Tendemos a acreditar que potências militares utilizam
tecnologias muito avançadas, mas isso nem sempre é verdade, como mostra o caso
do navio Kommuna, que entrou em operação em 1915 e segue sendo utilizado pela
marinha da Rússia.
A construção do barco começou em 1912, ano marcado no
ambiente naval pelo naufrágio do Titanic. O Kommuna foi projetado para ser um
tender de submarinos, um tipo de navio que fornece suprimentos e serviços para
submarinos, podendo também ser utilizado em operações de resgate e salvamento.
Inicialmente chamado Volkhov, foi inspirado na embarcação
similar alemã batizada Vulkan – é um catamarã, barco com dois cascos dotado de
estruturas que podiam içar submarinos para fora da água e
acomodá-los entre os cascos para serem reparados.
Em 1922, após a revolução russa, recebeu seu nome atual. O
navio tem 96 metros de comprimento e uma tripulação de 99 pessoas. Quando
totalmente abastecido com suprimentos, dentre os quais 50 toneladas de
combustível, torpedos e tripulação adicional para os submarinos, deslocava
3.100 toneladas; mais tarde passou a operar exclusivamente como navio de
resgaate
Quando os nazistas invadiram a Rússia em 1941, o Kommuna teve
papel importante durante o cerco de Leningrado, que durou 900 dias. Apesar de
sofrer danos consideráveis, conseguiu recuperar tanques, veículos e suprimentos
que haviam afundado com outros navios ou através do gelo. Além disso, atuou em
dezenas de outras operações de resgate ao longo da guerra.
Em 1967 e 1964 passou por reformas, tendo recebido
equipamentos modernos, como submersíveis capazes de mergulhar a grandes profundidades
e de operar de forma remota, continuando a participar de missões de salvamento
de navios e aviões caídos no mar.
Uma dessas missões foi a recuperação de armas, equipamentos
secretos e corpos de marinheiros do Moskva, o mais importante navio de guerra
russo, que em abril de 2022 foi atingido por mísseis ucranianos, incendiando-se
e afundando a seguir.
Mas os russos não estão sozinhos: nossos vizinhos paraguaios
operam o navio de patrulha Capitán Cabral, construído em 1907. Já o Brasil,
ainda utiliza o monitor Parnahyba, construído em 1937 e que opera
principalmente no Pantanal.