Em 23 de dezembro de 1947 foi feita a primeira demonstração do uso do transistor, a invenção que abriu as portas para o mundo digital em que hoje vivemos.
Muitos consideram o transistor como a mais importante invenção do século XX; ele foi desenvolvido para substituir as válvulas e relês em equipamentos como rádios, televisores, radares e outros.
As válvulas e relês eram grandes, pouco confiáveis e consumiam muita energia, o que levou a AT&T, já uma empresa de muito grande porte, a iniciar pesquisas buscando alternativas - essas pesquisas foram conduzidas pelos Laboratórios Bell, o braço técnico-científico da AT&T.
Shockley, Bardeen e Brattain |
Desde fins da década de 1930, William Shockley, um físico que trabalhava para os Bell Labs, vinha conduzindo estudos teóricos a respeito, porém não conseguiu produzir um modelo que funcionasse. Visando resolver esse problema, os pesquisadores John Bardeen e Walter Brattain juntaram-se a Shockley, continuando a trabalhar no assunto, tendo finalmente chegado a um protótipo cujo desempenho foi julgado razoável e que foi naquela data apresentado aos dirigentes dos Bell Labs.
O protótipo foi sendo aperfeiçoado até que em 30 de junho de 1948, o transistor foi oficialmente apresentado à imprensa; Shockley, Bardeen e Brattain dividiram o o Premio Nobel de Física de 1956 por seu invento.
Em 1959, acontece outro salto tecnológico: surge o circuito integrado, associando diferentes componentes: transistores, capacitores, resistores e indutores. São considerados seus inventores Jack Kilby e Robert Noyce.
Em 1971 surgia o primeiro chip: era o Intel 4004, projetado por uma equipe chefiada pelos cientistas Federico Faggin, Ted Hoff e Masatoshi Shima - os dois primeiros da Intel e o último da Busicom, depois Zilog. O 4004 foi sucedido em 1974 pelo Intel 8080, que foi utilizado nos primeiros microcomputadores (Sinclair, Apple, Commodore, TRS etc.), calculadoras e dezenas de outros dispositivos e equipamentos eletrônicos.
O 4004 tinha apenas 2.300 transistores, número absolutamente ridículo diante dos superchips de mais de 5 bilhões de transistores de que se fala atualmente. Dentre esses superchips estão os da geração Core, os i3, i5 e i7 da Intel, projetados para fazerem processamento paralelo, e que serão especialmente úteis nesta época em que as pessoas estão utilizando cada vez mais imagens, para o que é necessária maior capacidade de processamento. Cada vez menores e mais rápidos, esses superchips consomem menos energia e são os responsáveis pela geração de imagens 3D cada vez mais perfeitas, pela beleza e realismo dos novos videogames, pela popularização do reconhecimento biométrico através de leitura de impressões digitais, da íris, da voz e da fisionomia e pelos novos recursos que vêm sendo incorporados aos smartphones.
Com sua extraordinária capacidade de processamento os novos superchips oferecem à indústria recursos cada dia mais poderosos para laptops, desktops, smartphones, televisores e videogames.
Em artigo publicado recentemente, o jornalista Ethevaldo Siqueira diz ter perguntado a especialistas em microeletrônica como serão os chips do futuro e obtido respostas variadas, mas com alguns pontos em comum: o número de transistores poderá chegar a centenas de bilhões, suas funções se tornarão cada vez mais complexas e seu consumo de energia cada vez menor. Confirmando-se essas previsões, continuaremos a assistir ao surgimento de computadores e outros gadgets cada vez mais poderosos, velozes e baratos, que por essas razões estarão cada vez mais presentes em nossa vida diária.
E gênio é gênio: Bardeen passou em 1951 a ensinar na University of Illinois e em 1972 divididiu um segundo Prêmio Nobel, desta vez por trabalhos relativos a supercondutividade, é uma característica de certos materiais, que, quando se esfriam a temperaturas extremamente baixas, podem conduzir corrente elétrica sem resistência nem perdas.