O anúncio,
acompanhado de uma projeção de queda dos lucros no próximo ano, revela o
paradoxo vivido por grandes companhias de tecnologia: de um lado, a promessa de
ganhos bilionários em função da inovação e aumento da produtividade; de outro,
o impacto na vida de milhares de profissionais que serão substituídos por
algoritmos.
Enrique
Lores, presidente-executivo da HP, fala que a empresa vive uma “oportunidade
significativa” para acelerar a inovação e melhorar a satisfação dos clientes.
Mas a mensagem implícita é dura: equipes de desenvolvimento, operações e
atendimento ao consumidor serão reduzidas para abrir espaço a máquinas que não
pedem férias, não adoecem e não reivindicam direitos.
A National
Foundation for Educational Research, ONG britânica voltada à pesquisa em
educação, alerta que até 3 milhões de empregos de baixa/média qualificação
podem desaparecer até 2035 naquele país, e diz que o anúncio da HP não é um
caso isolado. Escritórios de advocacia, consultorias e fintechs já seguem o
mesmo caminho, citando a IA como justificativa para cortes. A narrativa é
sempre semelhante: menos pessoas, mais tecnologia, maior eficiência, maior
lucro.
A questão que
se impõe é se a sociedade está preparada para absorver esse impacto. A promessa
de inovação não pode ser dissociada da responsabilidade social. Empresas como
HP, Dell e Acer enfrentam não apenas o desafio de custos crescentes em termos
de hardware e infraestrutura, mas também o desafio ético de como conduzir uma
transição que não deixe milhões de pessoas à margem.
O futuro, ao
que tudo indica, será inevitavelmente moldado pela inteligência artificial. Mas
o ritmo dessa mudança, acelerado por pressões do mercado e dos acionistas,
coloca em xeque a capacidade de governos, sindicatos e instituições
educacionais oferecerem alternativas reais para quem perde espaço.
Apesar das
projeções não tão boas para o próximo ano, a HP teve excelentes resultados
financeiros no último trimestre, melhores que os esperados, e vê os PCs com
recursos de IA representarem mais de 30% de suas vendas.
O dado é
positivo para os investidores, mas para a sociedade, é um lembrete de que o
avanço tecnológico, sem políticas de proteção e requalificação, significa
progresso para uns e exclusão para muitos.
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