A análise de 1,8 milhão de tweets publicados entre julho de 2014 e setembro de 2017 revelou que robôs e perfis falsos baseados em território russo usam o Twitter para diminuir a confiança da população em campanhas de imunização em massa, especialmente difundindo inverdades.
Nos Estados Unidos, principal alvo das notícias falsas, 93% do conteúdo disponível sobre o assunto na rede social contém afirmações hostis à vacinação ou links perigosos – tudo produzido sob medida para combater as campanhas de imunização, que são essenciais para a saúde pública.
São produzidos posts que associam a vacinação a questões polêmicas, como preconceito de classe (a elite recebe vacinas mais puras que as pessoas comuns), sociedades secretas (não tome vacinas, os Illuminati estão por trás delas) e religião (eu não acredito em vacinas, eu acredito na vontade de Deus).
Os tweets não necessariamente se opõem à prática: alguns zombam dos conspiradores, sempre de maneira ofensiva (não dá para consertar estupidez, deixe que eles morram de sarampo. Eu apoio a vacinação!) - a ideia parece ser dar a entender que há debate acerca do assunto.
Pais desinformados geralmente recorrem à internet para sanar dúvidas sobre a vacinação de seus filhos – e acabam sendo expostos a tantas mentiras que podem acabar pensando que não há consenso cientifico sobre a prática.
Aqui mesmo no Brasil, a fraca adesão a campanhas de vacinação contra a pólio e o sarampo, por exemplo, já está ajudando a volta do sarampo ao nosso país, doença que era dada como erradicada por aqui. Pela primeira vez em 16 anos, todas as vacinas indicadas a menores de um ano no Brasil ficaram abaixo da meta do Ministério da Saúde, que prevê imunização de 95% deste público. A maioria tem agora índices entre 70,7% e 83,9% —a exceção é a BCG, ofertada nas maternidades, com 91,4%. Os dados são do PNI (Programa Nacional de Imunizações).
Temos que tomar muito cuidado com tudo isso e buscar esclarecer aqueles que nos cercam a respeito da importância da vacinação. A infectologista Letícia Lastória, da UNESP- Botucatu falou sobre o assunto à Rádio 9 de Julho - vale a pena ouvir.