terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Afeganistão: roupa de baixo blindada!

 

Nas duas primeiras guerras mundiais, a maior parte das baixas  devia-se a fogo de artilharia e metralhadoras. No Vietnã, minas e outras armadilhas explosivas  foram responsáveis por cerca de 11% das baixas americanas. No Iraque e no Afeganistão, essas são as armas mais letais, e com uma novidade: a maioria delas é detonada por controle remoto, sendo utilizados como acionadores equipamentos como telefones celulares e aparelhos de controle remoto de uso doméstico, aqueles que acionam TVs, portões eletrônicos, etc. Para neutralizar esses acionadores, os americanos estão instalando em seus veículos equipamentos que interferem nos sinais emitidos por esses aparelhos, impedindo assim as explosões.

 

Apesar de, ao que parece, os americanos e seus aliados ainda não terem percebido  que é impossível ganhar essa guerra, a busca por mais segurança aos soldados, prossegue: a BBC noticiou recentemente que a peça mais recente do kit de tecnologia que será oferecido às tropas britânicas que servem na província de Helmand, no Afeganistão, são as cuecas blindadas. O nome pode parecer irreverente ou desapropriado, ainda mais porque as soldados também as usarão, mas o objetivo de seu uso é muito sério: evitar lesões na região pélvica, causadas pelas explosões de bombas que são colocadas nas estradas pelos talibãs.

 

A preocupação dos soldados com ferimentos nessa parte do corpo não é nova: na 2ª Guerra Mundial pilotos costumavam  colocar placas de metal sob a almofada de seus assentos - o Exército Brasileiro, que está iniciando um processo de revitalização de seus helicópteros AS350 Esquilo, substituirá os assentos convencionais da tripulação por assentos blindados. Os militares ingleses que estão partindo  para Helmand receberam quatro cuecas/calcinhas anti-explosivos. Parecem shorts de ciclista, mas são feitas de um material balístico especial composto de seda e fibras sintéticas que – apesar de ultra-leve – pode deter ou reduzir os efeitos das pequenas partículas que viajam a grande velocidade depois de uma explosão. 

 

Como as bombas são plantadas nas estradas e normalmente acionadas quando veículos ou soldados estão sobre elas,   muitos dos feridos por bombas no Afeganistão sofreram lesões graves na região pélvica, pois boa parte   da força da onda destrutiva se dirige para cima, até a virilha e a parte superior da perna. Cerca de 45 mil peças já foram entregues no Afeganistão, junto a outras 15 mil que estão prontas e serão divididas entre as tropas. Espera-se que no começo de 2011, o fabricante entregue um pedido no valor de 9,3 milhões de dólares. 

 

Uma segunda "capa" de proteção adicional às cuecas de combate, também distribuída aos soldados, vem em cores de camuflagem. É amarrada nas pernas e usada sobre as calças. Podem ser enroladas e presas a uma correia na parte de trás da calça, com velcro, ou – quando os soldados saem em patrulha – podem ser estendidas nas pernas e presas dos lados para formar uma bolsa de proteção. Em seu interior, há uma camada de proteção adicional. 

 

Quando as forças britânicas se encontram em patrulha ou estão fora das principais bases no Afeganistão, levam coletes à prova de bala para proteger áreas vitais como o pulmão, coração, fígado e rins, assim como um capacete e lentes que protegem a cabeça e os olhos. No entanto, artérias importantes estão localizadas na área da virilha, propensa ao suor, e por isso a roupa íntima a prova de explosões teve de ser feita com materiais que permitissem a circulação e não causassem desconforto.

 

Fontes da área de defesa britância dizem que  muitos fatores devem ser levados em conta na criação de materiais como esse, mencionando que a seda pode parecer um material extravagante, mas em termos de proteção é muito eficiente, especialmente quando atua em conjunto com determinadas fibras sintéticas; lembram também que chineses e japoneses   usam   seda para blindagem corporal há pelo menos mil anos.

 

A guerra é algo realmente triste. Inocentes pagam a maior parte da conta. Nossa esperança é que a tecnologia   possa ao menos contribuir para minorar os sofrimentos das vítimas e tornar melhor a vida dos sobreviventes.