sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

SUSTENTABILIDADE: INDÚSTRIA 4.0 IMPULSIONA A RECICLAGEM DO AÇO

O portal Exame.com publicou matéria dando conta de que cerca de 30% de todo o aço produzido no Brasil é feito a partir de sucata - no mundo, mais da metade da produção deve sair da sucata até 2050.

Já consolidado no Brasil, o processo de reciclagem do aço ganhou um impulso extra com o inovador conceito de indústria 4.0, que permite às empresas desenvolver técnicas modernas de reaproveitamento, gerando benefícios econômicos e sociais.

O conceito de indústria 4.0 nasceu na Alemanha, em 2011, e marca o início da quarta revolução industrial. A união do conceito de Internet das Coisas com a digitalização industrial traz inteligência à manufatura e abre um universo de possibilidades para diferentes tipos de indústrias. Máquinas interconectadas trocam comandos entre si, armazenam dados na nuvem, identificam defeitos e fazem correções praticamente sem precisar de intervenção humana.

Os processos de reciclagem começam a se beneficiar com o uso de tecnologias móveis e de inteligência artificial, que devem revolucionar o processo de reciclagem ao redor do mundo. 

Já sistemas de monitoramento e diagnóstico online ajudam a antecipar falhas nos equipamentos, o que aumenta a produtividade e reduz os custos do processo de produção do aço. “Os sistemas inteligentes devem ser usados em massa nas indústrias em até dez anos”, afirma Rodolpho Simas, gerente de sustentabilidade da área de assessoria de riscos da consultoria Deloitte.

Sistemas inteligentes podem impulsionar a reciclagem do aço e inserir essa indústria na chamada economia circular. A ideia é seguir o processo cíclico da natureza, em que restos de frutas consumidas por animais, por exemplo, se decompõem e viram adubo para as plantas. Para a sociedade, é importante que os impactos causados pelo ser humano ao meio ambiente sejam minimizados. Isso pode ser feito com a circulação mantida por mais tempo dos recursos extraídos da natureza.

Segundo Fernando Pessanha, diretor de matérias-primas da Gerdau, produtos que usam aço, como geladeiras e automóveis, são desmontados e regenerados, no lugar de serem simplesmente descartados. “Isso é possível porque o aço é infinitamente reciclável. Assim, qualquer que seja o formato final do produto de aço, a sua sucata pode ser transformada inúmeras vezes em um novo aço, sem perder a qualidade. 

Mais qualidade de vida

Não são apenas as empresas que lucram com processos produtivos inteligentes. O planeta também agradece. A indústria 4.0 contribui para diminuir a extração de
materiais não renováveis, como a bauxita, fundamental para a produção de alumínio. “De todos os sistemas de reciclagem, o que está com mais força econômica é o do metal, devido à dificuldade de obter o produto na
natureza”, afirma Rosani Novaes, professora do curso de engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie de Campinas.

A reciclagem também reduz o volume de lixo depositado em locais inapropriados e minimiza a emissão de gases formadores do efeito estufa, como o gás carbônico (CO2). “A indústria brasileira do aço já dispõe de painéis que monitoram os níveis de emissões de combustíveis fósseis”, diz Simas, da Deloitte. Assim, se um equipamento poluir acima do limite permitido, ele é automaticamente bloqueado, até que seja feita uma manutenção.

A melhoria nos processos de reciclagem traz ainda benefícios para a população, ao ampliar a demanda por coleta seletiva nas cidades. Com o surgimento de novas iniciativas que educam sobre a separação adequada do lixo e a estimulam, aumenta o número de cidadãos que são conscientizados e convidados a mudar de hábitos. “O processo de coleta feito hoje é praticamente artesanal”, afirma a professora Rosani. “Cada morador consciente faz a separação do lixo. E mesmo que a coleta seja municipal, não acontece em todos os bairros.” O indivíduo é o protagonista o tempo todo nesse processo, pois é com ele que a reciclagem se inicia. 

Raul Prado (à esquerda), recebendo seu prêmio
Alias, o Mackenzie tem tradição em preocupações com sustentabilidade: o aluno Raul Prado, da Faculdade de Computação e Informática foi recentemente um dos vencedores do Hackathon Mais de Sustentabilidade, desenvolvendo um aplicativo de apoio à coleta seletiva.

Iniciativas que unem a sustentabilidade ao ritmo tecnológico do mundo moderno devem crescer nos próximos anos, dando um novo recomeço aos resíduos que antes acabavam no lixo. A economia lucra com o fim do desperdício, e o meio ambiente também.