Um dos
livros mais utilizados para o ensino do latim, era o “C. Ivli Caesaris Commentariorvm
De Bello Gallico“, ou “Comentários de Caio Júlio César sobre as Guerras na
Gália”, mais conhecido entre nós alunos (sim, eu era um deles), como “De Bello Gallico”; esse Júlio César era o próprio, o
imperador Romano.

Mais do que guerras tratavam-se de revoltas mais ou menos localizadas,
ora de alguns povos contra os Romanos, ora entre povos da área, com os Romanos
apoiando um dos lados, ora contra os “bárbaros”.
Em um de seus capítulos, o livro
narra que alguns bárbaros cruzaram o Reno e atacaram povoados gauleses aliados dos Romanos, e
estes, comandados pessoalmente por César, que estava na região, resolveram
retaliar, atravessando o rio e procurando dar um exemplo aos atacantes.
Mas a ideia não é discutir o latim ou as guerras, mas sim
alguma coisa que ao ler o “De Bello Gallico” (desta vez em inglês, pois meu
latim nunca foi suficiente para enfrentar o original) me impressionou: alguém
consegue dizer em quanto tempo se construiu a dita ponte? Algumas centenas de
metros de comprimento, mais a barreira de troncos, num rio profundo, por onde
hoje navegam grandes navios e tecnologia de dois mil anos atras. Provavelmente só lendo o livro: do momento em que
se decidiu a construção até o cruzamento do rio (houve necessidade de cortar as
árvores, preparar as tábuas para o piso, etc.) passaram-se exatamente dez (isso
mesmo, dez) dias – dias e não semanas ou meses, e sem serras elétricas,
tratores, guindastes, software para gerenciamento de projetos, etc!
Hoje, na vida empresarial, ao
tomarmos conhecimento dos prazos que nos são pedidos, especialmente para o
desenvolvimento de projetos envolvendo Tecnologia da Informação, frequentemente
ficamos chocados. Obviamente não se
pretende construir uma ponte sobre o Reno
em dez dias, mas certamente uma análise mais fria dos cronogramas,
eliminando tarefas não essenciais, aperfeiçoando processos, checando os prazos,
etc., pode gerar grande economia de tempo e dinheiro, mantendo-nos competitivos
e permitindo-nos aproveitar melhor as “janelas de mercado” que se nos oferecem.
Cabe lembrar o mote: KISS – “Keep It
Simple, Stupid”, ou correr o risco de quando a ponte ficar pronta, já não ser
mais necessário cruzar o rio....
E a contribuição do Prof. Laércio Cruvinel, lembrando-nos o mote da forma que poderia ter sido colocado pelos romanos: custodiunt illud simplex, stultus.