Pesquisadores das áreas de engenharia de
computação e inteligência artificial do MIT estão desenvolvendo tecnologia que se espera seja mais eficiente das que hoje estão disponíveis para o diagnóstico precoce do adenocarcinoma ductal pancreático (ADP), um tumor maligno que afeta o pâncreas.
O ADP representa
cerca de 80% dos tumores malignos que atacam o órgão e é um dos tipos de câncer com maior taxa de
mortalidade em todo o mundo: representa 2% de todos os tipos de neoplasia e
responde por 4% de todos os óbitos decorrentes de doença maligna.
O tratamento mais
efetivo para o ADP é cirúrgico, mas para que ele seja eficaz, o tumor deve
estar em estágio inicial. Porém, na grande maioria dos pacientes ele só é diagnosticado em fase avançada,
comumente quando já há metástase; em 80% dos casos, o ADP é diagnosticado tarde
demais. Atualmente, apenas uma em cada 10 pessoas diagnosticadas com câncer no
pâncreas sobrevive mais do que cinco anos.
Os pesquisadores criaram dois algoritmos de aprendizado de
máquina, que foram combinados para criar uma rede neural chamada PRISM, ao que
tudo indica capaz de detectar o ADP mais cedo e de forma mais eficiente que os
métodos atuais.
Embora o uso de inteligência artificial no campo de
diagnósticos não seja algo totalmente novo, a PRISM do MIT se destaca pela
forma como foi desenvolvida; a rede neural foi treinada com o uso de mais
de 5 milhões de registros de saúde eletrônicos de pacientes.
Ele usa dados pessoais do paciente, inclusive seu estilo de
vida, além de dados clínicos e laboratoriais coletados rotineiramente. O
tamanho da base de dados que treinou a rede neural e a
diversidade da população americana permitem que a PRISM tenha uma eficiência
maior em relação a outras tecnologias.
O projeto PRISM começou há cerca de seis anos e apesar de
sua aparente eficiência, a tecnologia ainda não pode ser utilizada de forma
massiva, estando no momento restrita aos laboratórios do MIT e a pacientes
americanos selecionados – os desafios logísticos para expandir seu uso são
grandes. Além disso, a PRISM, para se tornar ainda mais eficiente, precisará
receber dados sobre outras populações.
O desenvolvimento contínuo de modelos de inteligência artificial
que podem prever a probabilidade e diagnosticar esse e outros tipos de câncer
mais precocemente não apenas melhorará os resultados para os pacientes, mas
também aliviará a carga de trabalho dos profissionais médicos.
O uso de inteligência artificial em diagnósticos parece
estar na ordem do dia, a ponto de despertar o interesse de empresas como a IBM,
que tem trabalhado em tecnologia capaz de detectar câncer de mama um ano antes
de que este se manifeste de forma evidente.