segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

GURGEL: TECNOLOGIA AUTOMOTIVA BRASILEIRA


A Gurgel, mais importante indústria nacional de automóveis, foi fundada em   setembro de 1969 em Rio Claro, interior paulista,  com capital de cerca de US$ 50 mil, pelo engenheiro  João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, que sonhava com um carro genuinamente brasileiro.
O primeiro modelo foi o Ipanema, um bug de   linhas  modernas, com chassi, motor e suspensão Volkswagen.   Com  seis funcionários, produzia  quatro unidades por mês. Gurgel batizava seus carros com nomes  brasileiros, homenageando   nossas tribos. Em 1973 lançou o Xavante, que seria seu principal produto – chamava-se no início   X10,   era um jipe. Sobre o capô dianteiro chamava atenção a presença do estepe.  
A Gurgel foi o primeiro exportador na categoria carros especiais em 1977 e 1978 e o segundo em produção e faturamento nestes dois anos - 25% da produção seguia para fora do Brasil. Eram fabricados 10 carros por dia, sendo o X12 o principal produto. Em 1980 a linha era composta de 10 modelos - todos podiam ser fornecidos com motores a gasolina ou álcool.
O X12
Faziam parte da linha, entre outros,  o X12 TR com teto rígido, o jipe comum com capota de lona (que era a versão mais barata do X12),  o X12 RM (teto rígido e meia capota) e a versão X12 M, militar. Este, exclusivo das Forças Armadas, já vinha na cor-padrão do Exército, com  acessórios específicos. No ano de 1984, a Gurgel lançava o jipe Carajás; as versões eram TL (teto de lona), TR (teto rígido) e MM (militar). Versões especiais ambulância e furgão também existiram.
Além dos utilitários, Gurgel sonhava com um minicarro econômico, barato e 100% brasileiro para os centros urbanos. Em 1985  apresentou à FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos a idéia do CENA, ou Carro Econômico Nacional. A empresa recebeu um financiamento  para o desenvolvimento e fabricação de protótipos e da cabeça de série para duas mil unidades/ano. E em 1987, após completar seu desenvolvimento, o novo carrinho urbano, denominado BR-800 (BR de Brasil e 800 representando o volume de deslocamento em seu motor de dois cilindros horizontais contrapostos) foi apresentado ao público oficialmente no desfile de 7 de setembro em Brasília.
O BR-800
Em dezembro de 1989 foi entregue a milésima unidade do  BR-800, que inicialmente, de acordo com a estratégia da empresa, foi vendido apenas para os acionistas da empresa, que eram instados a fornecer sugestões e críticas. Com isso, a Gurgel criou a maior frota de testes do mundo, com mais de 5.000 veículos rodando nas mãos de seus sócios.
Apesar de beneficiado por uma redução de impostos,  o BR-800 não fez sucesso por muito tempo. No início dos anos 90 a empresa já não ia tão bem; precisava de empréstimos  para investimentos e projetos. Em 1990, o surgimento do Uno Mille, seguido por outros modelos da mesma faixa,  maiores e mais rápidos que o  Gurgel, criou incômoda concorrência, pois tinham quase o mesmo preço. Uma evolução, o Supermíni, veio em 1992 - tinha um estilo  moderno, medindo 3,19 m de comprimento, era ainda o menor carro fabricado aqui, mas não consegui reverter a situação da empresa. Atolada em dívidas e enfraquecida pela concorrência das multinacionais, a Gurgel pediu concordata em junho de 1993 e acabou fechando as portas no final de 1994.