O sistema IBM Watson tem
como objetivo potencializar o uso do conhecimento humano, armazenando-o em
computadores e, usando técnicas de inteligência artificial, fornecendo
respostas a questões objetivas, propondo linhas de ação para a solução de
problemas, etc. São exemplos clássicos de sua possível utilização o auxílio a
médicos no processo de diagnóstico e a avaliação de riscos em processos de
contratação de seguros.
A IBM tem procurado
incentivar pesquisas para incentivar seu uso em inúmeros campos, bem como
estimulado a comunidade acadêmica a explora-lo – a Faculdade de Computação e
Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie está trabalhando nesse
sentido.
Para darmos uma ideia das inúmeras
possibilidades de uso dessa tecnologia, basta lembrar artigo recentemente
publicado pelo Estadão, tratando de seu uso na culinária: foi lançado o livro “Cognitive
Cooking with Chef Watson”, um livro com receitas criadas pelo Watson e vendido pela Amazon por US$ 20.25. Como
ainda estamos em fase inicial do uso do sistema, as receitas geradas foram testadas
pelo Institute of Culinary Education (NY). Algumas combinações são estranhas,
como o burrito austríaco de carne e chocolate. E isso se explica pelas
habilidades do chef Watson: ele tem enorme capacidade de compreender e
relacionar informações. E geralmente surpreende.
O pessoal da IBM o alimentou
com mais de 30 mil receitas, além de tabelas com a composição molecular dos
ingredientes. Isso permite que ele consiga calcular o resultado da combinação
de sabores. É a similaridade de compostos de sabor que determina a combinação
dos ingredientes - quanto mais compostos de sabor em comum, melhor
funcionam em receitas – por exemplo, morango e abacaxi têm compostos em comum e
o abacaxi também divide um composto com os cogumelos. Assim o chef Watson vai
montando suas receitas.
Além do livro, as receitas podem ser geradas
por meio de um aplicativo gratuito. O funcionamento é semelhante, mas neste
caso, o banco de dados básico é menor – são 10 mil receitas da revista
americana “Bon Appétit”. O usuário digita o nome dos ingredientes que quer usar
(e os que não quer). Escolhe também tipo de prato e a origem do mesmo – Itália,
por exemplo. Um ícone indica o quanto os ingredientes possuem em comum. Além
dos compostos de sabor, Watson leva em conta a frequência com que ingredientes
aparecem juntos. Quanto mais incomum a combinação, maior será a “surpresa”. Um
strudel pode levar cereja e nozes ou cranberry e gergelim, por exemplo.
Segundo a IBM, o Watson pode criar um
quintilhão de receitas; um quintilhão é o número 1 seguido de 18 zeros – muito
mais do que qualquer um de nós cozinhará na vida – poderíamos usar o aplicativo
todos os dias sem nunca encontrar uma receita idêntica.
Mas as receitas criadas pelo chef Watson
podem não dar certo. O próprio aplicativo adverte: “Lembre-se de que Chef
Watson come informação, não comida de verdade”. Humanos podem se beneficiar de
suas instruções para descobrir novas maneiras de usar ingredientes. Mas o
veredito depende de nossas papilas gustativas.
O Chef Watson pode ser acessado através de conta do
Facebook ou da IBM – a partir dai, basta seguir as instruções; por enquanto, o
Watson não fala português.
É divertido usa-lo, mas há
uma sugestão: salve as receitas geradas, pois em uma próxima rodada, a receita
gerada poderá ser diferente, a menos que entremos com as informações exatamente
da mesma maneira – por enquanto, Watson é apenas um sistema de computador...