Os jornalistas Thais Villaça e Thiago Lasco, de O Estado de S. Paulo, publicaram interessante matéria acerca da
incorporação de mais tecnologia aos automóveis.
Em seu texto, lembram que quem assistiu a filmes como “O Vingador do
Futuro” (1990), “Minority Report” (2002) e “Eu, Robô” (2004) teve uma boa amostra
de como diretores e roteiristas imaginavam que ocorreria a integração do
automóvel com o motorista e com a infraestrutura das cidades – e grande parte dessas tecnologias hollywoodianas
está mais próxima do que se pensa.
As montadoras vêm desenvolvendo vários recursos para tornar os veículos
cada vez mais
conectados entre si e com o entorno por onde rodam. Radares,
câmeras, modems e aparelhos de GPS de alta precisão entram em cena para que o
funcionamento dessas tecnologias seja preciso. Sistemas como o controle de
cruzeiro adaptativo, que acelera e freia o carro conforme a programação feita
pelo condutor, os faróis adaptativos, que mudam a intensidade da iluminação de
acordo com as condições da via e para não ofuscar quem trafega no sentido
oposto, e os leitores de sinalização já são uma realidade presente em alguns
modelos mais modernos – e caros.
Além da integração com o ambiente, os carros podem ainda ter conexão de
internet sem fio, fruto de acordos com as operadoras de telefonia celular. Essa
solução permite não só baixar as músicas preferidas no disco rígido do veículo,
mas também fotos, vídeos e aplicativos que facilitem a vida do motorista.
A Volvo, por exemplo, criou em parceria com a Ericsson um sistema
chamado Volvo Cloud, no qual uma “nuvem” de memória virtual armazena todas as
informações baixadas pelo motorista, como estações de rádio online preferidas,
serviços de mapas e aplicativos de informação de trânsito em tempo real. Esses dados
podem ser, inclusive, transferidos para um novo veículo.
Com a internet, surge ainda a possibilidade de os carros se integrarem
uns aos outros. Usando Wi-Fi, o
automóvel procura outros veículos que também tenham conexão de internet. É
preciso, então, pedir uma “permissão” ao outro motorista para se conectar e
trocar informações como as condições climáticas do percurso, o estado da pista
e a ocorrência de algum acidente à frente. “Se o carro da frente aciona o
sistema de tração, o de trás automaticamente recebe um aviso de que a pista
está escorregadia”, explica Jorge Mussi, diretor de pós-venda da Volvo.
O recurso também facilita a circulação de carros de polícia, bombeiros e
ambulâncias, já que os motoristas, avisados minutos antes sobre o trajeto feito
por eles, teriam condições de abrir passagem.
Boa parte dessas tecnologias marca presença apenas em modelos topo de
linha, em razão dos altos custos envolvidos. Mas a Ford está dando um primeiro
passo para incorporá-las a carros mais acessíveis. A nova geração do compacto
Ka traz um sistema que avisa o Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)
em caso de acidente. A partir da ativação dos air bags ou do corte da bomba de
combustível, um celular aciona a central e uma antena de GPS envia as
coordenadas de localização do veículo.
Com todas essas tecnologias integradas, o carro já tem condições de
rodar sozinho, mas há entraves jurídicos que podem dificultar esse
processo. “A responsabilidade por um acidente não pode ficar toda nas mãos
da montadora. O ser humano ainda não desenvolveu um sistema inteligente, que
pense sozinho. Os softwares só executam as tarefas para as quais foram
programados”, diz o consultor técnico da Audi, Lothar Werninghaus.
Já a posição da Volvo é diferente. “Não só acreditamos no carro
autônomo, como o nosso já está pronto. Em 2017 teremos 100 unidades rodando
pela Suécia”, adianta Mussi.
Há algo mais a acrescentar em termos de segurança: hackers poderiam
invadir esses carros, quer literalmente, quer alterando sua programação,
podendo até chegar-se a situações em que poderiam ocorrer acidentes graves.
Talvez seja o momento de refletira acerca de até que ponto valeria a
pena incorporar novas tecnologias – a ilustração abaixo nos dá uma ideia acerca
de como toda essa tecnologia pode funcionar.