subir 12% na América Latina, segundo estudo do IDC, uma instituição de pesquisa na área; isso significa uma movimentação de mais de US$ 97 bilhões. Com uma vantagem adicional - os benefícios desse movimento são transversais, pois afetam praticamente todos os segmentos empresariais.
Um exemplo marcante de como essa influência ocorre está no ciclo virtuoso criado pelo fenômeno Cloud Computing (computação em nuvem),  onde é possível armazenar e compartilhar dados de forma remota, ciclo esse que transformou as relações de consumo da informática e está estimulando o crescimento de empresas menores e, mais do que isso, abrindo espaço para novos negócios antes totalmente inviáveis.
Até pouco tempo atrás, a capacidade da TI de uma empresa era ditada pelo poder do equipamento que ela tinha em suas instalações. Aumentar a capacidade significava comprar servidores e sistemas de storage mais poderosos, e cada compra precisava contemplar uma margem de crescimento - já antevendo um aumento da demanda, pagava-se antecipadamente por ela.
Esse modelo excluía algo que atualmente é fundamental: a demanda é flutuante e pode subir ou descer muito em um curto espaço de tempo, principalmente no caso de setores que lidam com o grande público. O sistema de uma empresa varejista, por exemplo, pode ter seu número de acessos multiplicado repentinamente caso a empresa anuncie uma promoção relâmpago, voltando aos seus níveis normais logo em seguida.  Nessa situação, ou a empresa superdimensionava seu parque de TI para atender adequadamente ou atendia mal, com quedas de sistemas, tempos de resposta muito altos etc. – qualquer alternativa não era boa para os negócios.  
Além disso, o acesso das pessoas à internet, a presença massiva nas redes sociais e a popularização dos dispositivos móveis (tablets, smartphones) está fazendo com que a demanda por procesamento e  espaço para armazenagem de dados aumente muito. Tanta gente acessando dados de diversos lugares de forma ininterrupta e os sincronizando entre diferentes dispositivos gera uma demanda imprevisível.
Ao mesmo tempo em que ajudou a estimular esses fenômenos, a computação em nuvem surgiu como resposta para essa nova realidade. Os usuários de Cloud Computing não precisam mais comprar grandes servidores nem aumentar suas capacidades de armazenamento de forma radical - pagam pelo uso mensal, assim como fazem com    luz, água ou gás.
Apesar de ser algo novo, Cloud Computing é a materialização de um sonho antigo das empresas de tecnologia. Na década de 1960, o projeto Multics (Multiplexed Information and Computing Service) era liderado pelo MIT em conjunto com o Bell Labs e a GE, organizações que detinham alguns dos principais centros privados de pesquisa do mundo. Seu objetivo era criar alta acessibilidade, transformando a computação em facility: assim como serviços telefônicos e elétricos, seria possível ter acesso a espaços e recursos computacionais flexíveis.
O que há 50 anos parecia revolucionário - e até hoje nos surpreende -   é o propulsor de um ciclo de crescimento. À medida em que migrar para a nuvem se mostrou interessante para as grandes empresas, os data centers (que compõem a nuvem) começaram a crescer e a oferecer serviços menos caros – há ganhos de escala, pela otimização do uso dos recursos e por isso Cloud Computing vem se tornando   acessível para empresas de todos os portes.
Mesmo sendo um movimento positivo, diversas empresas têm se visto em uma posição não muito confortável: sabem das oportunidades de negócio que a nuvem traz, mas veem na mudança uma migração complexa. Elas podem ter razão. Chegar até a nuvem não significa fazer uma mera cópia e transposição dos sistemas. Trata-se de repensar toda a sua arquitetura e lógica, o que pode ou não acarretar mudanças radicais no ambiente da empresa.
Para uma ilustração  do que isso significa, basta pensar, por exemplo, que na estrutura fixa a ordem é evitar a redundância de dados para economizar espaço de armazenagem de dados  e processamento. Na nuvem, ao contrário, a redundância  pode ser bem vinda, já que pode resultar em um ganho de agilidade e velocidade de processamento, pois a disponibilidade de espaço para armazenagem não é mais um limitador. São questões operacionais, mas que influenciam diretamente na eficiência da empresa e na arquitetura das aplicações que rodarão na nuvem.
A migração realmente exige cuidados, mas é possível fazer essa transição de forma segura. Migrar para a nuvem implica em uma mudança de paradigma, e essa mudança já está acontecendo independentemente da vontade das empresas. O conjunto de novas possibilidades que essa nova tendência abre para o mundo dos negócios é proporcional à amplitude da transformação por que passa a tecnologia da informação.