Na década de 1980 popularizou-se a idéia de que computadores ligados em rede, correio eletrônico, software para workflow e um sem número de outros recursos em breve baniriam o papel dos escritórios.
Toda essa tecnologia está disponível, porém o que se observa é exatamente o oposto: o consumo de papel para impressão vem aumentando constantemente, tendo quase dobrado nos últimos 10 anos, segundo a Forest Products Association, entidade que congrega os fabricantes do produto no Canadá, país que é o maior exportador de papel para escritório. A HP estima que cada funcionário de escritório gere 125 quilos de papel impresso a cada ano.
E por que isso está acontecendo? Porque o desenvolvimento da tecnologia não foi acompanhado pela mudança de nossos hábitos: documentos em mídia digital são criados facilmente e em maior número e constantemente “baixados” para o papel, as impressoras laser e jato de tinta estão cada vez mais baratas etc.
Além disso, há outras boas razões para que documentos sejam impressos: pesquisas indicam que as pessoas retêm 30% a mais do que lêem em papel do que lendo telas de computador; é mais fácil fazer anotações e comparar textos impressos; a resolução dos textos impressos ainda é muito melhor que daqueles em tela; há o temor que arquivos magnéticos se deteriorem, fazendo com que seu conteúdo seja perdido etc.
Mas no longo prazo esse cenário pode mudar: jovens chegando aos escritórios tendem a abandonar comportamentos como os que mencionamos acima, e deverão “confiar” mais na mídia digital, e conseqüentemente, gerarão menos documentos em papel. Porém, assim como o cinema não matou o teatro, a TV abalou mas não destruiu o cinema e o rádio não foi substituído pela TV, pode-se acreditar que por muitos e muitos anos a mídia impressa continuará sendo importante.
Mas há que se considerar o impacto da produção de papel na natureza e consequentemente, deve-se pensar numa forma de minimizar esse impacto. Uma idéia surgiu recentmente, a Eco Printer, que foi a vencedora da edição do ano passado do Eco 2010 Red Dot Design Concept, prêmio destinado a idéias inovadoras em termos de design e idéias para novos produtos.
Desenvolvida pela designer Sharsha Lee para a empresa Liteon Technology Corp, a Eco Printer é uma impressora que utiliza uma tinta especial composta por materiais fotográficos que desaparecem quando submetidos à radiação ultravioleta (UV) – a idéia é que essa impressora seja alimentada com papel já impresso pelo mesmo processo e que a máquina apague o que foi impresso anteriormente antes da nova impressão.
A idéia é interessante, mas é necessário aguardar para ver se vai gerar um produto comercialmente viável: os custos envolvidos e os interesses da indústria podem tanto matar a idéia como transforma-la num grande sucesso.