terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

O TRÁGICÔMICO CASO DO SUBMARINO U-1206

O U-1206
Às vezes o uso de tecnologia para executar funções de rotina pode ter desdobramentos,  trágicos ou cômicos, dependendo do ponto de vista do observador.

Isso aconteceu com o submarino alemão U-1206,  no mês de abril de 1945. O sub, que  navegava pelas costas da Escócia buscando afundar navios aliados, incorporava diversas inovações tecnológicas.


Schlitt
O U-1206 navegava a cerca de 70 metros de profundidade quando seu comandante, o Kapitänleutnant Karl-Adolf Schlitt precisou utilizar o vaso sanitário, que era de um novo tipo, com válvula de descarga adequada ao uso em grandes profundidades – antes dessa válvula entrar em uso, a descarga só podia ser acionada a profundidades menores que 25 metros, o que gerava grande desconforto à tripulação. 

O comandante não conseguiu acionar a descarga e chamou um marinheiro da manutenção para resolver o problema; este acabou abrindo a válvula errada, o que permitiu que água do mar passasse a entrar no sub através do vaso – a entrada de água foi controlada, mas a água que entrou vazou para o compartimento das baterias  situado logo abaixo do vaso.

A água, em contato com as baterias, gerou cloreto de hidrogênio, um gás de odor  irritante e que quando   exposto ao ar  forma vapores corrosivos de coloração branca, que podem ser fatais ao homem em curto período de tempo. Schlitt fez o barco emergir rapidamente, para fazer com que o vento expulsasse o gás.

Para má sorte dos alemães, o U-1206 estava a apenas 8  milhas da costa, e foi rapidamente descoberto e atacado por um avião britânico; o ataque matou um marinheiro  e danificou o sub que ficou impossibilitado de mergulhar e acabou sendo abandonado e afundado pela tripulação – nesse processo, mais três homens morreram, sendo os demais 46 capturados pelos ingleses.

Talvez a captura tenha sido boa para os marinheiros: durante a guerra, 75% dos submarinos alemães foram afundados e cerca de 30.000 tripulantes perderam a vida.

Assim acabou a primeira (e última)  missão de guerra em que Schlitt comandou um submarino – durou exatamente nove dias...  Mas Schilitt não era tão azarado quanto parece: nascido em 1918 lutou durante toda a guerra, foi ferido na queda de um avião em que morreu o piloto, foi prisioneiro de guerra, mas viveu até  2009.


U-995, idêntico ao U-1206, agora é um museu em Laboe, Alemanha