Tenho me perguntado com frequência se o PC ainda tem muito tempo de vida. Essa questão não é nada original – milhões de profissionais da área de Tecnologia da Informação devem estar se fazendo a mesma pergunta; alguns acreditam que sim (como eu), outros que não e outros ainda não tem uma resposta.
A dúvida surge em função das inovações na computação pessoal que se concentram em Smartphones e Tablets, cujas vendas tem crescido violentamente. Deve-se registrar, porém, que foram vendidos cerca de 300 milhões de PCs em 2010 e que há previsões de que esse número chegue a 330 milhões em 2011, contra 200 milhões de tablets a serem vendidos em 2014, segundo previsões do Gartner Group. Quando se pensa em PC, quase sempre sempre se pensa em Microsoft, e esta também teve um ano de 2010 muito bom, vendendo muito Windows e produtos ligados a ele (embora a empresa venha encontrando dificuldades em outras áreas)
Mas uma coisa é certa: o oba-oba em torno dos Tablets e Smartphones é enorme; pessoas usam-nos para se mostrar atualizadas (conheço o diretor de uma multinacional que usa seu Smartphone só como telefone – e é responsável pela área de TI dessa empresa), outros fazem o possível para os promoverem em função de seus interesses comerciais, procurando vender equipamento, software, serviços, cursos, consultoria etc., etc.
Já o PC, coitado, virou uma espécie de patinho feito, uma máquina como outra qualquer – nos últimos tempos, nessa área só houve excitação quando foi lançado o MacBook Air da Apple, uma máquina potente, extremamente portátil e cara, ao menos para o consumidor brasileiro.
Mas voltando à questão inicial: o PC ainda tem muito tempo de vida? Acredito que para que cheguemos a uma resposta relativamente segura, precisamos considerar que existem dois grandes grupos de usuários desses equipamentos todos: os consumidores e os produtores de conteúdo.
Os consumidores de conteúdo são aqueles que usualmente acessam a Internet, principalmente para consultas, leitura, troca de emails e diversão. Para esses os Smartphones e Tablets sem dúvida são uma grande solução; são muito portáteis (leves, pequenos), podem se usados em ambientes com pouca luz, foram desenhados para serem multifuncionais, etc. O número de usuários com esse perfil cresce rapidamente: o Pew Research Center observou que 59% dos americanos acessaram a Internet através de celulares em 2010, contra 25% em 2009 – esse ritmo acelerado de crescimento deve continuar, inclusive fora dos Estados Unidos, o que contribui para elevar o interesse por Smartphones e Tablets.
Já os produtores de conteúdo são aqueles que regularmente geram textos, imagens e sons – desde um aluno escrevendo um trabalho até um economista criando grandes planilhas, um engenheiro desenvolvendo projetos, um videomaker e um desenvolvedor de games gerando seus produtos.
Para esses, os Smartphones e Tablets não são ferramentas adequadas, não só por restrições em termos de capacidade de processamento e armazenagem, mas, principalmente, por questões ergométricas, telas e teclados pequenos, principalmente.
É verdade que os PCs podem se modificar, transformando-se em thin clients operando em ambiente cloud computing, mas certamente ainda continuarão tendo a cara atual, com telas grandes, teclados e mouses.
Tim Bajarin escreveu recentemente um texto acerca do assunto para a revista Wired, que ele encerra com a afirmação "the news of the PC's death is premature", parafraseando o grande escritor americano Mark Twain (1835-1910, na foto), que teria dito “the news of my death is premature" (as notícias acerca de minha morte são prematuras).
Quem viver, verá.