Em meados de
agosto realizou-se em São Paulo a “Conferência sobre Arquitetura de Aplicações,
Desenvolvimento e Integração em TI”, organizada
pelo grupo Gartner, instituição que pesquisa a área de tecnologia da
informação e telecomunicações.
No evento
ficou claro que o mundo vive o que o especialista na área, Ethewaldo Siqueira,
chama de “era pós-PC”, tempos marcados
pela mobilidade e pelo uso crescente de dispositivos móveis, como tablets e
smartphones. As mudanças que vivemos são
resultado da ação de quatro forças que atuam ao mesmo tempo no cenário
de TI: mobilidade, redes sociais, computação em nuvem e internet.
Ethewaldo Siqueira |
O Grupo
Gartner diz que essas forças funcionam
como quatro alavancas, cada uma com seu papel: o papel da mobilidade, por
exemplo, é ampliar as possibilidades de acesso às pessoas. As redes sociais,
por sua vez, estimulam novos comportamentos e novas aspirações. A computação em
nuvem nos dá novas formas de entrega ou de obtenção de serviços e aplicações. E
a informação universalizada pela internet fornece novos contextos às empresas e
às pessoas.
Em passado
recente, essas quatro forças atuavam quase isoladamente. Atualmente elas
convergem e atuam em conjunto, com grande sinergia, exigindo novas soluções
tecnológicas. Isso não significa, necessariamente, que o desktop
ou o laptop tenham morrido. Nem que estejam em vias de desaparecer no curto
prazo. O computador pessoal, embora tenha perdido a hegemonia do passado e a
maior parte do espaço que ocupava nas empresas, ainda deverá ter seu lugar nas
empresas por muito tempo. O fato extraordinário é que dele nasce uma longa
cadeia de subprodutos e dispositivos móveis.
Na era pós-PC,
o número de dispositivos móveis nas empresas passa a ser muito maior do que o
de desktops. E, em 2015, essa proporção será ainda mais desequilibrada. Segundo
preveem os especialistas, para cada PC (desktops ou laptops), haverá quatro
dispositivos móveis (tablets ou smartphones) nas corporações.
Um problema
sério para muitas empresas é não compreender a importância da mobilidade nem o
significado da mudança de paradigmas. Embora a mobilidade nas comunicações
tenha praticamente começado com o celular há mais de 30 anos, a grande
convergência de tecnologias é bem mais recente.
O mais
surpreendente nessa evolução é comprovar os poderosos recursos acrescentados às
redes, bem como a cada dispositivo, que se transforma em poderoso terminal de
comunicação e de computação, graças à microeletrônica, à banda larga, à multiplicidade
de interfaces, à computação em nuvem, à internet e às redes sociais. Mas torna,
também, o novo ecossistema muito mais complexo.
“O lançamento
do iPhone, há cinco anos, marca uma mudança rumo a um futuro dominado pelos
dispositivos móveis. Smartphones e tablets deixam, então, de ser simples
ferramentas de comunicação para se transformar em plataformas de aplicações e
de acesso a informações”, disse David
Smith, executivo do Gartner Group.
Na visão desse
profissional, as mudanças ocorridas com a mobilidade no comportamento humano
vieram para ficar. “As pessoas já não executam programas apenas em desktops e
notebooks, mas, sim, em dispositivos móveis, que acompanham o usuário onde ele
estiver e quando necessitar. Essa revolução da mobilidade cria um novo
ecossistema e, daqui para frente, são os dispositivos móveis que vão reinar.”
Smartphones e
tablets assumem, então, com vantagens, a função que era dos desktops e laptops
na maioria dos serviços e aplicações, não apenas para atender às necessidades
do usuário individual, mas, em especial, como ferramentas essenciais à
computação corporativa.
Nesse novo
cenário, dizem os especialistas, empresas de TI e corporações em geral devem
mudar de estratégia, aprimorar suas aplicações e interfaces para responder ao
grande crescimento da demanda por novos canais, como transação entre empresas
(B2B ou business-to-business), entre empresa e empregados (B2E ou
business-to-employees) e entre empresa e consumidor (B2C ou
business-to-consumer).
Com a
universalização da comunicação móvel, torna-se conveniente, em muitos casos,
que os empregados tragam para o trabalho seus equipamentos de uso pessoal,
estratégia conhecida como BYOD (Bring
Your Own Device), tema que tratamos recentemente. Mas é essencial que esses
dispositivos móveis estejam sempre tecnologicamente atualizados e que haja
sintonia com as políticas de segurança da empresa .
Um dos maiores
avanços que a tecnologia oferece nos últimos anos e que revoluciona os
dispositivos móveis é a interface muito mais amigável e intuitiva proporcionada
pelas telas de toque (touchscreen) e pelo comando por gestos, característica
principal do game Wii.
Além disso, a
relação homem-máquina é enriquecida pelos canais de áudio e vídeo. Imaginemos o valor que assumem a cada dia os comandos de
voz nas buscas e ações das aplicações. Por sua vez, o emergente canal de vídeo
começa a viabilizar o reconhecimento facial e de gestos.
Cabe, então,
às empresas acompanhar de perto os avanços que ocorrem a cada dia nas novas
técnicas de interface de usuário (como toque, áudio, vídeo, gestos, busca,
social e contexto) e criar um novo caminho para o futuro.