quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

PARKER 51 - UM OBJETO DE DESEJO




Na atualidade quase tudo o que escrevemos é escrito com a ajuda de um computador, tablet ou smartphone. Mas no passado, o mais sofisticado instrumento de escrita disponível era a   Parker 51 – muitos especialistas consideram-na a melhor caneta tinteiro de todos os tempos.

Lançada nos Estados Unidos em 1941, após um longo período de pesquisa e desenvolvimento, teve sua produção praticamente paralisada em função da entrada do país na guerra. Apesar disso, a Parker continuou anunciando-a, o que criou uma demanda imensa que demorou anos a ser atendida após a fábrica voltar a produzi-la normalmente no final da guerra. 

Aqui no Brasil, a empresa anunciava na revista “O Cruzeiro”, dizendo que em breve a caneta passaria a ser vendida em nosso país. Meu pai ganhou uma de minha mãe como presente de formatura no final dos anos 1940 – ninguém podia usa-la além dele, até que um de seus funcionários roubou-a nos anos 1970. Para consola-lo, dei a ele uma  51 Mark II, fabricada no Brasil, mas que nem de longe se aproximava da original – a Parker teve uma fábrica em São Paulo que operou de 1959 até o início dos anos 1990.

A caneta recebeu o nome “51” como referência ao 51º aniversário da empresa, que aconteceu em 1939, ano em que o produto teve seu desenvolvimento concluído – dar esse nome à caneta inclusive resolveu um problema de marketing, que seria traduzir o nome em outros idiomas. 

De perfil, a caneta tinha alguma semelhança com o caça americano Mustang P-51, o mais avançado caça americano utilizado extensivamente na guerra. O nome “51” nada tinha a ver com o avião, mas a Parker explorou a semelhança em suas campanhas publicitárias.

Além de meu pai, inúmeras celebridades foram usuárias da “51”: Einstein, Churchill, Nelson Rockfeller, Margaret Thatcher, Lyndon Johnson, John   Kennedy,   Lee Iacocca.  Ernest Hemingway, o General Eisenhower (que usou a sua para aceitar a rendição dos alemães)   e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que utilizou uma “51”  de ouro, que pertencera a  Getúlio Vargas, para assinar o termo de posse de seu segundo mandato em janeiro de 1999. Com pequenas alterações a caneta permaneceu em linha até 1972, tendo em 2002 a Parker lançado uma edição comemorativa destinada a colecionadores. 

Aqui no Brasil,  joalheiros do Rio de Janeiro produziam corpos e tampas em ouro maciço, destinadas aos usuários mais abastados – essas versões, chamadas “carioquinhas”, são muito disputadas por colecionadores; abaixo, uma delas.