quinta-feira, 29 de novembro de 2018

VOCÊ TERIA CORAGEM DE VOAR EM UM AVIÃO FABRICADO EM 1943?


Quando se fala em tecnologia aeronáutica, quase sempre se pensa em modernos caças supersônicos ou em grandes aviões que transportam centenas de passageiros. 

Mas, às vezes, deparamo-nos com verdadeiras peças de museu voadoras: é o caso dos C-47TP da Força Aérea Sul-Africana, que compõem o Esquadrão 35, sediado na Base Aérea de Ysterplaat, nos arredores de Cape Town.

É a única unidade da Força Aérea Sul-Africana dedicada ao Patrulhamento e Reconhecimento Marítimo e que executa também missões de transporte.

Os  bimotores C-47TP  no início da década de 1990 tiveram   tiveram seus motores a pistão trocados por turbinas e seguem voando, apesar de algumas dessas aeronaves já terem quase 80 anos de uso! Como não há dinheiro para novos aviões, o jeito é confiar em Deus e na coragem e habilidade de seus pilotos e mecânicos.  

Mais de dez mil desses aviões foram fabricados entre 1943 e 1945. Vale lembrar que os C-47 tem uma versão civil, os DC-3 que foram muito importantes aqui no Brasil.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

ROMI-ISETTA - O PRIMEIRO CARRO DE PASSEIO FABRICADO NO BRASIL

O Isetta foi um microcarro  produzido nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial. Projetado na Itália, foi construído em diversos países, como  Espanha, Bélgica, França,   Alemanha, Reino Unido e também no Brasil.

Em 9 de abril de 1953 a empresa italiana Iso Automotoveicoli, fabricante de motocicletas e triciclos comerciais, apresentou no salão de Turim um projeto denominado Isetta, que consistia em um automóvel de baixo custo, voltado para a realidade da economia do pós-guerra italiano. Projetado pelo engenheiro aeronáutico Ermenegildo Preti e seu colaborador Pierluigi Raggi, possuía características peculiares, como porta frontal para facilitar o acesso ao interior do veículo, pequenas dimensões, boa dirigibilidade e performance suficiente para a época (máxima de 85 km/h) com um consumo de até 25 km com apenas um litro de gasolina.

Apesar dos evidentes dotes de racionalidade e economia, sua vida na Itália teve curta duração e sua fabricação encerrou-se em 1956.

A Romi, fabricante de máquinas instalada em Santa Bárbara d'Oeste, resolveu produzir o carro aqui. Um dos primeiros passos  foi agendar uma visita à Itália, a fim de negociar um contrato. Em junho de 1955, Américo
Emílio Romi e Carlo Chiti embarcaram num Lockheed Super Constellation rumo à Milão, onde se encontrariam com Renzo Rivolta, o proprietário da Iso. Emílio passou mal durante o voo e, assim que desembarcou em Roma constatou-se um infarto; Carlo Chiti, um projetista italiano muito experiente na área automobilística (ilustração ao lado), incumbiu-se da negociação. 

Chegou-se a um consenso quanto ao direito de licença e aos royalties: 3% sobre o preço de venda de cada unidade. Carlo Chiti revelou, anos depois: "Na verdade, nossa intenção era maior, era convencer a Iso a se associar a nós, investir conosco, montar aqui uma empresa capaz de produzir 50 mil carros por ano. Só que a Iso não tinha recursos: no pós-guerra, as companhias italianas estavam mal de caixa e não podiam investir fora do país, preocupadas em colocar ordem na casa, desarranjada com a guerra. Mas acreditávamos no mercado, no potencial, na marca, e em fabricarmos o primeiro carro brasileiro."

Produzir o Isetta no Brasil era viável, pois sua concepção se encaixava em dois requisitos básicos estabelecidos pela Romi: produção rápida e baixos custos. 

A Iso enviou ao Brasil um piloto de testes, Domenico Stragliotto, que submeteu dois Isettas importados pela Romi a todo tipo de testes de rodagem, para que se estudasse o comportamento e a durabilidade dos componentes do carro nas ruas e estradas brasileiras.

Na Romi, um enorme pavilhão de estrutura metálica e concreto foi construído para se instalarem as linhas de montagem do Romi-Isetta. Ao mesmo tempo, iniciou-se a busca por fornecedores. Em São Paulo, Aldo Magnelli era o proprietário da Tecnogeral, metalúrgica dotada de ferramentaria e estamparia pesada. Contatada pela Romi, a empresa produziria todo o ferramental (estampos) e também se encarregaria de fabricar as carrocerias e chassis. Para isso,  investiu num pavilhão na rua Brigadeiro Tobias, em pleno centro de São Paulo! 

O inovador processo produtivo
acertado entre Romi e Tecnogeral previa a entrega, em Santa Bárbara d'Oeste, das carrocerias já montadas e pintadas. A Romi procederia à montagem dos componentes no chassis, assentando posteriormente a carroceria acabada, reduzindo o tempo de fabricação de cada unidade - a foto ao final do post mostra a linha de montagem. Processos similares foram negociados junto aos demais fornecedores, de modo que o índice de nacionalização do Romi-Isetta atingiria 72% do peso do carro.

O carrinho foi lançado no Brasil em   5 de setembro de 1956;  equipado com um motor de dois tempos, foi o primeiro automóvel de passeio de fato fabricado em território brasileiro. A partir de 1959 o Romi-Isetta passou a ser equipado com um motor de quatro tempos de fabricação BMW.

A estratégia de publicidade adotada pelo fabricante visava a expor o modelo a diferentes públicos: de segundo carro para a família ao estudante universitário. Algumas peças publicitárias foram criadas visando o público feminino, como por exemplo o anúncio que exibia uma mulher saindo de uma gaiola para entrar em um Romi-Isetta, com os dizeres "agora sou livre".

A Romi realmente investiu muito em publicidade: o jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição de 9 de setembro de 1958 publicou o anúncio ao lado, cujo texto dizia: “Venha hoje mesmo buscar o seu Romi-Isetta e pague-o suavemente em prestações mensais. Consome apenas 3,75 litros de gasolina a cada cem quilômetros, o que exige apenas 24 centavos de combustível por quilômetro rodado! Sai mais barato que a passagem de ônibus! Por que, então, não resolver o seu problema de condução diária com um moderno Romi-Isetta 1958? Você se livra das longas esperas na fila, das aglomerações, dos desagradáveis atrasos no horário…sem aumentar a despesa diária! E ainda terá o seu carro para levar a família a passear nos fins de semana…”.

Ao todo, no período de 1956 até 1961, foram fabricadas cerca de três mil unidades no Brasil, muitas das quais ainda hoje permanecem nas mãos de colecionadores - Em 2016 existiam 84 no estado de S. Paulo.







segunda-feira, 26 de novembro de 2018

LADA – TECNOLOGIA QUE NÃO DEIXOU SAUDADE

Tudo começou em 1966, quando foi assinado um acordo entre a Fiat e o governo da União Soviética para a constituição de uma empresa votada à produção de automóveis populares, que foi batizada com o nome de VAZ (Volzhsky Automobilny Zavod ou Fábrica de Automóveis do Volga).
Essa fábrica é agora o terceiro maior complexo automotivo-industrial do mundo e iniciou em 1970 a produção  do Zhiguli ou VAZ 2101, um sedã de quatro portas, que nada mais era que o Fiat 124 feito sob licença da marca italiana.
A VAZ se notabilizou por ser uma fábrica altamente verticalizada, onde praticamente tudo era produzido por ela, de carburadores a vidros. Era uma organização industrial em que eficiência não era a maior preocupação.
Em 1976 foi lançado o Lada 2121, mais conhecido como
O Niva
Niva (que significa “campo” em russo), um jipinho utilitário compacto 4x4 com linhas simples e retas e motor de 1.6 litros a gasolina, e primeiro projeto da montadora russa a não utilizar um modelo da Fiat como base. Rústico e competente, o modelo foi um dos carros mais marcantes já criados pela indústria soviética, tanto que até hoje esse projeto original é produzido, tendo sido exportado para o Brasil.
Outros modelos foram sendo lançados e também exportados para o bloco soviético, onde exigências quanto à qualidade não eram muito grandes; dentre esses, o Lada Samara, primeiro automóvel de tração dianteira produzido pela montadora e que também foi exportado para o Brasil, onde a marca chegou em 1990, logo após a abertura do mercado aos importados.
O Laika
O primeiro carro a chegar foi o já defasado sedã Lada Laika, nome alusivo à raça da cadela Kudriavka, que os soviéticos enviaram ao espaço no Sputnik II, em 3 de novembro de 1957. Porém, o design ultrapassado e a péssima tropicalização dos carros, que não eram adaptados à gasolina com álcool vendida aqui e geravam mau funcionamento e problemas constantes de carburador, decretaram o fim da marca no Brasil, após seis anos, apesar de seu preço baixo – ao começarem a chegar aqui, os Laika custavam o equivalente a US$ 7 mil – era o carro mais barato vendido no país.
Para encerrar, uma curiosidade: a marca Lada foi adotada pela AvtoVAZ apenas para exportação. No mercado interno russo os automóveis são comercializados com a marca Zhiguli, cuja pronúncia semelhante a  “gigolô” poderia prejudicar as exportações...




terça-feira, 20 de novembro de 2018

MAIS UM ESPAÇO OCUPADO: ROBÔS APRESENTARÃO TELEJORNAIS

Em breve os chineses poderão ver apresentadores virtuais  nos noticiários da TV, inclusive imitando expressões faciais e trejeitos humanos durante a leitura das notícias.
Desenvolvido pela agência de notícias estatal Xinhua e pela empresa de tecnologia Sogou, o robô que apresenta  telejornais foi apresentado na Conferência Mundial da Internet recentemente acontecida em Wuzhen, no leste da China.
Inspirado no jornalista chinês Qiu Hao, o robô "veste" um terno preto e gravata vermelha - a imagem ao lado mostra o robô e o jornalista. Ele faz parte de um grande esforço da China para avançar em tecnologia de inteligência artificial.
Em outro vídeo da Xinhua, o robô disse que era seu “primeiro dia” na agência de notícias e prometeu “trabalhar incansavelmente para manter o público informado" - o "apresentador" pode ficar no ar ininterruptamente.
Os apresentadores virtuais têm uma aparência bastante realista. Eles piscam e erguem as sobrancelhas quando falam. Sua boca se move em sincronia com as palavras. Mas são facilmente distinguíveis de uma pessoa real, pois suas expressões faciais ainda são limitadas. A voz soa metálica, sem nuances de entonação, mas eles certamente serão aperfeiçoados
Restam poucas dúvidas de que a tecnologia evoluirá e a fronteira entre realidade e artificialidade será cada vez mais sutil. Com o uso de outro tipo de tecnologia, seres virtuais como a cantora japonesa Hatsune Miku já se tornaram estrelas no mundo artístico.
A equipe de marketing da Sogou disse no evento que não está claro quando a tecnologia realmente entrará em uso, mas multidões se reuniram para tirar fotos com o apresentador digital e com o próprio Qiu, que estava no evento..

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

GRAFENO PODE AJUDAR A DEVOLVER A VISÃO A MILHÕES DE PESSOAS


Na mitologia grega, Theia era a deusa da luz e da visão. 

Agora dá nome a um projeto que vem sendo desenvolvido pelo   Barcelona Institute of Science and Technology (BIST); trata-se de um implante de grafeno que pretende minorar os problemas vividos por deficientes visuais parciais ou totais (cegos). 

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 253 milhões de pessoas com incapacidade visual, 36 das quais são completamente cegas. Apesar de a OMS assegurar que 80% dos casos poderiam ser evitados ou curados, o número de pessoas cegas poderá continuar a aumentar até alcançar 115 milhões em 2050.


Assim, torna-se urgente tomar medidas; neste contexto, a proposta do projeto THEIA é uma das mais interessantes e revolucionárias. Seria desenvolvido um implante de grafeno a ser colocado em contacto com a retina para estimular os neurônios ganglionares (responsáveis por levar os impulsos ao cérebro), através de uma série de elétrodos. 

Em breve serão iniciados testes com  porcos, pois os seus olhos são muito semelhantes fisiologicamente ao olho humano.

Apesar de as pesquisas apresentarem resultados encorajadores, acredita-se que nos próximos 10 ou 15 anos este dispositivo ainda não possa ainda ser distribuído comercialmente, mas o seu potencial é grande, pois o envelhecimento da população nos países ocidentais provoca o aumento da degeneração ocular. 

Projetos como o THEIA são necessários para atenuar o sofrimento que a perda de um sentido pode provocar. Sem dúvida, esta é uma das grandes missões da ciência na busca de um mundo melhor, como mostra o vídeo acerca do projeto disponível aqui.

A Universidade Presbiteriana Mackenzie também tem um centro voltado às pesquisas sobre o grafeno, o Mackgraphe (foto ao lado). 

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

DEEP FAKES - OUTRA PRAGA CHEGANDO À VIDA DIÁRIA

O portal Olhar Digital traz uma matéria assustadora: vídeos falsificados com auxílio de inteligência Artificial. Se as fake news já são um problema sério, aumentado pelas redes sociais, imaginem quando vídeos falsos começarem a ser divulgados. 
Assistam ao vídeo que está aqui. Pois é, pode parecer difícil de acreditar, mas quem está falando  não é Barack Obama. Trata-se de um  ator, cuja imagem  foi capturada por uma câmera comum. O vídeo passou por um sistema de inteligência artificial que transformou as expressões do ator no rosto de Barack Obama. A voz foi tratada por um software que é capaz de transformar a voz de praticamente qualquer um em outra voz. O resultado é incrível... e assustador.
A verdade é que a partir do momento em que realmente não pudermos mais acreditar nos nossos olhos, estaremos em maus lençóis. Já imaginaram a quantidade de mentiras e trapaças que podem se espalhar pelas redes sociais? Se as pessoas já acreditam hoje em mensagens em texto, a chance delas serem enganadas por um vídeo é muito maior – afinal, todo nós crescemos acreditando que se há um registro em vídeo, é por que o fato é real, Pois é, já não dá para pensar assim...

terça-feira, 30 de outubro de 2018

PONTE HONG KONG – ZUHAI - MACAU, O ESTADO DA ARTE EM TECNOLOGIA

A aglomeração urbana do Delta do Rio das Pérolas é considerada a maior megacidade do mundo (67 milhões de pessoas) e é um dos motores da economia chinesa.

Num dos extremos do Delta, está Hong Kong; no outro, Macau e Zhuhai, as três mais importantes cidades do sul da China. Nas últimas décadas a região experimentou um extraordinário crescimento econômico e tornou-se um dos principais centros comerciais e industriais do mundo. 

Segundo especialistas, a experiência internacional mostra que uma das chaves para a exploração das oportunidades econômicas deve ser uma cooperação mais estreita entre as cidades - foi isso que determinou a  construção da Ponte Hong Kong- Zuhai- Macau.

Custou  US$ 20 bilhões; com 55 quilômetros, sua construção consumiu 400 mil toneladas de aço, quantidade suficiente para erguer mais de 60 torres Eiffel. Foi usado cimento suficiente para construir 22 edifícios Chrysler, em Nova Iorque, que tem cerca de 320 metros de altura e durante algum tempo foi o mais alto do mundo. 

A estrutura tem três seções de pontes e um túnel sob o mar - para permitir a passagem de navios, uma seção de 6,7 km é formada pelo túnel e duas ilhas artificiais - a foto ao lado mostra a entrada do túnel em uma dessas ilhas.

Os responsáveis garantem que ela resiste a ventos de até 340 km/hora e foi projetada para durar pelo menos 120 anos.

Com seis faixas de rolagem (três em cada sentido), a velocidade máxima é de 100 km/hora. As obras começaram em 15 de dezembro de 2009, e a estrutura principal foi concluída em 7 de julho de 2017. 

A construção não é cem por cento chinesa: trabalharam nela profissionais do Reino Unido, Japão e pelo menos 11 outros países - 18 deles  morreram durante a obra.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

FORMICA É MARCA, VOCÊ SABIA?

Poucas pessoas sabem que a fórmica, aquele material utilizado para revestir móveis, pisos e paredes, na verdade é uma marca – laminados plásticos existem de diversas marcas, produzidos por diversas empresas, mas a fórmica original existe há mais de cem anos.

Em 1912,   Daniel J. O’Conor e   Helbert A. Faber, funcionários da  Westinghouse Eletric, começaram a pesquisar e desenvolver um material que substituísse a mica, usada na época em instalações e isolamentos elétricos,  principalmente nos ferros de passar roupa. Utilizando material celulósico (papel) impregnado com resina fenólica, submetido à alta pressão e temperatura, eles criaram um novo produto: o substrato fenólico. Em 1913,  saíram da Westinghouse, patenteram o produto, registraram-no com a marca FORMICA, e fundaram sua própria empresa com a ajuda financeira do advogado e banqueiro John G. Tomlin. O novo produto foi batizado como FORMICA por ter sido concebido para ser usado no lugar da mica (“substitute for mica”).

O material foi amplamente utilizado como isolante  durante a 1ª Guerra Mundial,  ao final da qual a empresa desenvolveu a resina melamínica, cuja união com o substrato fenólico resultou no laminado decorativo como hoje o conhecemos.

Durante a Segunda Guerra Mundial mundial a empresa fabricou hélices de avião de madeira revestidas em plástico. Após a Guerra,  se especializou  na produção de laminados decorativos. Nessa época,  a marca FORMICA  chegou ao Brasil. Em 2007, a empresa foi comprada por US$ 700 milhões pelo grupo Fletcher Building Group, da Nova Zelândia.

A empresa investe muito em pesquisa, lançando constantemente novos produtos, que além da beleza e do design moderno,  são resistentes à riscos e  manchas, são fáceis de limpar, inibem a proliferação de fungos e bactérias, são antialérgicos, duráveis, suportam a umidade e as altas temperaturas.

A empresa (www.formica.com) tem seus produtos vendidos em quase todo o mundo. É um exemplo vivo de como uma tecnologia, desenvolvida para um determinado fim, acaba gerando produtos utilizados em áreas totalmente diferentes.  

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Mark I, Aiken e Hopper: pioneiros


Howard Hathaway Aiken (1900-1973) concluiu seu doutorado em Física em 1939, na Universidade de Harvard.

Já nessa época, Aiken acreditava ser possível a construção de uma máquina que pudesse rapidamente fazer os cálculos necessários em sua área, especialmente equações diferenciais, liberando os pesquisadores de trabalho repetitivo. Aiken sabia que, pelo porte da máquina em que pensava, precisaria do auxílio de uma empresa; procurou inicialmente a Monroe Calculator Company, à época um importante fabricante de calculadoras mecânicas, mas que não se interessou pela ideia.

A seguir, após alterar seu projeto inicial, Aiken procurou a IBM, cujo principal produto à época era um sistema que processava cartões perfurados, um descendente direto das máquinas concebidas por Herman Hollerith. O projeto de Aiken interessou à IBM, pois utilizava diversos componentes dos sistemas já produzidos por ela; uma equipe formada por pessoal de Harvard e da IBM começou a trabalhar na máquina, que foi chamada MARK I e apresentada aos professores de Harvard em dezembro de 1943.

O Mark I era enorme: tinha quase vinte metros de comprimento e três de altura, sendo composto por cerca de 760.000 peças, ligadas entre si por 800 km
de cabos e pesava 4,5 toneladas – segundo testemunhas, quando em funcionamento emitia um ruído parecido com o de uma sala cheia de mulheres tricotando. Era também uma máquina muito confiável, no sentido de apresentar poucos problemas técnicos.

As instruções eram carregadas em fita de papel e os dados em cartões, perfurados; as saídas eram geradas em máquinas de telex e cartões perfurados. Podia processar números com até 23 dígitos, executava as quatro operações e tinha sub-rotinas para operações logarítmicas e trigonométricas.

Um dos membros mais importantes da equipe de Aiken era a matemática Grace Hopper (1906-1992). Grace atuou muito
tempo na área de computação, estando entre outras coisas, envolvida na criação do FORTRAN e do COBOL; foi tão importante nessa área que, a Marinha dos Estados Unidos , da qual era oficial, deu seu nome a um navio (Grace chegou ao posto de Almirante).

Apesar disso, o que tornou Grace conhecida entre o público leigo foi o fato de que, quando trabalhava com o Mark I, ter removido do interior da máquina um inseto que havia feito com que a mesma parasse – foi a primeira pessoa a, literalmente, ‘debugar’ um computador.

Quando o Mark I ia ser oficialmente inaugurado, em agosto de 1944, Harvard liberou um press release acerca do assunto dando todo o crédito pela construção a Aiken. Thomas J. Watson, o principal executivo da IBM, ficou furioso, ameaçando boicotar a inauguração e projetos futuros; a turma do ‘deixa disso’ entrou em ação e a inauguração ocorreu, mas ficaram sequelas: Aiken e Watson nunca mais se falaram; anos mais tarde, Aiken recusou tornar-se consultor da IBM, função que lhe fora oferecida por Thomas J. Watson Jr., que passara a ocupar o lugar que fora do pai.

Grace e Aiken utilizaram o Mark I para produzir tabelas para a artilharia, muito usadas no final da 2ª Guerra Mundial; a máquina permaneceu em uso até 1959, quando foi substituída por equipamento mais moderno.

Aiken supervisionou a construção dos Mark II, III e IV em Harvard até se aposentar; Grace permaneceu no serviço ativo da marinha até quase os 80 anos, quando se tornou consultora da Digital (um importante fabricante de computadores), cargo que ocupou até sua morte.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

TECNOLOGIA COM UM TOQUE RETRÔ: BIKES ELÉTRICAS

Às vezes, um simples olhar diferente sobre o que já existe gera inovação.   É o que fez Andrew Davidge um americano que sempre  sempre curtiu design e passear de bicicleta em sua cidade natal de Los Gatos, na Califórnia. A partir desse olhar diferente, desenvolveu um projeto que uniu a tecnologia das bicicletas elétricas  ao charme das bikes americanas dos anos 50. Construiu uma bicicleta como um trabalho escolar,  ainda no ensino médio, que foi um sucesso: pessoas começaram a perguntar como poderiam ter uma igual e ai decidiu  começar a fabricar para outros - isso aconteceu em 2013.
Assim nasceu a Vintage Electric, que hoje tem quase 50 funcionários e entrega algumas centenas de bikes novas por ano - há   fila de espera. O que começou na garagem de casa mudou para um galpão pequeno e hoje ocupa um espaço maior no Silicon Valley, berço das startups dos EUA.

A linha de Bikes da Vintage Electric conta com 5 modelos: a mais barata é a Cafe (foto à esquerda), com preço inicial de US$ 3.995 (cerca de R$ 16,5 mil, mais impostos); A mais cara é a Tracker S, à direita, que começa em US$ 6.995 (em torno de R$ 30 mil). Além da exclusividade da personalização, o desempenho pode ser equivalente a algumas motos de entrada,
A velocidade dos modelos básicos vai até 30 km/h no modo normal, mas pode chegar a 57 km/h se a chave “Sport” for acionada. A bateria tem autonomia de até 65 km (ou 120 km no modo econômico). Para carregar totalmente, as bikes precisam ficar 3,5 horas na tomada. Mas a bateria pode ser retirada para que o dono possa carregar dentro de casa ou no escritório.
Segundo Davidge, essa  é uma forma para que as pessoas tenham um pouco de sensação de aventura em suas vidas enquanto fazem suas atividades diárias - há um vídeo com um pouco mais sobre o assunto.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

GITHUB PUBLICA RANKING DAS LINGUAGENS DE PROGRAMAÇÃO

O Github, uma plataforma que permite hospedar, editar e controlar software e é usado por programadores do mundo inteiro, acaba de publicar seu relatório anual com o ranking das linguagens mais populares em 2018, como faz desde 2014. A plataforma se assemelha a uma rede social que permite comentar, seguir e contribuir com milhares de projetos que estão na plataforma.

O relatório leva em conta as linguagens com maior número de contribuições, maior nível de utilização por empresas de todos os tamanhos e que contam com usuários espalhados pelo mundo - o quadro ao lado mostra a evolução do ranking. A startup dona da plataforma, que reúne mais de 3 milhões de programadores e mais de 2 milhões de empresas, é líder no segmento e consta que está prestes a ser adquirida pela Microsoft por US$ 7,5 bilhões (cerca de R$28 bilhões). 

Segundo o relatório, as dez linguagens mais populares são:


10 – Ruby

Ruby é uma linguagem de programação dinâmica e de código aberto. Usada em aplicativos como Twitch, SoundCloud, Hulu, Zendesk, Square e o próprio Github.

9 – C

Criada em 1972, C é uma linguagem antiga e base para outras linguagens muito usadas, como Java e PHP.  

8 – Shell

Popular entre administradores de sistemas, os scripts criados em Shell podem manipular arquivos, executar programas etc.

7 – TypeScript

Conhecido como o “JavaScript com superpoderes" por suportar aplicações em larga escala, a linguagem foi criada pela Microsoft e vem crescendo em popularidade.

6 – C#

Também desenvolvida pela empresa de Bill Gates, o C# é semelhante ao Java e muito usado em softwares para empresas.

5 – C++

Criada no fim dos anos 1970, foi amplamente usada para ensinar programação a iniciantes e é a base de muitos sistemas operacionais, navegadores e jogos.

4 – PHP

Grandes sites, como Facebook e Yahoo, foram criados com esta linguagem, usada para construir páginas dinâmicas e interativas na web. Atualmente, tem sido criticada por falhas e inconsistência em sua sintaxe e por geralmente ficar abaixo em comparações com outras linguagens que têm o mesmo propósito.

3 – Python

Usada em funções de alto nível, como análise de dados e machine learning, a linguagem também serve a iniciantes em programação, pois sua escrita é bastante simples.  

2 – Java

Java é usado em bancos de dados, aplicativos para Android ou desktop e tem diversas outras aplicações. É imensamente popular, considerado uma das maneiras mais estáveis ​​e confiáveis ​​de construir grandes sistemas.

1 – JavaScript

Desde o primeiro relatório feito pelo Github, em 2014, JavaScript é a linguagem com mais contribuições, pois está presente em grande parte da web, sendo usada para construir sites, plugins e formulários. 

sábado, 13 de outubro de 2018

VOO COMERCIAL MAIS LONGO DO MUNDO ATERRISSA EM NEWARK

O voo comercial mais longo do mundo chegou nesta sexta-feira, 12, ao aeroporto de Newark, em New Jersey, após quase 18 horas de viagem a partir de Cingapura. De acordo com o portal do aeroporto, o voo SQ22 aterrissou às 5h29 local (6h29 de Brasília), após ter decolado às 23h37 de Cingapura, após 17h52 de voo - a previsão inicial era de 18h25 de voo. A aeronave transportou 161 passageiros: 67 na classe executiva e 94 na "econômica premium" - não há classe econômica e muitos dos passageiros desembarcaram kusando os souvenires que receberam: bonés, camisetas, chaveiros etc.

Com este voo, a Singapore Airlines recupera o primeiro lugar no ranking das empresas que fazem as viagens mais longas. O voo tirou do primeiro lugar o 921 da Qatar Airways entre Auckland e Doha, de aproximadamente 18 horas. No entanto, esta não é a primeira vez que a companhia aérea fez essa rota, que já existiu há nove anos antes de abandoná-la em 2013, quando os preços do petróleo acabaram com sua rentabilidade.

Dois pilotos e dois copilotos se revezaram no comando do Airbus A350-900 ULR (ultra longo alcance), que percorreu 16,7 mil quilômetros entre a cidade-Estado do sudeste asiático e os EUA. A tripulação, com 13 auxiliares de cabine, trabalhou em turnos para que todos tenham as quatro horas de descanso mínimo regulamentar.

O tempo de voo é um desafio para os passageiros que puderam recorrer a um catálogo de filmes e programas de televisão com uma duração acumulada de 1,2 mil horas, o equivalente a sete semanas. O menu a bordo contou com pratos selecionados para que os clientes se sentissem à vontade no voo.

Para melhorar a experiência de voo e reduzir a tensão de uma viagem de quase um dia, o avião tem um teto mais elevado que o habitual, janelas mais amplas e uma iluminação LED especial que altera as cores com o objetivo de reduzir o "jetlag" e os efeitos da mudança de horário provocados por uma viagem intercontinental.

A Airbus entregou seu primeiro A350-900 ULR a Singapore Airlines em setembro. O avião da série A350 (longa distância) amplia seu percurso de 8.100 milhas náuticas (aproximadamente 15.000 km e 16 horas de voo) a 9.700 milhas náuticas (quase 18.000 km e até 20 horas de voo) graças a uma otimização do sistema de combustível que permite gastar 25% menos.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

UM GRANDE ESCÂNDALO DE ESPIONAGEM OU UMA GRANDE BARRIGA?

A última edição da  Bloomberg Businessweek traz uma história que, se confirmada, deve trazer enorme impacto ao mundo da computação. 
Segundo a revista, três grandes companhias, a Amazon, a Apple e uma das maiores companhias americanas de telecomunicações estavam sendo espionadas. Isso era feita por um chip instalado clandestinamente em servidores utilizados pelas empresas; esses servidores são fabricados pela Supermicro, uma empresa americana de propriedade de chineses, que também ocupam os principais cargos executivos e de engenharia na empresa.
A existência do chip, que não constava do projeto original das máquinas, teria sido descoberto durante uma auditoria de segurança feita pela Amazon; o   problema localizado pelos consultores da Amazon estava na placa mãe dos servidores, uma placa montada na China com componentes produzidos por diversos fabricantes.
Segundo a Bloomberg Businessweek, o chip transmitia dados processados pelo servidor a outra máquina instalada na China e a Amazon, tão logo fez a descoberta, comunicou o caso ao FBI. A Amazon, não surpreendentemente, nega tudo. 
Se a história for verdadeira, estamos todos diante de uma encruzilhada: o que fazer, já que praticamente todo o hardware utilizado no mundo é fabricado com componentes chineses ou por companhias controladas por chineses?
Vamos aguardar os próximos capítulos. Seria o maior escândalo de espionagem digital da história ou uma grande barriga? Em jornalismo, barriga é a publicação de um fato falso, por falta de checagem, sem a intenção de enganar o leitor.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

CARROS ELÉTRICOS E HÍBRIDOS GANHAM ESPAÇO NO PRÓXIMO SALÃO DO AUTOMÓVEL

Carros híbridos e elétricos ainda têm participação muito pequena no mercado brasileiro: neste ano, até setembro, 0,2% ou 2.754 unidades foram vendidas no Brasil, em um total de 1,78 milhão de automóveis. 

Modelos híbridos e elétricos, contudo, começam a aparecer nas ruas brasileiras e estarão na 30.ª edição do Salão do Automóvel de São Paulo, no próximo mês.
i3

Twizy
Mais de 20 automóveis de variadas marcas estão confirmados para a mostra, que ocorrerá entre os dias 8 e 18 de novembro no São Paulo Expo. Alguns poderão ser dirigidos pelos visitantes em área reservada para testes, entre os quais o BMW i3 e o i8 e Renault Twizy e o Zoe. No primeiro dia do evento haverá uma carreata pela cidade com cerca de 30 carros movidos a eletricidade.

Um empurrão ao mercado de híbridos (com um motor elétrico e um a combustão) e 100% elétricos será dado a partir do próximo mês, com a entrada em vigor da nova tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados. O IPI para híbridos vai variar de 7% a 20% e, para elétricos, de 7% a 18%, dependendo da eficiência energética e do peso do carro - hoje o IPI é de 25%. A medida deve aumentar a oferta de modelos menos poluentes ou totalmente limpos no País, mas parece não ser suficiente para promover uma massificação. 

Bolt
Leaf
Ainda assim, quase todas as montadoras devem mostrar no salão modelos importados que já estão à venda ou que serão lançados até o próximo ano. A General Motors apresentará o Bolt, compacto 100% elétrico com autonomia de 400 quilômetros, e a Nissan o novo Leaf, ambos para início de vendas em 2019.

Dos 2.754 veículos “verdes” vendidos neste ano, apenas 158 são elétricos e os demais são híbridos. Em igual período de 2017 foram vendidos 2.352 veículos, sendo 111 elétricos e os outros híbridos.

Deve-se observar que, no mundo todo, a venda de modelos puramente elétricos ainda é pequena pois, além do custo elevado, é preciso infraestrutura para abastecimento. Já as vendas de híbridos crescem mais rapidamente e o mesmo deve ocorrer no Brasil, mas no longo prazo. 

Prius
Niro
A BMW levará ao salão três híbridos plug in, o i3 e o i8 – com preços entre R$ 200 e R$ 800 mil -, e uma novidade ainda não revelada. Já a Toyota trará o inédito Prius Híbrido Flex, que usa etanol no lugar da gasolina para gerar eletricidade. O carro foi testado em percurso de São Paulo a Brasília e agora passa por adaptações. A Lexus, marca de luxo do grupo, vai mostrar o NX 300, que custa R$ 220 mil. A Audi terá quatro híbridos no estande (A6, A7, A8 e Q8), a Ford duas versões do Fusion, a Kia três (Soul EV, Optima e Niro) e a Volkswagen o Golf GTE.